USP retira coágulo de artéria no cérebro e devolve movimentos a vítimas de AVC
Por Redação RPA
Cientistas adjuntos da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto desenvolveram uma técnica eficaz na redução de quase a totalidade das sequelas de vítimas do AVC, como a paralisia facial e a perda de movimentos do corpo.
Conhecido popularmente como cateterismo cerebral, o tratamento basicamente desentope artérias obstruídas do cérebro cerca de 24 horas após os primeiros sintomas. Tal método foi aprovado previamente pela Anvisa.
“Com o tratamento endovascular, às vezes, a gente vê respostas dramáticas. Pacientes que ficariam sequelados pelo resto da vida voltam a andar com esse tratamento. Então, é uma alternativa terapêutica muito interessante”, informou o neurologista Octávio Pontes Neto, da USP.
Octávio diz que o procedimento consiste em “introduzir um microcateter em uma artéria na perna do paciente que avança até a área entupida do cérebro”; neste local, há um coágulo que impede a circulação sanguínea. O microcateter aspira e remove o coágulo com um dispositivo chamado stent, um desobstruidor de vasos.
De acordo com o pesquisador, a técnica é bastante eficiente e pode remover até 80% dos vasos sanguíneos comprometidos, sendo mais eficaz que o atual tratamento convencional, com medicação receitada que dissolve os coágulos formados no cérebro, causadores do AVC.
No entanto, o quão eficiente será o tratamento depende da gravidade da lesão e do tempo em que ocorreu. Octávio explica que quando um AVC ocorre, os neurônios sofrem com a falta de oxigênio e morrem a uma taxa de 1,9 milhão por minuto (um cérebro saudável têm 100 bilhões de neurônios).
Fonte: RPA
Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.
Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.
Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.
Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.
Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.
Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.
Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.
Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.
Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.
Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.
Zezé Weiss
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