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Cinzas de Magnólio são jogadas nas águas dos rios da Amazônia

Cinzas de Magnólio são jogadas nas águas dos rios da Amazônia

Para quem amou, viveu e foi feliz defendendo os povos ribeirinhos da Amazônia, seu descanso final não poderia ter outro destino: no sábado, 15 de abril, as cinzas de Magnólio, o Palhaço da Floresta, foram jogadas no encontro das águas dos rios Amazonas e Tapajós, local por onde “Mag” sempre navegou…

 
 Magnólio de Oliveira, grande artista circense vai deixar saudades (Foto: Rerodução/Facebook)

Magnólio de Oliveira, grande artista circense vai deixar saudades. Foto: Rerodução/Facebook

O cidadão da floresta Paulo Roberto Sposito de Oliveira, conhecido do mundo todo como o palhaço Magnólio do Saúde e Alegria, falecido aos  67 anos de idade em dezembro de 2016 na cidade de São Paulo, onde se tratava de um câncer, voltou para seu descanso final no coração da floresta.

Em um evento festivo, como era a luta e a vida de Mag, familiares, companheiros e companheiras do Saúde e Alegria, amigos da Floresta e de fora dela, se reuniram em Santarém, no estado do Pará, para jogar as cinzas do grande palhaço da floresta no encontro das  águas dos rios Amazonas e Tapajós.

A cerimônia, organizada para este local onde “Mag sempre navegou, levando educação, saúde e alegria para as comunidades e movimentos sociais”, contou com  rodas de prosa, apresentações circenses e teatrais, exposições de fotografias, vídeos, música, e muita energia boa.

Magnólio fazia a diversão no Gran Circo Mocorongo do Saúde e Alegria (Foto: Rerodução/Facebook)Magnólio fazia a diversão no Gran Circo Mocorongo do Saúde e Alegria. Foto: Rerodução/Facebook. 

Quem foi Magnólio
Paulo Roberto Sposito Oliveira nasceu em São Paulo. Ganhou o apelido de Magnólio quando ainda era estudante. Por ter uma voz muito rouca, ele foi comparado a um personagem de novela com o mesmo timbre. Com o passar do tempo, o apelido virou hábito e Magnólio virou artista de circo, atuando e fazendo a alegria de muitos.

O artista era advogado, assistente social e professor de educação. Fazia doutorado em educação ambiental na Espanha. Era sobretudo, um educador. O time do coração, o Corinthians. Pai de duas filhas nascidas em Santarém.

Em 1989, Magnólio entrou para Centro de Estudos Avançados de Promoção Social e Ambiental, mais conhecido como Projeto Saúde e Alegria (PSA), uma Organização Não Governamental (ONG), cujo principal objetivo é promover o desenvolvimento sustentável em comunidades dos municípios Santarém, Belterra e Aveiro. No PSA atuou como integrante da coordenação geral do projeto e fazia a alegria no Gran Circo Mocorongo.

Programação

Sábado (15), 1º Encontro: Dom Frederico, próximo ao Estaleiro Gamboa, às 15h, na casa onde Magnólio morava. Saída em cortejo, passando pela Mendonça Furtado, rua dos Artistas, Praça São Sebastião, Orla até o palco da praça Mascotinho, em frente à Casa da Memória do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós (IHGTAP), onde Mag também morou.

2º Encontro: Casa da Memória e Palco da Praça do Mascotinho, às 17h , com saída dos B/Ms Gaia e Saúde e Alegria, com a família Oliveira e Oliveira e convidados para a cerimônia de entrega das cinzas no Encontro das Águas Amazonas/Tapajós.

Às 18h – Gran Circo Magnético, no elevado em frente à Casa da Memória -“Linha Imaginária”, com apresentações circenses e teatrais, exposições de fotografias e vídeos.

20h – Encerramento com Carimbó, Rock, Reggae e fala fraternas.

Magnólio, o grande palhaço da floresta. Foto: Caetano Scannavino

Fonte originária dos conteúdos desta matéria: G1 Santarém (com edição de Zezé Weiss).

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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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