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Da Perfeição à Loucura 1

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Da Perfeição à Loucura 1

As lembranças daquele encontro com minhas amigas antes da pandemia, as lembranças sobre as histórias das mulheres que rodearam a minha vida até aqui, me fazem refletir muito nesse momento que estamos em casa por causa de um vírus que nos encarcerou e nos ameaça a vida em toda a sua plenitude…

Por Giselle Mathias

Jamais imaginei que poderia me reencontrar, enxergar-me além das aparências, dos comportamentos exigidos e do padrão estabelecido por nossa sociedade. Encontrar a minha humanidade e compreender a do outro nesse meu processo reflexivo tem me aproximado muito de todos os que estão a minha volta, me possibilitou entender o passado, perdoar a mim e a quem eu acreditei ter me magoado. Entendo o quanto esse processo é individual, doloroso, e nada perfeito, mas a alegria que me proporciona, o crescimento e preenchimento de mim são indescritíveis. 

Pensando sobre o momento em que vivemos e sobre a reação de cada um sobre ele, em como cada pessoa está encarando toda essa situação, vem em minha mente as inúmeras notícias sobre o aumento da violência contra a mulher nesse período de fechamento e isolamento social, o quanto todos os conceitos, padrões e comportamentos sociais impostos por uma cultura exploratória e dominante se mostrou desnuda quando um vírus mostrou toda a sua fraqueza, nos forçando a encararmos um ao outro e a nós mesmos.

Soube de uma história que irei lhes contar, seu final é trágico, infelizmente, muito comum em uma sociedade em que hierarquizamos seres humanos em todas as esferas, em que justificamos esse status a partir de um conceito falacioso de meritocracia, o qual transcende o aspecto profissional, apesar de não percebermos o quanto essas narrativas nos influenciam em todo o nosso ser e nosso comportamento com o outro e em sociedade.

A Filósofa conheceu o Delegado em um jantar de família. Ele fora levado pelo seu irmão um policial. A noite transcorreu com tranquilidade e com conversas triviais; eles se encantaram um pelo outro; o interesse mútuo foi perceptível pela troca de olhares. Quando o Delegado foi se despedir da Filósofa disse que gostaria de encontrá-la novamente, e nesse momento perguntou ao policial, irmão dela, que estava ao seu lado, se poderia pegar o telefone da irmã, e o consentimento veio de imediato. Ela sem entender o que acontecia sorriu e disse ao Delegado que daria o telefone por vontade própria, não porque seu irmão “permitiu”, mas ele sorridente disse que era apenas uma brincadeira e que fez apenas uma deferência ao amigo.

Ela não gostou muito daquela situação, achou a brincadeira de mal gosto, mas como se interessou pelo Delegado resolveu relevar, lhe deu o telefone e aguardou o contato. Ele liga durante a semana para conversarem e combinarem algo, não é adepto dos aplicativos de mensagens, dizia que queria ouvir sua voz e encontrá-la, mas estava um pouco ocupado com o trabalho e não tinha certeza do dia que poderia vê-la. 

A Filósofa gostava das conversas e o interesse após os encontros estava cada vez maior. Ele era um homem envolvente, não tinha uma vasta cultura, sempre usava frases feitas e muitas referências, o que demonstrava ser um bom reprodutor do conteúdo que aprendera na sua formação acadêmica. Mas ele era gentil, divertido e demonstrava muito interesse nela e a vontade de conhecê-lo melhor crescia.

Saíram algumas vezes e as noites foram muito agradáveis, com direito à um longo beijo quando a deixava em casa, demonstrava respeito e lhe dizia que jamais tentaria algo que não fosse permitido. Os limites eram dela. 

Uma noite quando estavam dentro do carro, no estacionamento já vazio, próximo ao bar em que estavam, começaram a se beijar; um beijo intenso que arrepiou todo o corpo da Filósofa. Ele a envolvera em seus braços; suas mãos suavemente deslizaram por suas costas através do longo decote de seu vestido, as pontas dos dedos tocaram seus seios com delicadeza. Ela envolta no desejo e na sensação do toque, começa a abrir os botões da camisa do Delegado; beijou sua boca, o pescoço e desceu devagar até o seu peito; as mãos dele deslizaram por suas coxas, afastando o seu vestido, enquanto ela se ajeitava no banco do carro para sentir o toque desejado. Após sentir a mão dele lhe tocando e os dedos lhe acariciando, ela lentamente com sua boca e leves beijos percorre o caminho que desejava para proporcionar a si o sabor daquele homem e possibilitar que os dois sentissem a chegada do momento do êxtase da comunhão corpórea tão ansiada.

Aquele momento para ela havia sido inusitado, mas a conjunção dos corpos valeu o risco que corriam no lugar que escolheram para a primeira vez que deram vazão aos seus desejos mais íntimos. O namoro começou, estavam envolvidos um pelo outro, gostavam de estar juntos, as famílias aprovaram a relação, socialmente estavam encaixados em todos os modelos exigidos.

A relação se mostrava diante dos olhos de todos quase perfeita, mas havia algo que lhe incomodava, ele costumava chamar a sua atenção quando dizia algo mais aprofundado ou fazia reflexões sobre a vida, o momento político ou qualquer outro assunto que despertasse o interesse de outro homem; não falo aqui do interesse sexual, mas daquele que decorre de uma boa conversa, de um tema agradável ou instigante. Dizia a ela que sua conversa era chata, ou que tentava diminuir os outros com suas opiniões intelectualizadas, deveria se recolher e falar apenas amenidades, afinal não era tão boa e inteligente quanto pensava.

Ela não o contestava, achava melhor não brigar e acreditava que com o tempo ele poderia mudar essas atitudes, que mostraria a ele outra forma de ver a vida, com o seu amor e dedicação ele a veria de outro jeito. Mas com o tempo além de criticar suas palavras, começou a criticar suas roupas, seu comportamento, seu cabelo e tudo mais. Aquela mulher perfeita que ele no início dizia ter conhecido havia se transformado em um poço de defeitos. 


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