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Cavernas Lascaux guardam o maior tesouro rupestre da humanidade

Cavernas Lascaux guardam o maior tesouro rupestre da humanidade

Cavernas Lascaux guardam o maior tesouro rupestre da humanidade 

Em meio ao cenário mundial caótico proporcionado pela Segunda Guerra Mundial, no dia 12 de setembro de 1940, a descoberta da Caverna Lascaux, uma rede de cavernas localizada próximo à aldeia de Montignac, no sudoeste da França, deu início a uma nova era para o conhecimento humano a respeito da arte pré-histórica e as origens da nossa civilização…
Por Julio Cezar de Araújo/via Mega Curioso
Isso porque Lascaux guarda um estoque de mais de 6 mil pinturas parietais que cobrem as paredes e tetos internos, representando animais de grande porte da fauna local contemporânea correspondente ao registro fóssil do Paleolítico Superior, com uma idade estimada de cerca de 17 mil anos (início do Magdaleniano).
 
(Fonte: S. Brimberg/National Geographic/Getty Images)(Fonte: S. Brimberg/National Geographic/Getty Images)
Essa obra de arte feita pela humanidade e dada à contemporaneidade foi descoberta por Marcel Ravidat, então com 18 anos, quando seu cachorro Robot caiu em um buraco nas imediações do complexo. Desesperado, ele recorreu a três de seus amigos, Jacques Marsal, Georges Agnel e Simon Coencas, que entraram na Lascaux por um poço de 15 metros de profundidade.
Quando os jovens aterrissaram no fundo, perceberam que as paredes estavam cobertas de representações de animais. Eles mal sabiam que estavam no epicentro de um dos maiores santuários naturais da humanidade.

O sistema

 

(Fonte: Sygma/Getty Images)(Fonte: Sygma/Getty Images)
Em 21 de setembro, os garotos voltaram com o abade Henri Breuil, que fez diversos esboços da caverna, usados até hoje por alguns historiadores devido à extrema degradação de muitas das pinturas nas paredes. Breuil também levou o curador do Museu de Pré-História da comuna francesa de Les Eyzies, Denis Peyronu, além de Jean Bouyssonie e o Dr. Cheynier.
Lascaux então foi dividida em 7 áreas: a Sala dos Touros, a Galeria Axial, a Passagem, a Nave, a Câmara dos Felinos, a Abside e o Poço. Divididos ao longo de três grandes eixos, os setores alcançam juntos 235 metros acessíveis de comprimento.
(Fonte: Alamy)(Fonte: Alamy)
Após uma meticulosa inspeção, o complexo de cavernas foi oficialmente aberto ao público em 14 de julho de 1948, ainda durante as incansáveis investigações arqueológicas. No entanto, em 1955, devido ao dióxido de carbono, calor, umidade e outros agentes contaminantes produzidos pelos mais de 1.200 visitantes diários — as pinturas começaram a ficar cada vez mais danificadas conforme o ar se deteriorava, dando vazão a fungo e líquens no espaço.
Pensando em preservar algo tão frágil, a Lascaux foi fechada ao público em 1963 para que as pinturas fossem restauradas ao seu estado original e um sistema de monitoramento introduzido para preservá-las.

Impressões seculares

(Fonte: AFP/Getty Images)(Fonte: AFP/Getty Images)
Foram curadas e identificadas cerca de 6 mil figuras impressas nas paredes da caverna Lascaux, entre animais, figuras humanas e sinais abstratos; em sua maioria pintadas em cores vermelhas, amarelas e pretas de vários pigmentos minerais, como compostos de óxido de ferro.
Análises das pinturas indicaram que as cores foram aplicadas pulverizando os pigmentos através de um tubo, esfregada com a ponta dos dedos ou gravadas em trechos em que a superfície da rocha é mais macia.
Das milhares imagens, 900 são de animais, sendo que 364 são desenhos de equinos e 90 de veados. Cerca de 4 a 5% deles são representações de bovinos e bisões, em meio a 7 felinos, um pássaro, um urso, um rinoceronte e a figura de um ser humano.

 

(Fonte: ResearchGate/Reprodução)(Fonte: ResearchGate/Reprodução)
As pinturas mais emblemáticas foram concentradas no setor Salão dos Touros, com um touro de 5,2 metros de comprimento, considerado o maior animal da arte rupestre descoberto até hoje.
Conforme o site oficial das cavernas Lascaux, o governo francês desembolsa um montante de 600 mil euros por ano para manter o compromisso de preservação das pinturas e patrocinar as pesquisas avançadas. Isso foi fundamental para cuidar do frágil ecossistema da caverna, que só é relativamente estável atualmente — o que não a torna menos vulnerável — devido ao seu fechamento ao público.
Em 2016, o governo francês inaugurou a Lascaux 4, formalmente conhecida como Centro Internacional de Pinturas Rupestres, uma reprodução fiel e delicada da caverna original. O empreendimento custou US$ 70 milhões para ser construído, demorando 6 anos para ficar pronto e proporcionar ao público o que poucas pessoas conseguiram visitando a caverna entre 1955 e 1963. A instalação fica a 800 metros da rede da Lascaux original, em Dordogne, na parte sudoeste da França.

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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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