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García Lorca: a própria essência da sensibilidade hispânica e da alma andaluza

Federico García Lorca foi um poeta e dramaturgo espanhol. Considerado um dos grandes nomes da literatura espanhola, levou para sua poesia a paisagem e os costumes da terra natal.  Um dos maiores representantes do teatro poético do século XX

Através de sua poesia, Federico García Lorca identificou-se com os mouros, judeus, negros e ciganos, alvos de perseguições ao longo da história de sua região. Ele próprio sentiu na pele a discriminação com que os espanhóis da época trataram sua condição de homossexual.

Federico García Lorca nasceu em Fuente Vaqueros, província de Granada, Espanha, no dia 5 de junho de 1898. Filho de Federico García Rodriguez, próspero negociante de açúcar, e da professora Vicenta Lorca.

Em 1909 mudou-se para Granada onde cursou a escola secundária no Colégio do Sagrado Coração de Jesus. Em 1914, ingressou no curso de Direito na Universidade de Granada, por imposição da família, pois sua vocação era a poesia. Também revelou interesse pela música, pintura e teatro.

Em 1918, García Lorca escreveu um livro sobre Castela – “Impressões e Paisagens”, com o patrocínio de seu pai. A obra foi bem recebida por parte da crítica. Em 1919 mudou-se para Madri onde continuou os estudos, diplomando-se em 1923. Nessa época aproximou-se de grandes nomes da vanguarda artística espanhola. Tornou-se amigo íntimo de Salvador Dali, Manuel de Falla, Luís Buñuel e Rafael Alberti.

Convidado pelo diretor do Teatro Eslavo o famoso dramaturgo Gregório Martinez Sierra, García Lorca escreveu a peça “O Malefício da Mariposa” que estreou no dia 22 de março de 1920, porém não foi bem recebida por parte do público e da crítica.

Escrita em prosa e verso e com os personagens representados por meio de insetos: baratas, escorpiões, vermes e a própria mariposa, O Malefício da Mariposa aborda conflitos existenciais entre ser e estar no mundo e o confronto com o próprio ser. A peça foi um marco decisivo de uma mudança nos conceitos teatrais da época.

A plenitude de García Lorca como dramaturgo só foi alcançada com a trilogia essencialmente trágica formada por “Bodas de Sangue” (1933), “Yerma” (1934) e “A Casa de Bernarda Alba” (1936), esta a sua única peça escrita inteiramente em prosa e talvez a sua obra dramática suprema.

O lançamento do “Livro de Poemas” (1921) despertou grande atenção da crítica, mas após a publicação de “Canções Ciganas” (1927) García Lorca foi definitivamente consagrado pela crítica. Em 1928, com o lançamento de “Romanceiro Gitano”, para muitos a maior de suas obras poéticas, García Lorca ingressou na galeria dos grandes nomes da poesia espanhola.

A partir de 1925, Federico García Lorca passou a colaborar com várias revistas literárias madrilenhas e já apresentava diversos recitais de poesias. Em 1929 esteve em Nova Iorque, como bolsista da Universidade de Colúmbia, época em que escreveu poemas que só foram publicados após sua morte. Já de volta à Espanha, em 1932 criou e dirigiu a companhia teatral “La Barca”, que percorreu as aldeias de todo o país encenando autores famosos como Cervantes e Lope de Vega.

As últimas poesias de García Lorca revelam seu verdadeiro amor a terra e a gente andaluza, como em “Seis Poemas Galegos” (1935), “Poemas Soltos” e “Cantares Populares”, estes publicados postumamente. Muitos de seus livros foram ilustrados com seus desenhos e vinhetas, e também por partituras de sua autoria.

Embora gostasse imensamente de viajar, o escritor espanhol Federico García Lorca nunca cortou os vínculos com sua terra natal, a “sua” Granada, de onde sempre sentia saudades quando estava longe. Lorca apreciava o passado glorioso da cidade.

Acima de tudo, fascinava o poeta o período dos mouros, que deixaram na cidade a Alhambra, uma das edificações mais preciosas da história da arquitetura. “Ele se considerava um herdeiro de Boabdil, um dos últimos governantes mouros da cidade”, diz Luís García Montero, conhecido poeta e professor de Literatura de Granada.

