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Desmatamento explode na Amazônia e no Xingu

Desmatamento explode na Amazônia e no Xingu

A escalada do desmatamento na Amazônia e na bacia do Xingu está em alta velocidade. Em parceria com diversas organizações, o ISA lançou um documento que nos preocupa muito. Os focos de queimada na Amazônia já aumentaram 20% em relação a 2019, quando o Brasil registrou a maior taxa de desmatamento na Amazônia Legal dos últimos dez anos e os incêndios foram notícia no mundo inteiro. Já foram desmatados 566 mil hectares apenas entre agosto de 2019 e abril de 2020, o que revela, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), uma tendência de aumento de 94% em relação ao período anterior.

A situação é ainda mais grave na bacia do Xingu. Só nos primeiros quatro meses do ano houve um aumento de 20% em relação ao desmatamento no mesmo período do ano passado. E ainda, a destruição está avançando para dentro das Terras Indígenas e Unidades de Conservação. Leia mais aqui.

E ainda dá pra piorar, a estação de queimadas deve coincidir com o pico da Covid-19 na Amazônia. As queimadas provocam aumento do material particulado na atmosfera, degradando a qualidade do ar, e, consequentemente, aumentando a incidência de doenças respiratórias. A sobrecarga dos sistemas de saúde, que já operam em capacidade máxima por conta da pandemia de Covid-19, é iminente.

Além disso, a entrada de invasores nas Terras Indígenas pode ser um vetor de contaminação por Covid-19 para as comunidades e povos da floresta.

O estudo foi lançado na última quarta-feira (17/06) pela Rede Xingu +, Greenpeace Brasil, Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) e Instituto Socioambiental (ISA), e o documento foi entregue ao Ministério Público Federal.

As organizações pedem que sejam tomadas ações efetivas e urgentes a nível federal e estadual para coibir o desmatamento. Pedem, ainda, que o governo do estado do Pará promova uma atuação coordenada entre seus órgãos para combater o desmatamento, a apropriação ilegal de terra pública e a comercialização de produtos oriundos de áreas ilegalmente desmatadas.

Fonte: Instituto Socioambiental

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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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