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Os amargos do Cerrado

Os amargos do Cerrado

Quando o bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva Filho, o Anhanguera II, descobridor de Goiás, deixou São Paulo com destino ao Brasil Central, no início da década de 1720, ele seguiu com muita gente e pouco alimento. O tropel de 155 homens e os animais de carga teriam que se virar pelo caminho.

Por Jaime Sautchuk

Era o contato do branco recém-chegado com a flora e a fauna do Cerrado, com seu jeito e sabores bem característicos. O alferes Silva Braga, cronista da trupe, após falar de peixes salvadores, relata:

“Achamos também alguns palmitos que se chamam jaguaroba, que comíamos assados, e ainda que seja amargoso, sustenta mais que o mais”.

Ele se referia, claro, ao guariroba, que consegue ser menos amargo do que o camargo, outro palmito, que é retirado de uma palmeirinha que nunca passa de 1m30 de altura. É certo, contudo, que a vontade de comer e a fome sempre foram incentivadores de descobertas dos amargos.

A partir de então, a culinária do Cerrado, em especial a goiana, é salpicada de sabores amargos, muito comuns nas panelas de todas as classes sociais. Algumas dessas plantas são nativas, muitas já usadas pelo indígena que ali habitava. Outras são adotivas, chegadas de todos os cantos, às vezes de muito longe, vindas da África com os escravos ou da Ásia com outros imigrantes.

Guariroba (ou gueroba), camargo, jiló, jurubeba, almeirão, alcachofra, rúcula, chicória, mostarda e pequi são alguns dos mais conhecidos. São parceiros prediletos de arroz, cozidos, galinhadas, saladas, molhos, caldos e paneladas em todo tipo de fogões. No mais das vezes, porém, as misturas não ocorrem por puro gosto, mas por alguma crendice que coloca nas plantas atributos que nem sempre elas têm de verdade.

A explicação mais plausível dos amargos na alimentação vem da medicina popular, em que os remédios amargosos são os que curam mais rapidamente. Não importa se estão entre milhares de plantas nativas do Brasil ou se foram importadas. O boldo-de-Goiás, por exemplo, veio das savanas africanas do Benin e da Nigéria, embora o boldo mais comum seja aquele que nascia nos Andes chilenos.

Vale lembrar, desde logo, que a “amargosa” é uma árvore do Cerrado usada no fabrico de carro-de-boi e é assim chamada não por causa do gosto, mas, sim, pelo fato de os paus dela, como eixo, no andar fazem aquele chiado prolongado, estridente, inacabável.

BIOMA

O Cerrado dos primeiros tempos da ocupação colonial era o mesmo que ainda cobre grande parte do território nacional e tem enorme importância desde muito antes de os portugueses aportarem no que veio a ser o Brasil. Em verdade, num tempo bem mais distante, esse era o bioma predominante nessa vastidão, incluindo o que é hoje a Região Amazônica.

Mesmo assim, ainda em nossos dias é considerado um bioma de segunda classe. Não só pelas pessoas comuns, mas também por setores do centro do poder, de onde vêm as políticas públicas oficiais. Uns, podem não ter usufruído de suas benesses ou não foram informados sobre isso na escola. Os outros, por desinformação adquirida, ou seja, o tipo de literatura em que baseiam seu estudos e planejamentos.

Ao aprovar a atual Constituição Federal, em 1988, por exemplo, a Assembleia Nacional Constituinte determinou a condição de “patrimônio nacional” à Floresta Amazônica, à Mata Atlântica, à Serra do Mar, ao Pantanal Mato-Grossense e à chamada Zona Costeira.

Por vacilo dos parlamentares constituintes, ficaram de fora os biomas do Cerrado e da Caatinga. E assim mesmo, grafados com a letra inicial maiúscula, como se faz com os demais biomas. Foi preciso uma emenda constitucional percorrer longo trajeto e muitos anos para sanar o erro.

Para o cerratense, que herdou dos índios as manhas do manejo do Cerrado, a situação neste início do século 21 é desesperadora. O agronegócio de larga escala despacha suas máquinas, que vão abrindo espaços a uma agricultura extensiva, conflitante com a natureza. Usam até mesmo o arcaico correntão preso a dois tratores para pôr abaixo o que estiver no caminho.

As espécies nativas são derrubadas, muitas vezes queimadas em vastas extensões de terra e desaparecem. Não raro, são plantas que sequer estavam catalogadas pela Botânica. São repetidos erros do passado em favor da ganância somada a um deliberado descaso a tecnologias menos vorazes, sustentáveis.

