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4 brasileiras que lutaram pelo direito ao voto

4 brasileiras que lutaram pelo direito ao voto

4 brasileiras que lutaram pelo direito ao voto

Em 2022, comemora-se uma data importante para as mulheres: há 90 anos, conquistava-se o direito ao voto feminino, obtido durante o governo de Getúlio Vargas. Esse direito foi reconhecido em 24 de fevereiro de 1932 e homologado pela Constituição de 1934…

Por Maura Martins/via Mega Curioso

Embora o voto feminino fosse facultativo, ele se tornou obrigatório em 1965 e foi uma vitória extremamente importante do movimento feminista, que lutava pela equiparação dos direitos de homens e mulheres. O processo para essa conquista foi obra de muito trabalho de algumas brasileiras. Neste texto, contamos a história de quatro dessas mulheres.

1. Nísia Floresta

 
 

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)
Um dos nomes mais conhecidos nesta luta é o de uma mulher que nasceu e morreu antes que o voto feminino fosse reconhecido no Brasil. Dionísia de Faria Rocha, ou simplesmente Nísia Floresta, foi uma educadora, escritora e poetisa nascida em Papari (Rio Grande do Norte), em 1810.
Ao longo de sua vida, escreveu mais de 14 obras — a maioria delas defendendo os direitos das mulheres. Para muitos, Nísia foi a 1ª feminista do Brasil e seu reconhecimento hoje é internacional.
Em 1838, aos 28 anos, Nísia abriu uma escola para mulheres e causou polêmica por incluir matérias como Gramática, Matemática, Música, Ciências Sociais e Naturais. Muito à frente de seu tempo, Nísia Floresta defendeu o direito à educação e à participação na vida política, deixando um legado para as gerações de mulheres que a sucederam.

2. Leolinda de Figueiredo Daltro

 
 

(Fonte: Catechese dos índios no Brasil — Notícias e documentos para a História/Livro)(Fonte: Catequese dos índios no Brasil — Notícias e documentos para a História/Livro)
Nascida em 1859, a baiana Leolinda de Figueiredo Daltro também era professora. Sua atuação no magistério estava voltada aos indígenas: ela defendia que eles tivessem direito à educação, pela intermediação de um estado laico, ou seja, sem interferência da Igreja.
Leolinda, então, atuava em três frentes: lutava pela educação, pelos direitos dos indígenas e pelo direito das mulheres ao voto. Tudo isso, obviamente, não era visto com “bons olhos”: em 1909, ela foi chamada de “a mulher do diabo”, pois era desquitada e circulava em ambientes masculinos.
Em 1910, Leolinda fundou o Partido Republicano Feminino (PRF), o primeiro partido de mulheres no Brasil. O partido, claro, não foi reconhecido oficialmente — até porque as mulheres não tinham direito ao voto, o que era uma das reivindicações das afiliadas.
As integrantes realizavam passeatas, solicitavam audiências e participavam de atos no Plenário para tentar pressionar a criação de leis que garantissem a igualdade de mulheres e homens.
Em 1916, Leolinda apresentou um requerimento solicitando direito ao voto das mulheres. O pedido foi negado, mas abriu espaço para que o assunto começasse a ser debatido.

3. Bertha Lutz

(Fonte: Arquivo ONU)(Fonte: Arquivo ONU)

Bertha Lutz é considerada a maior líder na luta pelo direito ao voto das mulheres. Nascida em 1894, ela foi criada na Europa, mas retornou ao Brasil em 1918, onde se engajou no movimento feminista.
Junto a outras pioneiras, Bertha fundou em 1919 a Liga para a Emancipação Intelectual da Mulher — que mais tarde se tornou a Federação Brasileira para o Progresso Feminino (FBPF).
Um dos grandes objetivos do grupo era aprovar o direito ao voto. À frente do FBPF, Bertha organizou o 1º congresso feminista do país, em 1922. Uma das ideias do evento era levantar a discussão sobre o voto e ajudar a fazer pressão sobre os políticos da época.
Oito anos depois, em 1930, um golpe de Estado colocou Getúlio Vargas no poder. No ano seguinte, as sufragistas brasileiras conseguiram um encontro com o presidente e, finalmente, em 1932, o voto feminino apareceu no novo Código Eleitoral. No entanto, o voto ainda estava restrito aos cidadãos alfabetizados, então as pessoas pobres estavam excluídas desse direito.

4. Almerinda Gama

(Fonte: FGV/CPDOC)(Fonte: FGV/CPDOC)
Em 1899, nasceu Almerinda Gama, outra mulher que teve grande participação no movimento sufragista brasileiro. Datilógrafa, escritora e sindicalista, ela centralizou a sua atuação no direito das mulheres negras na política.
Almerinda nasceu em Alagoas, morou no Pará e, por fim, no Rio de Janeiro. Lá, aproximou-se do movimento feminista e da FBPF. As pesquisadoras do feminismo no Brasil contam que Almerinda tinha um papel “social” muito forte, pois ela atuava na interlocução entre a federação e a imprensa, que não costumava ver essas mulheres com “bons olhos”.
Além de atuar na FBPF, ela desenvolvia uma jornada importante como sindicalista. Foi a primeira dirigente do Sindicato dos Datilógrafos e Taquígrafos do Distrito Federal e também a única mulher a votar como delegada eleitora na Assembleia Nacional Constituinte de 1933.

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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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