Lições da história: A luta continua
Por Emiliano José
Um pouco antes de 1954, o PCB desancava Getúlio.
De entreguista pra cima.
Getúlio se suicida.
O partido, envolvido numa maré esquerdista desde o início dos anos 50, teve de fazer o diabo pra se explicar às milhões de pessoas indignadas e chorando o presidente.
Golpe de 64, e uma boa parcela da esquerda dizia: isso não dura seis meses, vamos pra cima.
Durou 21 anos
Durante os anos mais duros da ditadura, havia a notável palavra de ordem: o inimigo está nos cercando, não deixemos que ele escape.
A ditadura nos massacrou: prendeu,. torturou, matou.
Foi necessário um paciente trabalho de aglutinação de forças, mobilização de amplas massas para derrotá-la.
Estamos agora diante de uma situação nova: um governo de corte fascista, reacionário, violento, e eleito.
E acumulando forças para uma escalada ainda mais autoritária, como o provam as iniciativas voltadas ao inédito fortalecimento de militares na máquina governamental – nosso Zé Dirceu fez esse alerta nas últimas horas.
E apesar desse quadro, de resistência, de acumulação de forças, há os que, à esquerda, dão-se ao luxo de desqualificar o trabalho dos governadores nordestinos, cuja atuação enfrenta os rigores da óbvia perseguição do governo central, e se esforçam positivamente para enfrentar os desafios postos pela dramática situação de nosso povo.
São poucos, é verdade, essas companheiras e companheiros.
São valorosos.
E equivocados.
Qualquer governo merece crítica.
Mas cabe definir prioridades.
E a crítica há de ter seriedade.
A infantilidade de comparar governadores nordestinos a Bolsonaro, além de absolutamente falso, presta serviço ao presidente fascista.
É um desserviço à causa democrática.
A hora é de unir forças para tentar barrar a escalada fascista.
Não de regressar aos tempos em que Lênin era obrigado a combater a doença infantil do esquerdismo no comunismo.
As lições da história deviam nos ajudar.
Seguir na luta, juntar todas as forças que pudermos para voltar à vida democrática.
A luta dos petroleiros em defesa da soberania nacional e da Petrobras é um belo exemplo.
Está aglutinando, resistindo à destruição de um símbolo de nossa história.
A luta continua.
Fonte: PT
HORA DE VESTIR A CAMISA DO LULA
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PIX: contato@xapuri.info
Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.
Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.
Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.
Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.
Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.
Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.
Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.
Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.
Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.
Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.
Zezé Weiss
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