Em seu livro “O Cerrado em Disputa” (Confea/CREA, 2009), o pesquisador Carlos Eduardo Mazzetto Silva afirma:

“Os povos do Cerrado são herdeiros das antigas culturas indígenas que aprenderam a conviver com o ecossistema. Sua relação com o ambiente segue outra racionalidade, que nos recusamos a valorizar”.

DEVASTAÇÃO

Ao contrário, o que vemos hoje é uma ação que não respeita rios, nem veredas, matas ciliares, encostas de morros, nada. São raros os casos de áreas agricultadas em que são feitas curvas de nível no solo para evitar assoreamento. Tudo vai abaixo.

Assim, os cursos de água se enchem da terra envenenada pelos agrotóxicos, que é arrastada pelas chuvas. O que sobra dos córregos e ribeirões vai servir à irrigação, com os enormes pivôs-centrais vistos das estradas ou dos aviões, lá das nuvens.

Na Amazônia, o Brasil faz monitoramento do desmate da floresta. O sistema não chega a paralisar o processo de derrubada, mas fornece informações úteis à fiscalização pelos instrumentos disponíveis em terra. Querendo fiscalizar, há informações técnicas para isso.

Quanto ao Cerrado, entretanto, não é feito monitoramento sistemático algum, de modo que a destruição segue livre. O Brasil dispõe de informações por meio de diversas técnicas, como aerofotogrametria, mas essas servem para outros usos que não a contenção do desmate desarvorado.

A monocultura extensiva, principal razão da célere derrubada da vegetação nativa, desfaz também a vida dos humanos nativos. Estes são obrigados a deixar suas posses, pois poucos são os que têm escritura legalizada. E quando as têm, sofrem pressões de todo tipo.

O rumo dessa gente são os centros urbanos, em condições de vida precárias, e quando muito voltar à roça para trabalhos sazonais em algumas culturas, mas já na condição de boia-fria. Seus filhos e netos vão buscar a sobrevivência em localidades maiores, também fora de seus ambientes.

SUSTENTABILIDADE

Há formas mais modernas do uso sustentável dos cerrados, que não provocam destruição e produzem com muita eficácia. A agricultura de maior escala pode muito bem conviver com formas menos agressivas de atividade econômica. Em especial aquelas que valorizem a biodiversidade da própria região.

Mazzetto Silva afirma:

“No imaginário da sociedade brasileira predomina a imagem de uma    vegetação rala, de árvores tortas, sem beleza, sem utilidade e sem valor intrínseco – seja social, econômico ou ecológico”.

O Cerrado sempre foi visto como um tipo de flora que conseguia sobreviver a enormes dificuldades em relação ao solo, daí advindo seu jeito retorcido e esparso. Entretanto, estudos científicos e experiências práticas demonstram que as condições adversas (acidez do solo, período seco no ano, fogo espontâneo) realmente existem, mas há outros fatores preponderantes.

A disponibilidade de água, por exemplo. Se nos períodos de chuva a água não for contida para se alojar no lençol freático, não há como distribuí-la no restante do ano. O volume de água brotado de minas vai minguando e os vistosos córregos, riachos e rios esmorecem também.

A própria monocultura de soja é fruto de pesquisas realizadas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), de adaptação desse grão a esses solo e clima adversos. E o sucesso dessa adequação está nos resultados da balança de exportação, a maior parte, porém, vendida in natura, com nenhum valor agregado.

Empresas que dominam o mercado de sementes no mundo se apropriaram desse conhecimento e vêm, safra após safra, introduzindo mudanças genéticas para controlar o fornecimento das matrizes aos agricultores. Trata-se de um conhecimento que o Brasil tem de sobra, mas paga pelo seu uso.

FLORA E FAUNA

Da riqueza e da beleza que estão por detrás dos paus retorcidos, campos limpos, campos sujos, campos rupestres e matas, pouca gente tem a dimensão exata. O viajante belga Auguste de Saint-Hilaire, que passou vários anos no Brasil, percorreu os cerrados por longo tempo, a partir de 1819, e escreveu que “o Cerrado é um jardim permanentemente florido”.

Sua observação é pura, verdadeira e repetida séculos a fio, década após década, ano após ano, enquanto existir alguma nesga de Cerrado para admirarmos. Caliandra, canela-de-ema, quaresminha, pau-santo, paepalanthus, sempre-viva, orquídeas e todos os amargos, cada uma ao seu tempo, com suas flores encantadoras.

As veredas de buritis, sempre úmidas e floridas, são casos à parte. Essa é uma das palmeiras do Cerrado com grande potencial alimentício, como vários outros tipos encontrados. Da guariroba e do camargo se retira palmito que compõe a culinária cerratense. No Maranhão, Piauí e Tocantins há nos cerrados grandes matas de cocais, de importância nas economias regionais.

