“Kiñana Ikinai, é um espaço aberto no meio do círculo de Mariri para a resolução de conflitos, tendo a comunidade como testemunha.
Durante a roda de Mariri, os Yawanawa aproveitam para passar a limpo os sentimentos negativos acumulados. São conflitos secundários, que vão se acumulando durante o ano. Por exemplo: quando dois jovens estão apaixonados pela mesma amada.
Os cantos de Mariri incentivam os participantes a entrarem no círculo. Na medida em que o círculo vai se formando, é preciso ter coragem e disciplina para entrar nele. Os cantos de Mariri incentivam os participantes a entrarem no círculo.
À medida que o círculo vai se formando, é preciso ter coragem e disciplina para expressar seus sentimentos. A cada batida, pulsa o coração, levanta a moral e a autoestima do participante. Não existe ganhador e nem perdedor. É uma demonstração da resistência humana, na qual a dor não tem efeito quando o coração é forte e valente.
A cada batida, pulsa o coração, levanta a moral e a autoestima do participante. Não existe ganhador e nem perdedor. Por uma semana cantamos, dançamos e deixamos nosso manifesto cultural e spiritual aos nossos ancestrais
Depois que terminar, todos estarão reafirmados ainda mais em sua amizade e irmandade do povo indígena Yawanawa para marcar seu manifesto cultural e seu respeito aos seus ancestrais.”

Mariri é a festa anual do povo Yawanawa para honrar seus ancestrais e celebrar sua milenar capacidade de resistência. Ou, como explica o líder e pensador indígena Tashka Pehaho Yawanawa, autor dos textos em itálico nesta matéria: “Mariri Yawanawa, o encontro de forças de cada um em todos, e de todos em um, num só pensamento e força.
Em 2016, o Festival Mariri foi realizado na Aldeia Mutum, composta por nove grupos Yawanawa moradores da região, às margens do rio Gregório, no município de Tarauacá, sob a coordenação da Associação Sociocultural Yawanawa – ASCY. Durante as cerimônias, faz-se uma imersão na cultura e nas tradições Yawanawa em busca da paz e do autoconhecimento. Nos dia da festa, serve-se o Uni ((Ayahuasca) e o rapé como instrumentos de expansão da consciência.
Como nos anos anteriores, o encontro não somente resgatou tradições, mas também fortaleceu os laços da comunidade com a natureza. As principais atividades foram realizada debaixo de uma sumaúma (grande árvore da floresta). “Esse é um festival que resgata as nossas tradições e também busca, na sua totalidade, evidenciar da natureza, com lições de vida em harmonia, preservando os nossos recursos naturais,” ressalta o líder Tashka Yawanawa depois do sucesso do Mariri Yawanawa de julho de 2016.

YAWANAWA: O POVO DA QUEIXADA
“Nós somos como queixadas: todos juntos.”
O povo Yawanawa é composto por cerca de 700 pessoas. Pertencem à família linguística Pano e se autodenominam “o povo da queixada”. Habita a Terra Indígena Rio Gregório.Tem por símbolo a queixada (yawa).
Tem três aldeias principais: Mutum, Nova Esperança e Escondido. Desde de 1992, a Nova Esperança se constitui na principal aldeia yawanawá, em virtude do abandono do Seringal Kaxinawá, ocupado durante o Ciclo da Borracha.
O povo yawanawá conseguiu demarcar as suas terras no início da década de 1980, tornando-se o primeiro povo indígena a conseguir a titulação de suas terras no estado do Acre.
A Terra Indígena do Rio Gregório é devidamente registrada em cartório, com uma extensão de 92.859 hectares:
Fontes: Agência de Notícias do Acre: agencia.ac.gov.br; Instituto Socioambiental: pib.socioambiental.org.
Fotos: Sérgio Vale – Agência de Notícias do Acre. Mapa: Agência de Notícias do Acre.
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