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IMPORTÂNCIA SOCIAL E ECONÔMICA DAS CASCAS DE ÁRVORES

IMPORTÂNCIA SOCIAL E ECONÔMICA DAS CASCAS DE ÁRVORES

As cascas de árvores possuem grande importância social, cultural e econômica para os seres humanos, e vêm sendo utilizadas para a produção de cortiças, rolhas, canelas, fitoativos e taninos.

As rolhas que fecham muitas garrafas de vinho são produzidas na Europa, principalmente em Portugal, a partir da casca de uma árvore conhecida como sobreiro (Quercus suber). A canela, para dar sabor aos pratos adocicados, é obtida da entrecasca da árvore caneleira (Cinnamomun zeylanicun), nativa do sul da Ásia.

No Cerrado e na Caatinga, assim como em outros biomas do Brasil e do mundo, há diversas espécies arbóreas que produzem fitoativos com funções medicinais.

Os fitoativos são produtos desenvolvidos com base naquelas substâncias químicas produzidas pelas plantas que possuem função de nutrição ou de proteção contra as pragas.

Os fitoativos podem possuir propriedades medicinais quando utilizados pelos seres humanos e, atualmente, além de importantes nas farmacinhas familiares e comunitárias, também são importantes na economia, com participação em indústrias como a de cosméticos, de fármacos, a fitoterápica, dentre outras.

Os taninos também são substâncias químicas produzidas pelas árvores com função de proteção contra as pragas. Por isso os taninos obtidos de cascas de algumas árvores são utilizados para proteger as fi bras naturais do couro de boi da ação das bactérias e fungos durante o seu processamento nas indústrias de curtume.

O MERCADO PARA AS CASCAS DE ÁRVORES

cascas de árvoresNo Cerrado e na Caatinga, atualmente as cascas de árvores têm sido coletadas principalmente para a produção de fitoativos e de taninos utilizados nos curtumes.

A produção de fitoativos envolve o comércio dos ingredientes naturais para a manipulação caseira, e também nas indústrias, sejam pequenas ou de grande porte.

As cascas de plantas usadas para o uso medicinal caseiro são comercializadas principalmente em feiras populares, mercados livres, lojas de ervas e na internet. Essas cascas são usadas para a formulação de remédios caseiros, ou fitoterápicos, como chás, garrafadas, lambedores, tinturas, entre outros.

Outros produtos do beneficiamento das cascas, como os fitocosméticos, também são encontrados nesses mercados. Esses produtos incluem sabonetes, xampus, xaropes, cremes, pomadas, garrafas e loções.

As cascas coletadas pelos extrativistas também são comercializadas para as indústrias química, cosmética, fitoterápica e farmacêutica, que atuam nos mercados nacional e internacional de fitoativos.

Os produtos são feitos utilizando-se princípios ativos isolados de plantas, como em um fármaco, ou em produtos manipulados com o uso das plantas e outros componentes, como um cosmético, por exemplo.

Devido à alta concentração de taninos, algumas cascas são usadas para o curtimento dos couros em curtumes. A produção de couro é grande e antiga, envolve muitas pessoas e demanda um volume grande de cascas em todas as regiões do Brasil, especialmente no Nordeste, onde há muitos curtumes que ainda utilizam o processo artesanal de curtimento do couro.

Os taninos são os princípios ativos que tornam espécies como o angico e o barbatimão procurados pelos curtumes. Além de serem utilizadas no curtimento, as cascas de algumas espécies são também utilizadas para o tingimento, como o angico, que dá a cor vermelha aos couros.

Bruno de Carvalho Filizola, Mauricio Bonesso Sampaio Pesquisadores. Em “Boas Práticas para o Extrativismo Sustentável de Cascas.” ISPN, 2015.

Publicado originalmente em 30 de setembro de 2018


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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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