Aloizio Mercadante: 2022, o ano da Esperança
Liderados por Lula, viveremos uma campanha que mistura a polarização e a paixão militante das eleições de 89 e o poderoso sentimento da mudança, como foi a eleição de 2002, afirma Mercadante..
Por Aloizio Mercadante/Revista Focus via PT Nacional
Começamos o ano com um cenário de estagnação econômica, inflação de dois dígitos e principalmente, desemprego, pobreza e fome generalizada. Mas, ao mesmo tempo, um cenário político extremamente promissor para o povo brasileiro, no que diz respeito às eleições presidenciais de outubro. Todas as pesquisas apontam para uma vitória do ex-presidente Lula, sendo que, em alguns casos, até mesmo em primeiro turno.
A chamada “terceira via”, ainda refém da agenda neoliberal, aparece cada vez mais inviabilizada, em uma disputa entre ex-bolsonaristas tardios e quem se omitiu nas eleições de 2022. Para além do extraordinário legado dos governos do PT, Lula terá a possibilidade de apresentar ao povo um projeto consistente e inovador, capaz de retomar o crescimento, com geração de emprego e distribuição de renda, retirando o Brasil do atoleiro neoliberal criado pela agenda Temer-Bolsonaro.
No momento oportuno, será apresentado um programa de governo que dialogue com a superação da ortodoxia fiscal e que coloque o Estado como grande agente indutor do desenvolvimento, como o mundo está assistindo no plano Biden e na “Nova Geração” da União Europeia, mas, principalmente, que tenha como foco principal a superação da fome, da miséria, da pobreza, da desigualdade, a geração de empregos e de renda, especialmente para os mais pobres, e a preservação do meio ambiente, com profundo compromisso com o combate às emissões dos gases do efeito estufa.
Para isso, é imperativo revogar o fracassado e desmoralizado teto de gastos e avançarmos em um novo arcabouço fiscal, que permita uma consolidação fiscal de médio prazo, acompanhada pelo retomada do crescimento econômico e assegurando recursos para as emergências sociais e o investimento público, capaz de alavancar os investimentos privados e impulsionar o processo de reconstrução nacional. Paralelamente, a implantação de uma reforma tributária justa, solidária e sustentável, com medidas que assegurem a progressividade fiscal, como a taxação de lucros e dividendos e a redução dos impostos indiretos.
Outra iniciativa fundamental do presidente Lula para esta campanha foi pautar o tema da precarização do mundo do trabalho, anunciando compromisso com uma reforma trabalhista, que restitua direitos que foram arrancados dos trabalhadores com a contrarreforma do governo golpista em 2017. Uma reforma capaz de recuperar mecanismos de acesso à justiça do trabalho, de restituir direitos sonegados e de permitir a reconstrução dos sindicatos dos trabalhadores.
É, por isso, que temos avançado na troca de experiências com ações exitosas de governos progressistas no mundo. O exemplo mais recente foi o seminário que fizemos com representantes do governo espanhol a fim de aprofundar o resultado exitoso dos nove meses de negociação tripartite entre o governo e as entidades sindicais (CCOO e UGT) e empresarias (CEOE e CEPYME) daquele país, que chegou a um acordo ambicioso para alterar a trajetória do sistema de regulação laboral e de relações de trabalho na Espanha.
É esse prestígio internacional, associado ao acúmulo de conhecimentos adquiridos em 13 anos de governo do PT, que asseguram o nosso compromisso histórico com a democracia e com os mais humildes e reforçam nossa convicção de que 2022 entrará para a história como o ano da esperança. Liderados por Lula, viveremos uma campanha que mistura a polarização e a paixão militante das eleições de 89 e o poderoso sentimento da mudança, como foi a eleição de 2002. Esta gigantesca vitória exigirá muito luta e firmeza, mas resultará no resgate de um Brasil solidário, generoso e acolhedor com todos e com todas. Lula vai voltar a governar o Brasil e a esperança, que antes derrotou o medo, irá derrotar o ódio!
Aloizio Mercadante
Do site da FPA
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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.
Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.
Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.
Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.
Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.
Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.
Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.
Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.
Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.
Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.
Zezé Weiss
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