Outras plantas frutíferas, como mangaba, bacupari, bacuri, jatobá, gabiroba, pequi, mama-cadela, araticum, caju, cagaita, graviola e tantas outras têm forte importância como alimento, fonte de renda e até medicamento.

São cerca de 100 as plantas de uso medicinal, outro cento de usadas no artesanato e pelo menos 220 que servem à produção de mel de abelha. Sem falar na feitura de conservas doces e salgadas, geleias, tortas e vários tipos de farinhas.

Por falar nisso, aos viajantes do século 19 devemos a classificação da grande parte das espécies nativas da flora cerratense até hoje conhecidas. Essa classificação significa que a planta passa a ter um nome científico e passa a ter reconhecimento internacional. Em qualquer lugar do globo, pesquisadores sabem que aquela planta existe em tal lugar.

Normalmente, as plantas ganham, também, nomes populares, que podem variar de região para região. O capim paepalanthus, por exemplo, brota em talos que formam um leque na ponta superior do tronco, e este tem em média um metro de altura. Esse leque pode formar uma meia-lua ou uma roda inteira, por isso é conhecida em algumas áreas como chuveirinho e sombreiro, respectivamente. Em outras, é apenas sempre-viva.

Estima-se, porém, que no Cerrado brasileiro existam mais de 10.000 espécies vegetais, das quais 4.400 são endêmicas. É uma diversidade de plantas tão exuberante que pouco delas se conhece profundamente, como, aliás, ocorre também com a flora amazônica, por exemplo.

A fauna característica do Cerrado, de emas, seriemas, perdizes, lobos-guará, felinos, cervídeos, araras, tucanos e centenas de outros tipos também rareia a cada dia que passa. Acossada pelo ronco das máquinas, estampido das armas, rodovias impiedosas e mesmo falta de espaços para ninhos e tocas, os bichos literalmente não têm para onde correr.

EXTENSÃO

Calcula-se que a extensão do Cerrado brasileiro, hoje, ocupe algo em torno de 37% do território nacional. Isso, contando com as áreas em que se misturam a outros biomas na região Sudeste, nas beiradas na Amazônia e grandes manchas no Amapá, Roraima, Rondônia e estados do Nordeste.

Oficialmente, o documento “Ecossistemas Brasileiros”, do Ministério do Meio Ambiente, informa que o Cerrado se faz presente em 13 estados brasileiros. A área ocupada corresponde a 22,65% do território, com 192,8 milhões de hectares e uma população de 22 milhões de habitantes.

A diferença entre os dados do MMA e os adotados em estudos de universidades e institutos de pesquisa se deve à metodologia do levantamento. A do Ministério divide o Brasil em 49 ecorregiões e considera como predominante a vegetação em área contínua.

Contudo, uma forte corrente de pesquisadores defende, com argumentos bastante consistentes, que o Cerrado é o bioma mater de praticamente toda a cobertura vegetal do território brasileiro.

Resumidamente, a história tem capítulos já bastante conhecidos pela Ciência e pode ensinar com clareza o que se passou desde a origem do Universo. Há 65 milhões de anos, porém, a camada superficial da Terra era formada por dois grandes blocos, que naquele período se separaram. Quem nunca tentou, no mapa, ajuntar as duas peças de quebra-cabeças nos recortes da África e da América do Sul?

A América do Sul descolou-se da África, formando um oceano entre os dois continentes. Os rios que cortam o território brasileiro corriam no sentido Leste-Oeste. O soerguimento da Cordilheira dos Andes inverteu o regime hídrico da região.

Há cerca de 20 mil anos (ontem, portanto, já que falávamos de 65 milhões de anos) teria ocorrido um movimento telúrico que levantou o fundo do Atlântico, contendo o desaguadouro do rio Amazonas. Assim, suas águas e as de seus afluentes alagaram vastas extensões do Cerrado que ali existia e que desta forma fizeram surgir a majestosa Floresta Amazônica.

Segundo o geomorfologista Aziz Ab’Saber, no entanto, mudanças de clima ocorridas no final da era geológica do Pleistoceno, entre 12.000 e 18.000 anos atrás, foram as causas da mudança. Houve naquele período aquecimento da região tropical, favorecendo o avanço da floresta densa e frondosa sobre a vegetação rala e mais baixa dos cerrados.

MUTAÇÃO

Isto explicaria, por exemplo, porque o que resta do Cerrado brasileiro está em posições geográficas elevadas, em terrenos que geram água. E explica também porque sobraram as manchas nas fronteiras Norte, em áreas mais elevadas da Amazônia e em enclaves no interior de estados do Nordeste e no litoral nordestino.

