E ando agora tonta, à tua espera… Meu Amor, meu Amor, é Primavera!…
Primavera
Florbela Espanca
É Primavera agora, meu Amor!
O campo despe a veste de estamenha;
Não há árvore nenhuma que não tenha
O coração aberto, todo em flor!
Ah! Deixa-te vogar, calmo, ao sabor
Da vida… não há bem que nos não venha
Dum mal que o nosso orgulho em vão desdenha!
Não há bem que não possa ser melhor!
Também despi meu triste burel pardo,
E agora cheiro a rosmaninho e a nardo
E ando agora tonta, à tua espera…
Pus rosas cor-de-rosa em meus cabelos…
Parecem um rosal! Vem desprendê-los!
Meu Amor, meu Amor, é Primavera!…
Florbela Espanca, nascida Flor Bela Lobo em 1894, foi uma poetisa feminista portuguesa. Conhecida pelas suas transgressões que chocaram o início do século XX – casou-se três vezes, frequentava bares e foi a primeira mulher a ingressar no curso de Direito da Universidade de Lisboa –, escreveu seu primeiro poema com apenas 8 anos de idade. Sobre sua poesia, marcada por temas subjetivos, como amor, solidão, sofrimento e desamores, Florbela dizia ter “uma sede de infinito”. Essa sede a fez publicar contos, um diário, inúmeras traduções e somente duas antologias de poemas, número suficiente para tê-la colocado no mapa literário dos principais autores portugueses.
Fonte: taglivros
Salve! Pra você que chegou até aqui, nossa gratidão! Agradecemos especialmente porque sua parceria fortalece este nosso veículo de comunicação independente, dedicado a garantir um espaço de Resistência pra quem não tem vez nem voz neste nosso injusto mundo de diferenças e desigualdades. Você pode apoiar nosso trabalho comprando um produto na nossa Loja Xapuri ou fazendo uma doação de qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Contamos com você! P.S. Segue nosso WhatsApp: 61 9 99611193, caso você queira falar conosco a qualquer hora, a qualquer dia. GRATIDÃO!
Réquiem para o Cerrado – O Simbólico e o Real na Terra das Plantas Tortas
Uma linda e singela história do Cerrado. Em comovente narrativa, o professor Altair Sales nos leva à vida simples e feliz no “jardim das plantas tortas” de um pacato povoado cerratense, interrompida pela devastação do Cerrado nesses tempos cruéis que nos toca viver nos dias de hoje.