Cachorros sabem quando você está com medo
O cheiro do corpo denuncia, mas não é isso o que provoca um eventual ataque: segundo a veterinária Joice Peruzzi, a postura da pessoa pode ser interpretada como agressiva
Considerados os melhores amigos do homem e, muitas vezes, tidos como membros da família, os cachorros são animais muito inteligentes. Estudos mostram que eles conseguem distinguir quando uma pessoa está feliz ou triste e que utilizam expressões — orelhas parcialmente caídas, olhar de coitado e rabo entre as patas — como forma de comunicação.
Como evitar um ataque
Segundo a veterinária, apesar do Brasil não ter estatísticas específicas sobre o assunto, a maioria dos casos de ataques ocorrem em casa, envolvendo cachorros domésticos e os próprios donos ou visitantes. Em 2019, o Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre registrou 1.731 atendimentos por mordidas de cães — uma média de quatro por dia.
- Sinais afiliativos ou de relaxamento: é o “sinal verde”, manifestado quando o cão está tranquilo com a nossa aproximação. Exemplo: estar com orelhas relaxadas, abanar o rabo de forma contente, se aproximar voluntariamente, entre outras.
- Sinais de apaziguamento, medo ou estresse: é o “sinal amarelo”. Requer atenção e o correto é não seguir se aproximando para que o cão não entenda que precisa atacar. Exemplo: virar o olhar ou o rosto, lamber lábios, bocejar, levantar uma das patas da frente, colar as orelhas para trás na cabeça, tentar sair de perto, abaixar o rabo ou colocá-lo entre as pernas, tremer.
- Sinais agressivos: é o “sinal vermelho”, manifestado quando já ultrapassamos o limite de aproximação. Exemplo: mostrar os dentes, eriçar os pelos do pescoço, colocar as orelhas para frente, enrugar a testa.
O que fazer se for atacado
Fonte: Gaúcha ZH
Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.
Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.
Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.
Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.
Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.
Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.
Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.
Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.
Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.
Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.
Zezé Weiss
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