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A fragilidade social diante do extermínio da população negra

A fragilidade social diante do extermínio da população negra

Por Iêda Leal

A falta de senso crítico leva à comemoração da morte de um ser humano sem dó nem piedade

A naturalização da morte traduz a concepção distorcida do que seja direitos humanos. A Constituição Federal de 1988 consagra, em seu artigo 1°, o princípio da cidadania, da dignidade da pessoa humana e dos valores sociais.

Estamos vivenciando tempos de desconsideração de todo processo da construção, da conquista e da garantia desses direitos. O cerceamento das liberdades individuais, a perseguição dos direitos coletivos, o pensamento conservador e as políticas ditatoriais têm tirado a vida de muitas pessoas.

No último dia 20 de agosto, o jovem Willian Augusto da Silva, de 20 anos, foi morto por um sniper da Polícia Militar enquanto mantinha 37 pessoas reféns num ônibus na Ponte Rio-Niterói, no Rio de Janeiro. Não estamos falando sobre a punição que ele teve pela gravidade da situação, ou ainda sobre a falta de justiça potencial, caso ele seguisse com o sequestro.

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O que tratamos aqui é da crueldade, da falta de humanidade e da deformação mental das pessoas moldadas no padrão homem branco-racista-homofóbico,  que aspiram a assumir o protagonismo do fascismo vigente no Brasil, claramente demonstrada na comemoração da morte de Willian pelo governador do Estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel.

Ao descer do helicóptero no local da tragédia, o governador deu risos e socos no ar, um verdadeiro absurdo. E, pasmem, ele foi parabenizado por muitos após aquele ato terrivelmente repudiável. Ficou claro que faltou compaixão e sobrou desrespeito de quem deveria proteger a população e, não comemorar o extermínio de um ser humano, qualquer que fosse a circunstância.

Uma grande parcela da sociedade está de acordo com a necropolítica, oficializada por Witzel e pelo governo de Jair Bolsonaro, que se apresenta como uma política de morte em que o Estado é autor e não vê problema algum nisso, porque está assegurada a legitimidade para matar.

No entanto, não apenas os criminosos são mortos pelos tiros disparados por eles, todos morrem, todos somos atingidos! As balas perdidas se acham em vários corpos e, na grande maioria das vezes, corpos pretos, periféricos, pobres, trabalhadores e sem qualquer ligação com o crime.

O alento de que ainda existe esperança vem da mesma história. Na delegacia, Paulo César Leal, pai de uma das vítimas do sequestro, consolou Renata Paula da Silva, mãe de Willian. Segundo ele, tentou ajudar, já que não lhe cabia o julgamento, pois ela acabara de perder o filho.

O homem afirmou nas entrevistas que deu que a única intenção como ser humano, foi tentar ajudar, já que a dor é dos dois lados. Um abraço que nos dá sensação de alívio, de gente que entende a necessidade de proteção do outro. É disso que o mundo carece: amparo e atenção!

Mais do que nunca, choramos as mortes que se tornam números para o Estado. Pessoas coisificadas pelo poder opressor, apoiado pelos oprimidos sem clareza política e de classe. Que o questionamento sobre civilização x barbárie nos ajude a refletir a tolerância e a empatia como fundamentais na mediação das relações entre nós e os outros. Façamos valer a legislação brasileira como garantia para viver!

#VidasNegrasImportam!


Iêda Leal
Tesoureira do SINTEGO. Secretária de Combate ao Racismo da
CNTE. Vice-presidenta da CUT-GO. Coordenadora Nacional do MNU.
Artigo enviado em 25 de julho de 2019 desde a Tailândia, onde
participou do Congresso Mundial de Educação.

 

 

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