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Salve, Salve, Angela Davis! Saravá! Ora iê, iê, ô!

Salve, Salve, Angela Davis! Saravá! Ora iê, iê, ô!

Por Iêda Leal   

Saudamos, em português e em banto e em yorubá, esta mulher negra e revolucionária, que traz à luz um debate sobre o extermínio e o encarceramento do povo negro no Brasil e nos Estados Unidos.

Angela Davis, que se define como uma lutadora contra o racismo, tem denunciado, em todo o mundo, os abusos do encarceramento em massa de homens e mulheres negras. Segundo a filósofa e ativista, as prisões em larga escala não socializam os presos. Ao contrário, eles saem de lá brutalizados.

Angela Davis e outros ativistas dos direitos civis nos Estados Unidos denunciam que homens e mulheres negras estão sendo explorados nas prisões norte-americanas como mão de obra barata por grandes companhias que prestam serviços para as forças armadas estadunidenses e outras companhias como IBM, Boeing, Motorola, Microsoft, AT&T, Wireless, Texas Instrument, Dell, Compaq, Honeywell, Hewlett-Packard, Nortel, Lucent Technologies, 3Com, Intel, Northern Telecom, TWA, Nordstrom’s, Revlon, Macy’s, Pierre Cardin, Target Stores, Eddie Bauer,  Victoria’s Secret.

Salve, Salve, Angela Davis! Saravá! Ora iê, iê, ô!

Os presos trabalham até dez horas por dia, recebem “salários” de 0,13 a 0,50 dólares/hora, não têm direitos trabalhistas, planos de aposentadoria, de saúde, ou seja, são os novos escravos da elite branca. Sobre isso, disse Angela Davis:  “No passado houve quem defendesse a manutenção da escravidão de forma ‘mais humanizada’. Esse argumento não nos faz sentido, mas há os que defendem a reforma do sistema carcerário hoje. A escravidão e o cárcere são instituições de repressão estruturadas no racismo. Abolir o sistema carcerário nos faz pensar a sociedade em que esse sistema de punição emerge e buscar novas formas de justiça”, aponta.

Acompanhamos atentamente a palestra de Angela Davis: “Atravessando o tempo e construindo o futuro da luta contra o racismo”, que integrou a programação Julho das Pretas, agenda unificada de ações do movimento de mulheres negras na Bahia e em diversos outros Estados, em comemoração ao mês da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha.

Foram de arrepiar as palavras de Davis, um sopro de esperança e alento num dos momentos mais difíceis da história política de nosso país. Ela começou falando sobre a escolha de Salvador, pela quarta vez, como local de suas palestras no Brasil: “As mulheres dos EUA têm muito a aprender com a longa história de luta do feminismo negro no Brasil.”

“Mãe Stela de Oxóssi me falou sobre a importância das mulheres negras na preservação das tradições do candomblé. Vi a importância de Dona Dalva para manter a tradição do samba de roda no Recôncavo Baiano”. E emendou: “Ela já falava sobre os elos entre negros e indígenas na luta por direitos. Essa é uma das lições que os EUA podem aprender com o feminismo negro daqui.”

Angela também elogiou o movimento organizado bem-sucedido das trabalhadoras domésticas negras. “Nos EUA não conseguimos estruturar essa categoria com sucesso. A liderança dessas mulheres não se estrutura naquele individualismo carismático masculino que vimos no passado. É um tipo de liderança que enfatiza o coletivo e as comunidades onde vivem”, revela.

O Brasil é o terceiro país com mais encarcerados no mundo: 715 mil, a maioria deles negros. Os EUA estão em primeiro lugar, com 2 milhões de detentos e detentas, também em sua maioria negros.

Novamente tratando do tema do encarceramento, disse de forma simples e didática, a necessidade de mudanças neste sistema que pune e não reeduca: “Quão transformador é enviar alguém que cometeu violência contra uma mulher para uma instituição que produz e reproduz a violência? As pessoas saem ainda mais violentas da prisão. Adotar o encarceramento para solucionar problemas como a violência doméstica reproduz a violência que tentamos erradicar”, ensina.

Angela Davis chega aos 77 anos, com a mesma energia da ativista que nas décadas de 1960, 1970 e 1980 foi uma das principais figuras do movimento contra o racismo e pelos direitos civis nos Estados Unidos.

Para ela, a próxima revolução será negra e feminina: “Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela, porque tudo é desestabilizado a partir da base da pirâmide social onde se encontram as mulheres negras, muda-se a base do capitalismo”.

Salve, Angela Davis! Salve a luta das mulheres negras no Brasil e nas Américas.

Salve, Salve, Angela Davis! Saravá! Ora iê, iê, ô!


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