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Nasr Chaul – doutor da cultura

Tudo começou, por certo, com as andanças do pai, descendente de libaneses radicados em Morrinhos, nos sertões de Goiás. Ele, o pai, foi promotor de Justiça não muito longe dali, em Catalão, onde nasceu o filho Nasr Nagib Fayad Chaul, em maio de 1957. Mas ele, o pai, foi juiz de Direito em outras quatro cidades goianas. Além de Catalão, Hidrolândia, Cristalina, Corumbaíba e Rio Verde, o que deve ter despertado no menino o gosto pela cultura da diversidade e pela História da Humanidade.

Sorriso sempre aberto, jeitão afável, ele faz igual figura nas múltiplas atividades a que se dedica. Na universidade, como professor, no governo, como gestor, nos festivais, como compositor, ou nas rodas populares, como agitador cultural. Ah, sim, e também nas livrarias e bibliotecas, onde suas pesquisas, como historiador que mistura causos e casos com sabedoria, tratam de encaminhar as futuras gerações.

Em verdade, Nasr Chaul cursou Direito em Goiânia, meio que seguindo a carreira do pai. Mas logo pegou gosto pelo ensino, área de sua mãe, normalista de formação. Assim, voltou ao começo e fez graduação e mestrado em História, na Universidade Federal de Goiás. Depois, doutorado na USP. Em seguida, fincou pé na capital goiana, como professor da UFG, de onde alçou outros voos.

Sua carreira acadêmica evoluiu rapidamente, logo nos primeiros anos, com resultados práticos especialmente na pesquisa histórica, bastante focada na formação de Goiás, embora ele fosse professor de História do Brasil. Mas, também, por imprimir um modo de ensino inovador, participativo. O trabalho coletivo, envolvendo outros professores e os alunos, sempre foram sua marca. A figura do mestre que sabe tudo nunca foi com ele, segundo contam muitos de seus ex-pupilos.

Essa característica o acompanhou quando ele decidiu levar a academia pra dentro da administração pública. Foi em 1998, quando a vitória de um jovem governador representava um corte modernizante na política goiana. Seis anos mais novo que Chaul, o recém-eleito Marconi Perillo, com ares de reverência, o chamou pra cuidar da área cultural no governo do Estado.

De pronto, ele disse que aceitava, mas desde que tivesse dinheiro pra trabalhar, liberdade pra formular políticas e pra nomear sua equipe, que ele traria do campus universitário, em boa parte. Condições aceitas, ali começava sua carreira de gestor, que perdura até hoje, pois é o secretário de Cultura de Goiás.

Lá atrás, porém, logo nas primeiras ações ele pôde comprovar que o acordo era pra valer. Ao assumir, em janeiro de 1999, ele já tinha em mãos, por exemplo, o projeto do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (FICA), que se tornou um evento de repercussão mundial. Era uma proposta ousada e cara, diante dos padrões tradicionais. Mas ele bancou, e o chefe do Executivo endossou.

A partir daí, registra-se um permanente avanço nas atividades culturais do Estado, sem privilegiar elites ou correntes, muito pelo contrário. As diversas formas de manifestação cultural, nas cidades e nos mais remotos sertões, passaram a ter apoio. Ritmos, danças e festas populares, teatro, cinema, música, toda goianidade, enfim, passou a ter mais chances de sobreviver e aparecer.

Nisso, contaram bastante as pesquisas acadêmicas, mas também a própria experiência infanto-juvenil em cidades do interior. Naqueles tempos, Goiás passava por transformações substantivas. A própria capital, Goiânia, era uma cidade jovem, moderna, planejada, e outra capital, Brasília, surgia da ousadia de JK, com apoio dos nativos da região.

Também no interior, cidades de regiões diferentes que carregavam muita história, mas passavam por mudanças. Dois exemplos: Cristalina, no Planalto Central, ainda sentia os efeitos do garimpo de cristal de quartzo e outras pedras, cujo surto se dera na primeira metade do século. Mas começava a migrar da pecuária bovina pra agricultura extensiva, atraindo gente de outros Brasis. Rio Verde, mais ao Sul, se preparava pra sediar o início do boom da soja tropical, que se deu com financiamento japonês a partir dos anos 1970. Era a economia promovendo mudanças culturais.

Durante toda sua trajetória, Chaul sempre dividiu seu conhecimento. Seja com leitores de seus artigos em publicações acadêmicas, uma coluna semanal em jornal de grande circulação em Goiás ou nos nove livros que já publicou – o 10º está a caminho. São livros sobre temática histórica, mas sempre com forte viés na Cultura.

Também nisso, boa parte de sua obra é em parceria com outros autores, entre os quais os historiadores Luis Palacin e Paulo Bertran. Com este, ele escreveu o já clássico “Goiás: 1722/2002”, uma cuidadosa cronologia da ocupação daquele território desde os tempos coloniais, peça indispensável em bibliotecas, universidades e na rede escolar em geral.

De igual modo, ele dedica bom tempo à música, como letrista, e tem mais de 200 composições gravadas por artistas diversos. Também dispensa carinho especial ao patrimônio histórico. Foi já nos primeiros anos de sua gestão na área cultural do Estado, por exemplo, que a Cidade de Goiás (Goiás Velho), antiga capital, criada por Anhanguera II em 1726, ganhou o status de Patrimônio da Humanidade, conferido pela Unesco.

NASR-chaul-pirenopolisNasr Chaul é casado pela segunda vez, com a biomédica e advogada Jacirene Aires. Do primeiro casamento, tem dois filhos: um jornalista, já casado; outro, mais novo, cursa Educação Física e mora com a dupla. O lar abriga também um casal de filhos da companheira, ambos formados em Direito.

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