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Boto-do-Araguaia: recém-descoberto e já ameaçado de extinção

Boto-do-Araguaia: recém-descoberto e já ameaçado de extinção

Descoberto há apenas cinco anos, o Boto-do-Araguaia (Inia araguaiaensis) é uma das oito espécies animais da região da Ilha do Bananal ameaçadas de extinção.

Por Eduardo Pereira

Junto com a Ariranha, o Chororó-do-Araguaia, o Gavião-Real, o Jacu-de-Barriga-Castanha, a Onça-Pintada, o Pato-Corredor e o Pica-Pau-do-Parnaíba, o Boto-do-Araguaia, que possui um repertório acústico complexo e é capaz de emitir 237 sons diferentes, corre o risco de desaparecer nos próximos anos e décadas.

Identificado em 2014 por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), embora apresente muitas semelhanças com o boto cor-de-rosa (Inia Geoffrensis), o Boto-do-Araguaia, única descoberta de uma nova espécie de boto em um século (desde 1918), difere do cor-de-rosa pelo DNA e pelo formato do crânio. Embora sejam vistos na região o tempo todo, até então ninguém havia notado que se tratava de uma espécie diferente de boto.

Estudos indicam que o Boto-do-Araguaia se separou das outras espécies de golfinhos de água doce há mais de dois milhões de anos. Porém, assim como os seus parentes amazônicos, o boto cor-de-rosa (Inia Geoffrensis, também conhecido como boto-vermelho) e o tucuxi (Sotalia fluviatilis), o Boto-do-Araguaia enfrenta a ação e a devastação humana como empecilhos para a sua sobrevivência.

A população da espécie, estimada em no máximo 1.500 animais, vem sendo dizimada pela atividade agropecuária, pela construção das hidrelétricas, e ainda por pescadores comerciais que os matam com tiros ou iscas envenenadas para não disputar com eles os peixes ao longo do rio Araguaia.

Os botos, ou golfinhos de rio, parentes distantes dos golfinhos encontrados nos oceanos, incluídos entres as espécies mais raras do planeta, estão também na chamada “Red List” (Lista Vermelha) da União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN), por seu alto risco de extinção.

Eduardo Pereira – Sociólogo. Produtor Cultural.


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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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