O mesmo teria ocorrido com a Mata Atlântica. Em “A História da Terra e do Homem do Planalto Central do Brasil” (EdUnB, 2009) Paulo Bertran lembra que, de fato, nada há de mais parecido com a Mata Atlântica do que “as raras matas ainda existentes no Distrito Federal, por exemplo. Estas, insurgidas geralmente sobre afloramentos calcários repletos de grutas e inscrições indígenas”. E acrescenta:

“O roceiro colonizador sempre preservou essas áreas, até repassarem-nas, a preço vil, aos mais perigosos destruidores de paisagens naturais de toda a região: as usinas de cimento e pó de calcário, e os agricultores de soja e outras culturas extensivas.”

ÁGUAS

Pelo menos três das principais bacias fluviais brasileiras nascem em áreas de Cerrado do Planalto Central. São as do São Francisco, do Araguaia/Tocantins, do Paranaíba/Paraná/Prata e mesmo de alguns afluentes diretos do Amazonas. E casos mais localizados, como é o rio Jequitinhonha, no norte de Minas Gerais.

A geologia faz com que as chapadas de altitude na região central do País funcionem com tanques que armazenam água para abastecer córregos, rios e o próprio lençol freático o ano inteiro. Entretanto, como já vimos, a retirada da vegetação nativa e o uso exagerado da irrigação fazem essa água sumir.

Na região da Serra Geral de Goiás, na fronteira desse estado com a Bahia, uma enorme extensão de uns 200 km de chapada foi tomada desde o início dos anos 1990 pela agricultura extensiva. Principalmente de soja. Os córregos que ali nascem correm para o São Francisco, pegando carona em outros rios.

Por relatos de moradores e de autoridades federais baseadas em municípios da região, como Santa Maria da Vitória (BA), às margens do rio Corrente, o estrago é sensível a olho nu. De 2000 a 2009, há registro de pelo menos 14 ribeirões da encosta da Serra que secaram completamente.

O mesmo ocorre em outros estados, em especial Mato Grosso, Tocantins, Maranhão, Piauí, Minas Gerais e Goiás. Neles, a todo instante se tem notícia de córregos que secaram de todo, durante o ano inteiro, ou reduziram sua atividade aos meses chuvosos do ano.

Em Goiás, com frequência têm ocorrido conflitos entre os próprios grandes fazendeiros usuários de irrigação por pivôs-centrais. O proprietário que está rio acima muitas vezes retira toda a água do córrego, que assim seca para os vizinhos rio abaixo. Alguns casos vão parar na justiça, outros ainda hoje são resolvidos na bala.

Em Cristalina (GO), um fazendeiro aproveitava uma bonita queda d’água como atração turística, com clientela permanente em área de acampamento que criou. Súbito, porém, a cachoeira secou, por causa da irrigação rio acima.

O caso foi parar na justiça, onde rola há anos. Os grandes, bem ou mal, acabam se resolvendo, mas o pequeno agricultor padece mais por falta de acesso aos meios possíveis. A exclusão legal da maioria brasileira também aí se manifesta.

No Leste do Maranhão, indústrias de carvão e de papel e celulose plantaram, entre 2008 e 2010, perto de 200 mil hectares de eucalipto. As populações que não perderam suas terras, onde a coleta de frutas nativas é atividade de subsistência, tiveram que sair de perto porque os rios são usados na irrigação. Neste caso, o Ministério Público estadual entrou com processo judicial.

USO MEDICINAL

Em toda comunidade tradicional há uma ou mais pessoas que se ocupam da produção e manipulação de ramas, sementes e raízes de uso medicinal, muitas delas amargas. Raizeiras e raizeiros, como são chamados, atendem suas clientelas em suas próprias casas, na zona rural ou nas áreas urbanas, indicando a planta apropriada a cada mal que se apresente.

De modo artesanal, muitos deles produzem pomadas, xaropes, tinturas e soluções líquidas. Em cidades de maior porte, ainda que pequenas, montam suas banquinhas em mercados, feiras livres e mesmo nas ruas, competindo com as farmácias modernas, com suas embalagens sofisticadas e bulas ilegíveis.

Boa parte deles não se distancia da profissional que tenham, como pequeno produtor rural, pescador, seja lá o que for. Mas se dedicam com apego à lida com as plantas, no mais das vezes ampliando o conhecimento adquirido na família ou na comunidade e que trazem consigo.

No entanto, as atividades que envolvam plantas são hoje amparadas legalmente no Brasil. A Lei 13.123, de maio de 2015, criou o Marco Legal sobre a Biodiversidade Brasileira, que estabelece normas de acesso ao patrimônio genético, de proteção do conhecimento tradicional associado e de repartição de benefícios para a conservação e uso sustentável da biodiversidade.

Publicado originalmente em 13/03/2018.

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