O agravamento da crise sanitária, social e econômica neste ano de 2021, além do total de 14,8 milhões de pessoas à procura de emprego, segundo o IBGE, colocam necessidades elementares como comida, água e gás cada vez mais distante para parte da população…
Por Redação/ Brasil de Fato
Nesta edição do programa Bem Viver, produzido pelo Brasil de Fato, o religioso e referência na luta pelos direitos da população em situação de rua fala sobre a importância da solidariedade no combate à fome e o que é preciso para vencê-la. Segundo ele, o aumento da miséria no país salta aos olhos.
“Essa crise humanitária se acentua pela impossibilidade do acesso à alimentação, em quantidade e em qualidade. Hoje, o número de pessoas que estão pelas ruas é cada vez maior, o desemprego é muito grande, e muitas pessoas que ainda mantêm seus espaços para dormir têm que escolher: ou morar, ou comer”, relata.
Lancellotti é uma referência para milhares de desempregados e desalentados, que dependem de doações de alimentos, utensílios domésticos e roupas de inverno, por exemplo.
“As pessoas passaram a buscar, constantemente, gás para cozinhar. É um indicador de crise humanitária, ter que voltar a fazer comida com etanol. E nem isso as pessoas estão conseguindo, porque o litro do álcool está com preço muito elevado. Então, tem que cozinhar com madeira, inclusive com lenha não adequada para o fogo de cozimento”, descreve.
O aumento do preço do gás de cozinha está relacionado à política de atrelamento dos preços dos derivados do petróleo ao mercado internacional, adotada nas gestões Temer e Bolsonaro.
E tem mais…
A arte e a beleza dos presépios natalinos artesanais de Minas Gerais, que este ano, devido a pandemia, estão em um Guia Online de visitação, organizado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG), apresentando as montagens nas casas e nos espaços públicos.
No Alimento é Saúde, o projeto Cerrado Tropicano traz a diversidade alimentar da região para a mesa do consumidor.
Letícia Massula ensina um purê de banana da terra que vai bem com quase tudo, no Comida de Verdade.
A luta pela terra no sul da Bahia. O Momento Agroecológico mostra porque o assentamento Jacy Rocha é referência na produção de alimentos sem veneno.
O Bem Viver é uma produção do Brasil de Fato Na Rede TVT, que abrange a Grande São Paulo, a produção vai ao ar às 13h30, com reprise no domingo às 6h30 e na terça-feira às 20h. Além disso, tem exibição na TVCom Maceió, na TV Floripa, na TVU Recife, TVE Bahia e nas plataformas online da TV RSul.
Onde assistir
Nas redes sociais do Brasil de Fato (Facebook e YouTube); na TVT, no canal 44.1 – sinal digital HD aberto na Grande São Paulo e canal 512 NET HD-ABC; na TVCom Maceió, no canal 12 da NET; na TV Floripa, também no canal 12 da NET; na TVU (Universitária) Recife no canal 40 UHF digital e na TVE Bahia, no canal 30 (7.1 no aparelho) do sinal digital.
Quando
Na TVT: sábado às 13h30; com reprise domingo às 6h30 e terça-feira às 20h.
Na TVCom: sábados às 10h30, com reprise domingo às 10h.
Na TVU Recife: sábados às 12h30, com reprise terça-feira às 21h.
Na TVE Bahia: sábado às 12h30, com reprise quinta-feira às 7h30.
Sintonize
No rádio, o programa Bem Viver vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 11h às 12h, com reprise aos domingos, às 10h, na Rádio Brasil Atual. A sintonia é 98,9 FM na Grande São Paulo e 93,3 FM na Baixada Santista.
O programa também é transmitido pela Rádio Brasil de Fato, das 11h às 12h, de segunda a sexta-feira. O programa Bem Viver também está nas plataformas: Spotify, Google Podcasts, Itunes, Pocket Casts e Deezer.
Assim como os demais conteúdos, o Brasil de Fato disponibiliza o programa Bem Viver de forma gratuita para rádios comunitárias, rádios-poste e outras emissoras que manifestarem interesse em veicular o conteúdo. Para fazer parte da nossa lista de distribuição, entre em contato pelo e-mail: radio@brasildefato.com.br.
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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.
Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.
Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.
Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.
Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.
Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.
Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.
Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.
Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.
Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.
Zezé Weiss
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