Apesar disso, a relação de Lorca com a cidade era ambígua. “Ele se sentia muito bem aqui, onde morava sua família. Naquela época Granada era um centro cultural muito importante, mas Lorca temia também os defeitos da cidade”, diz García Montero. Lorca desprezava a classe alta reacionária de Granada.

Em julho de 1936, na última entrevista que concedeu, publicada pelo jornal El Sol, ele dizia que na cidade vivia “a pior burguesia de toda a Espanha”. Essa declaração causou a ira dos fascistas locais, uma vez que Lorca já era então odiado por seu entusiasmo pela república e por ser homossexual.

Os Lorca eram liberais e avessos à Igreja. A irmã de Federico, Concepción, se casou com o prefeito socialista Manuel Fernandéz Montesino, que foi mais tarde também executado pelos fascistas.

Lorca recebeu uma formação educacional exemplar. Ainda pequeno, já era notável sua aptidão para as artes. Ele era um orador eloquente, além de demonstrar habilidades para a pintura e a música. Depois de iniciar seus estudos de Direito, Filosofia e Letras em Granada, ele se mudou para Madri.

No lendário alojamento de estudantes – a Residencia de Estudiantes – conheceu os artistas mais importantes de seu tempo. Fez amizade com Salvador Dalí, Manuel de Falla e Rafael Alberti, com o poeta Antonio Machado, com Pablo Picasso e muitos outros.

Em 1929, fez uma viagem aos Estados Unidos, onde escreveu O Poeta de Nova York, um livro muito apreciado. No entanto, não se sentindo à vontade na metrópole agitada e barulhenta, optou por uma vida mais retirada em Cuba no ano de 1930, retornando a seguir à sua terra natal. A Espanha, naquele momento, vivenciava uma ruptura política. No dia 14 de abril de 1931, era proclamada a Segunda República.

Em defesa das mulheres

Lorca defendia os ideais republicanos. Como diretor, viajou com o teatro ambulante La Barraca pelo interior do país, a fim de levar cultura e informação para o povo. Sem ser filiado a qualquer partido, tinha amigos entre as duas correntes políticas da Espanha em meados dos anos 1930. E se posicionava claramente contra as relações feudais comuns na Granada da primeira metade do século 20.

Lorca assumia, acima de tudo, a defesa das mulheres. Com suas peças em prol da autoafirmação feminina, tocava no zeitgeist. Suas obras são dominadas por personagens femininas, que se voltam contra a moral vigente e são capazes de morrer por seus ideais.

A morte está presente em toda a sua obra. As últimas frases em A Casa de Bernarda Alba parecem o prenúncio sinistro da tragédia que estava por vir:  “Nenhum lamento. É preciso olhar a morte de frente. Lágrimas, só quando você estiver sozinho! Todos nós mergulhamos num mar de lágrimas. Silêncio. Silêncio”.

Federico García Lorca foi fuzilado na cidade de Granada, Espanha, no dia 18 de agosto de 1936, aos 38 anos, por ordem de oficiais da ditadura do general Francisco Franco, no auge de sua produção literária. Lorca Jamais deixou de manifestar sua aversão aos fascistas e aos militares franquistas. Era considerado comunista pela facção ultradireitista. Foi uma das vítimas da Guerra Civil Espanhola que matou mais de 1 milhão de pessoas. Até hoje seus restos mortais não foram encontrados.

Os embaixadores da Colômbia e do México previram que o poeta poderia ser vítima de um ataque devido à sua posição como funcionário da República, oferecendo-lhe o exílio, mas Lorca rejeitou a oferta. Segundo o historiador Ian Gibson, o poeta foi acusado de “ser espião dos russos, ter contato com eles pelo rádio, ter sido secretário de Fernando de los Ríos e ser homossexual”. Federico Garcia Lorca, foi baleado às 4h45 em 18 de agosto de 1936 por ordem de um General. Seu corpo ainda está enterrado em uma cova comum anônima em algum lugar daquele seu amado lugar. Segundo algumas versões, ele teria sido fuzilado de costas, em alusão a sua homossexualidade.

Fonte: ebiografia.com Edição Xapuri


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