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Brincar e resistir! Descubra

Brincar e resistir!

Brincar e resistir! Descubra como as crianças indígenas se divertem

Você sabia que a peteca e a perna de pau são criações indígenas? Confira seis brincadeiras e jogos de diferentes povos no Brasil?…

Por Giovanna Costanti/isa

Entre os mais de 300 povos indígenas que vivem no Brasil, jogos e brinquedos fazem parte do dia a dia das comunidades, assim como a defesa dos direitos dos indígenas e do meio ambiente — alvos de grandes retrocessos nos últimos anos.

Algumas brincadeiras são conhecidas entre não indígenas, como a peteca e a perna de pau, praticadas entre diversas culturas originárias. É comum que os adultos se juntem à diversão para ensinar as melhores técnicas. Também, faz parte da graça construir os brinquedos do zero!

Conheça seis brincadeiras e jogos de diferentes povos indígenas do Brasil:

Heiné Kuputisü (Corrida do Saci)
Uma corrida de uma perna só, popular entre os Kalapalo, do Alto Xingu (Pará). Participam homens, adultos e crianças e acontece no centro da aldeia. É só marcar no chão uma linha de partida e outra de chegada e começar a diversão. Ganha quem for mais longe sem usar os dois pés.Arranca Mandioca
É uma brincadeira dos Guarani e dos Xavante. Em fila, a primeira criança agarra uma árvore e as outras se seguram às crianças da frente. Uma delas deve “arrancar” as mandiocas – que são os próprios jogadores. Vale usar força, puxar pelas pernas e até fazer cócegas. No cerrado, região onde vivem os Xavante, meninos e meninas conhecem essa brincadeira com o nome de “tatu”.

Peteca
Entre os Xavante, seu nome é tobdaé. Mangá é o nome dado pelos Guarani a esse brinquedo. O brinquedo é feito de palha de milho e a brincadeira lembra a popular queimada. Ao mesmo tempo em que o jogador faz seus lançamentos, ele precisa fugir dos arremessos do adversário para não ser queimado.

Gavião e Passarinhos
Uma das crianças, o “gavião”, sai à caça das demais, os “passarinhos”, que correm, assobiam e tentam distraí-lo. Para se proteger e descansar, os passarinhos param nos galhos de uma árvore desenhada no chão. O último que escapar vira o novo gavião!

Perna de pau
Nas aldeias, é só pegar na mata troncos altos e retos com forquilhas nas pontas, onde se apoia o pé. Em casa, dá pra repetir a brincadeira prendendo estacas de madeira em dois pedaços de pau. O desafio é ver quem consegue ir mais longe sem cair!

Futebol de cabeça
É uma espécie de jogo de futebol, mas ao invés de usar os pés, é preciso usar a cabeça para dar os chutes, fazer os passes e marcar os gols! É muito praticado pelos Paresi e pelos Enawene-nawe.

Block

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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