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O Arranca-Línguas: A lenda do King Kong do Cerrado

O Arranca-Línguas: a lenda do King Kong do Cerrado

O Arranca-Línguas: a lenda do King Kong do Cerrado

Diz a lenda que esse gorila gigante, que habita as matas da região do Araguaia, é bem maior do que um ser humano e gosta muito de comer línguas – de cabras, cavalos, bois, e até mesmo de gente. Quem já o viu contou pra quem não viu que o bicho cabeludo, de voz fanhosa e cara chata, ataca as reses de noite, e delas só retira a língua, para comer. Já dos humanos, conta a lenda que o monstro só arranca a língua dos ladrões de gado.

Dizem que ele se parece mais com o King Kong do que com um gorila africano, que perambula desde a cabeceira do Xingu até as cercanias de Goiânia. Explicam os historiadores que a região do Araguaia ficou despovoada por muito tempo pelo medo que as pessoas passaram a ter desse monstro que foi apelidado de King Kong goiano. Verdade ou não, o fato é que o Arranca Língua tem até poesia, de autoria do poeta Zoroastro Artiaga.

KING KONG

Feroz, cruel, terrível, monstruoso,

De grande força e porte agigantado,

O sertão de Goiás, misterioso,

Habita o King-Kong tão falado.

História ou lenda, o fato é curioso

E parece bastante exagerado:

É que vagueia a procurar o gado,

Arrancando-lhe a língua, furioso.

E por todo lugar por onde passa

Assola o gado pela pastaria,

Pelo prazer de línguas arrancar.

Ah, se tal monstro por aqui passasse,

Quantas línguas compridas tiraria!

E quanta gente sem poder falar!

arranca-linguas-www-sohistoria-com-br

Ilustração: Só História

DADO CURIOSO:  Ao contrário de tantas outras lendas, essa parece ter ano certo de nascimento. Ela teria aparecido no ano de 1929, na região de Aruana, onde ficava o antigo porto fluvial do Araguaia. Diz-se que naquele ano uma crise de febre aftosa atacou os rebanhos. Com a doença, os animais passaram a sofrer de grande “comichão” na língua. Tentando coçá-la, a rês acabava por cortar a própria língua com seus próprios dentes. De lá, a endemia se esparramou pelo resto do estado de Goiás, deixando, por onde passava, muitos animais com as línguas cortadas. Foi o suficiente para a imaginação popular criar mais uma fantástica lenda brasileira.

Fonte: Consciência

Block

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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shara

legal essa lenda:)

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