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Emir Sader: O Brasil pede a gritos um grande acordo nacional

Emir Sader: O Brasil pede a gritos um grande acordo nacional

Por: Emir Sader 

O país está paralisado. O governo não consegue governar, a oposição está asfixiada pelas perseguições políticas. O Brasil não suporta mais as incertezas, as , as declarações e as ações estapafúrdias de ministros. O país vê ser desmontado o patrimônio público, enquanto os direitos das pessoas são afetados profundamente.

A vitória eleitoral mediante artifícios ilegais e imorais permitiu que a direita impedisse que o PT voltasse a governar o Brasil. Mas paga um preço caro, com um presidente sem as mínimas condições de assumir o cargo efetivamente e dirigir o país. Não tem condições sequer psicológicas de se apresentar como presidente do Brasil e enfrentar questionamentos da imprensa.

Menos ainda de representar o país lá fora. Sua próxima viagem, mesmo a países escolhidos a dedo – Israel, Chile e EUA – promete ser uma vergonha de proporções mundiais. Ele não poderá deixar de ficar exposto a perguntas, a questionamentos, a temas, de que ele foge aqui, com a conivência da mídia. Nem nos EUA e no Chile, ele poderá se furtar à mídia. Ficará claro para o mundo não somente suas posições obscurantistas, mas que ele nem psicologicamente pode assumir um cargo público.

As posições de política internacional já causam danos graves para a economia brasileira, tanto em relação à soja e a produtos agrícolas hoje vendidos à China, como ao frango, e a outros produtos vendidos aos países árabes. Na viagem a Israel, ele será pressionado para confirmar as posições aventureiras do Brasil em relação a Jerusalém, e só piorará as perspectivas do comércio exterior do país.

A falta de coesão política do governo no Congresso coloca grandes dúvidas sobre a possibilidade de aprovação da reforma da Previdência. O governo quer aprovação rápida, para mostrar serviço ao grande empresariado, mas quanto mais rápida a votação, maiores riscos para o governo, que aceita todo abrandamento das medidas propostas, para garantir a aprovação de alguma versão da reforma. Que, por sua vez, enfrenta a dificuldade de tentar incluir os militares, condição de votação da reforma, mas que conta com forte resistência destes e até mesmo dos policiais.

As incertezas econômicas e políticas sobre o futuro imediato do país e do próprio governo colocam freio aos investimentos, já diante de um desempenho sofrível da economia no ano passado, com previsão similar para este ano. As turbulências sociais pelas mobilizações populares serão um componente seguro do cenário político para este ano.

A isso se acrescenta a situação do Lula. A vergonhosa sentença da juíza no processo de Atibaia, a imensa solidariedade que o Lula recebeu no momento da morte do seu neto, em contraste com as brutais reações dos filhos do presidente, repudiadas e corrigidas por eles mesmos, a popularidade do Lula na sua breve saída – tudo gera expectativas ainda maiores sobre o seu destino futuro. A Lava Jato gostaria de acumular condenações que o privem da possibilidade de ele reconquistar a liberdade. Mas o enfraquecimento do Moro no governo, as novas denúncias sobre a Lava Jato – sobre a compra das delações por parte das empresas acusadas e a criação de um fundo privado com recursos públicos -, e manifestações de juízes do STF, geram maiores expectativas sobre o novo julgamento da questão da prisão em segunda instância, dia 10 de abril.

De qualquer maneira, a sensação que vai se criando no cenário político é a de que o país não pode seguir assim. Esses dois primeiros meses do novo governo foram desastrosos, para o governo e para o país. E o presidente pretende desconhecer os desastres: cede às pressões dos filhos, reafirma que vai seguir apoiando-os, reitera o projeto de perseguição à educação, com uma suposta operação Lava Jato contra a resistência de professores e estudantes ao obscurantismo do governo, jogando álcool no fogo.

Não se vislumbra ainda, além de posições do vice-presidente e de juízes do STF, quem poderia assumir a responsabilidade de um novo acordo nacional, que pacifique minimamente o país. Mas está claro que qualquer acordo político nacional tem que se dar sem e contra os Bolsonaros, que restaure a ideia de que são adversários e não inimigos se digladiando na esfera política e que contemple a liberdade do Lula.

Será possível? Quem assumirá a responsabilidade de um acordo desse tipo? Que país teremos se não se conseguir esse tipo de acordo?

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