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Aves de rapina na Caatinga: o Gavião-Carijó

Aves de rapina na Caatinga: o Gavião-Carijó

As aves de rapina são conhecidas por suas incríveis habilidades de caça, permitidas devido a algumas peculiaridades que tornam essas aves diferentes das demais, como bico curvo e afiado, garras fortes e afiadas, excelente visão e audição, além de um voo ágil e preciso.

Por Eduardo Henrique

Algumas espécies caçam durante a noite e outras durante o dia; no entanto, o que essas aves realmente possuem em comum é a importância no equilíbrio ecológico nos locais onde vivem. As rapinas atuam como estabilizadoras da população de presas no ecossistema, evitando desequilíbrio ecológico pelo aumento descontrolado de populações de determinados animais.

O gavião-carijó Rupornis magnirostris (Gmelin, 1788), pertence à família Accipitridae, que, de acordo com o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO, 2010), possui 48 espécies distribuídas pelo Brasil. Também é conhecido em algumas regiões como indaié, inajé, gavião-pega-pinto e gavião-pinhel, sendo uma das espécies de aves de rapina presentes na Caatinga.

Esse gavião constrói o ninho com gravetos em árvores altas e durante o período de incubação dos ovos a fêmea é alimentada pelo macho. Sua dieta é baseada em insetos, lagartos, roedores e aves menores, motivo pelo qual muitas vezes é perseguido e afugentado pelos bem-te-vis, que defendem seus filhotes do ataque de predadores, nem sempre com vantagem. Para se ter uma ideia, durante o período de cerca de um mês em que os filhotes do gavião-carijó ficam no ninho, mais de trinta presas podem ser abatidas.

Segundo especialistas, a fragmentação do ambiente natural, a caça e a perseguição são fatores que contribuem para o declínio dessas espécies. Pois, devido ao hábito de caça ativa das aves rapinantes, é comum ocorrerem ataques às criações domésticas de galinhas, ocasionando muitas vezes perseguição por parte dos criadores, que se sentem prejudicados.

Contudo, existem alternativas para se evitar esse tipo de problema, uma delas é a preservação do ambiente onde os gaviões habitam; a outra trata-se da criação de galinhas ou outras aves domésticas em ambiente protegido com tela, podendo ser encontrados diversos modelos que sejam adequados às condições do produtor.

Somado a tudo isso, deve-se sensibilizar as pessoas sobre a importância ecológica dessas espécies rapinantes, principalmente através da troca de conhecimentos.

Eduardo Henrique de Sá Júnior – Estudante de Agronomia na UFRPE, administrador da página Viva Caatinga, fotógrafo da natureza.

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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!


 

 

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