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O canto profundo das quadras ciganas

O Canto Profundo 

Por Eduardo Galeano

No ano de 1881, Antonio Machado y Álvarez pôs o ponto final em sua antologia de cantos flamencos, novecentas quadras do cantar cigano de Andaluzia:

 

Eram insossas no antigo

todas as ondas do mar,

mas cuspiu minha morena

e se fizeram salgadas.

 

Têm, as que são morenas,

um olhar tão estranho,

que matam em uma hora

mais que a morte em um ano.

 

No dia em que nasceste

caiu um pedaço do céu.

E até que tu morras

o rombo fica lá, ao léu.

 

E o livro foi publicado, e recebido com desdém. O cante jondo, canto profundo,  era digno de desprezo  por ser cigano. Mas, por serem ciganas, as quadras trazem dentro de si a música, e em suas palmas e em seus pés.

 

Eduardo Galeano – jornalista e escritor uruguaio, em “Os Filhos dos Dias”, Editora L&PM, 2a edição, 2012.

 

 

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