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Formosa: Corujão e Romãozinho – Mitos e Lendas de Couros

Romãozinho e Corujão – Mitos e Lendas do Arraial dos Couros

Feliz 2017! Neste começo de ano ensolarado, voltamos a publicar textos de escritores e escritoras formosenses, em reconhecimento ao extraordinário trabalho de registro histórico que vem sendo feito sobre Formosa, esse município histórico do nordeste goiano,  em gratidão a este solo amado do Bem-Querer, casa e lar da Xapuri.  Neste post, um pouco mais da obra póstuma do escritor Alfredo A. Saad, falecido em 2011, publicada no livro Álbum de Formosa, no ano da graça de 2013.

Como em todos os lugares do mundo, a escuridão da noite propiciava o surgimento de lendas e mitos, envolvendo entidades fantásticas, assombrações aterrorizantes, monstros fabulosos. Em Formosa, duas entidades serviram, durante muito tempo, e persistiram até meados do século vinte, como meio para os pais amedrontarem as crianças e, daí, controlá-las: o Romãozinho e o Corujão.Não é sabida e época em que tais mitos foram introduzidos na região.

Romãozinho em tudo era parecido como Saci, nascido nos campos do Rio Grande do Sul. Era um menino amaldiçoado pela mãe, em razão das maldades que cometeu contra o pai e, como o Saci, perseguia viajantes nas estadas e preparava-lhes armadilhas, agredia-os e botava a perder a comida preparada para viagem, tão fundamental nas longas travessias pelo sertão. Essas duas entidades serviam para justificar a pouca durabilidade dos alimentos adrede preparados sem cuidados e sem tecnologias adequadas para as longas viagens pelo interior do país.

O Corujão não tem similaridade com qualquer outro mito brasileiro: era uma coruja enorme, cerca de um metro de altura, que possuía longa orelhas (sic) rastejantes, cujos ferimentos, pelos espinhos e pelas pedras dos caminhos, faziam-na gemer, tristemente, ao longe, mergulhada na escuridão da noite.

Alguns privilegiados corajosos  diziam ter enfrentado o Corujão e saído incólumes do encontro. Não se sabe, porém, se a entidade era, de alguma forma, agressiva. Tudo indica que os gemidos é que aterrorizavam a população.

A mula-sem-cabeça, mito bastante difundido no Brasil, também aterrorizava a população de Formosa. Eventualmente, mencionava-se o lobisomem, que vagava nas noites de lua cheia da Quaresma. As histórias de lobisomem, porém, surgiram tardiamente na cidade e podem mesmo ter sido importadas, já em pleno século vinte.

Ao lado das entidades fantasmagóricas, os habitantes de Couros e, depois, Formosa, sempre sentiram temores que comumente difundiam-se na população. Eram medos atávicos dos assaltantes, das gripes, da varíola, das invasões da cidade por bandos armados, bem como da polícia estadual, sempre afeita às ameaças e às agressões.

Asim, até os anos cinquenta do século passado, eles inquietaram-se ante entidades fictícias e entidades reais, estas sempre mais ameaçadoras do que aquelas. O crescimento da população, com a construção de Brasília e a chegada de pessoas de todo o país, contribuiu preponderantemente para o desaparecimento do medo das entidades imaginárias, mas não do medo das reais.

ANOTE AÍ:

Alfredo A. Saad foi um escritor primoroso. Seu livro “Álbum de Formosa” traz histórias inéditas, fundamentais para a compreensão da história social do município. Devia ser adotado nas escolas, devia fazer parte do acervo das bibliotecas, devia ser o presente institucional do município aos e às visitantes ilustres da cidade.

Seu filho Alfredo Antonio Saad Filho assim o descreve:

Alfredo Antonio Saad faleceu em 2011. Entre seus papéis, encontravam-se os originas do Álbum de Formosa.

Essa obra foi escrita por amor à cidade onde ele nasceu, e onde viveu alguns dos melhores dias de sua vida. Formosa foi, também, sua referência de família, não apenas por ser a morada de seus pais e de vários parentes, mas por ter sido o núcleo formativo de sua trajetória de vida, seu principal referencial de memória e seu local de acolhida.

Formosa foi a sua casa e este livro é um retorno a ela.

Álbum de Formosa é uma obra histórica e de anedotas, reconstituindo a trajetória da cidade, recontando passagens significativas de sua evolução, e relatando personalidades e momentos que a formaram.

O livro parte de um ponto de vista intensamente pessoal para oferecer um relato único, irônico, ácido,  cômico e melancólico das perdas impostas pelo tempo, pelo descuido e pelo progresso da cidade.

Ele funciona, assim, como um alerta para a necessidade de preservação da memória histórica e arquitetônica da cidade, como âncoras de identidade de seus habitantes.

 

SOBRE O ROMÃOZINHO

 

Existe um lindo  poema-livro da escritora Ieda Vilas-Boas, parcialmente publicado pela Xapuri e disponível no link: http://xapuri.info/wp-admin/post.php?post=4513&action=edit. A ilustração é de Welyton Rodrigues.

 

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