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Filha de Olavo de Carvalho, denuncia “gabinete do ódio”

Filha de Olavo de Carvalho, denuncia “gabinete do ódio”
 
 
Heloisa de Carvalho Martin Arribas é a filha do escritor e professor on-line de filosofia Olavo de Carvalho. Rompida com o pai, ela agora quer ser ouvida pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News. E garante ter revelações a fazer sobre a influência do chamado “guru” do bolsonarismo em espalhar notícias falsas.
Ela mesma diz ter sido vítima desses ataques. Ela antecipa que pretende contar todos os detalhes do episódio na comissão. Além disso, ela pretende pedir uma audiência reservada com deputados e senadores para informar o nome de quem seria o “elo” de Olavo de Carvalho com o chamado “gabinete do ódio” da comunicação do Palácio do Planalto. Com isso, ela acredita que revelaria o quartel-general de disparos em massa de notícias falsas, que seriam orientadas pela comunicação do governo de Jair Bolsonaro.
Em pé de guerra com o pai, a quem acusa de abandono intelectual e de tê-la levado a “noitadas underground” que ele supostamente frequentava em São Paulo, quando ela tinha cerca de 12 anos, Heloisa diz que Olavo teme seu depoimento: “Ele está desesperado com a possibilidade de eu ser ouvida”, disse, em entrevista exclusiva ao Metrópoles.
“Tenho uma informação. Quem sabe? Meia dúzia de pessoas ligadas a mim, da minha extrema confiança. Um possível local e uma possível pessoa que tem um QG de computadores para disparos de fake news em massa”, disse Heloisa, fazendo mistério.
“Tenho muitos prints de fake news do Olavo. Ele espalhando, ele publicando. Tem muito material para mostrar que ele é o cabeça”, ameaça Heloísa, ao dizer que o pai usou as redes sociais para divulgar uma carta aberta por meio de um perfil falso.
“Eu fui vítima de fake news produzida pelo Olavo de Carvalho. Ele usou um perfil fake que durou cinco dias no Facebook. Escreveu uma carta aberta a mim. Depois de 5 dias, esse perfil sumiu. Cadê esse perfil? Cadê essa pessoa?”, questiona.
Ao falar do QG que pretende apontar sigilosamente à CPMI, ela conta que chegou a essa conclusão ao observar a “convergência” de uma investigação sua com a de outras pessoas que investigavam o seu pai.
“Como eu descobri isso? Eu estava investigando várias coisas. Aí eu cheguei nessa pessoa. Tinha um pessoal também investigando coisas do Olavo. Chegaram também nessa pessoa. Eles não sabiam da minha investigação, nem eu da deles”, contou.
“Eles me disseram: Nós chegamos no fulano: Eu: Putz! Bateu com a minha (investigação)”, disse Heloísa. “Esse fulano, eu conheço desde muito nova. É uma pessoa que não aparenta qualquer suspeita. Toda vida dele é meio secreta. O cara não tem família . Não deixa amigos frequentarem a casa em que ele tem QG. Eles foram além na investigação dele até chegar a gente do primeiro escalão do governo, ligado a esse cara. É um cara que nunca se meteu em política. Eu o conheço desde pequena. É amigo, é uma pessoa muito ligada ao Olavo. É um Zé Mané, uma pessoa que ninguém dá nada por ele”, descreveu.
Paulistana, Heloisa é advogada e disse que já trabalhou na polícia em Atibaia, cidade do interior de São Paulo, onde vive. Ela conta que também trabalhou para um jornal local, vendendo publicidade e fazendo o serviço de gráfica da publicação. Hoje, ela vive como microempreendedora fornecendo material impresso personalizado para festas e dando aulas de artesanato. “E ele ainda diz que eu nunca trabalhei”, reclama, referindo-se ao pai.
Ela tem um filho do primeiro casamento, contraído aos 16 anos. Segundo ela, a criança foi gerada em uma comunidade islâmica, supostamente liderada pelo pai. “Sim, ele já foi islâmico. Já foi comunista, islâmico…”.
Recentemente, chegou às livrarias o seu livro sobre o pai, Meu Pai, o Guru do Presidente – A Face Ainda Oculta de Olavo de Carvalho, escrito em parceria com o curitibano Henry Bugalho, especialista em Literatura e História. O lançamento oficial, com noite de autógrafo, no entanto, deverá ocorrer entre março e abril, quando Bugalho virá ao Brasil para a divulgação da publicação.
Para falar à CPMI, Heloisa precisa ser chamada pelos deputados e senadores que integram o colegiado. O deputado Alexandre Frota (PSDB-SP) apresentou um requerimento para que ela seja convocada, no entanto, o pedido não foi apreciado na reunião que ocorreu nessa quarta-feira (05/02/2020). Em 2019, o deputado Paulo Ramos (PDT-RJ) apresentou também um pedido para que o pai dela seja convocado. Este requerimento não foi apreciado pela comissão.
Ao falar do pai, ao qual sempre se refere como “guru”, ou pelo nome “Olavo” – jamais usando o termo “pai” – Heloisa enfatiza sucessivos envolvimentos dele com o que ela chama de “seitas”.
“Eu falo que é seita por toda a questão religiosa envolvida pelo fanatismo e por toda a dominação mental que formam essa teia. Essa teia tem divisões, com pessoas da área política, da área médica, do ensino, religiosos. São várias ramificações. Alguns são amigos entre si. Mas nem todos. Mesmo porque ele usa a estratégia de não colocar todo mundo em contato para não vazar nada”, destacou.
Na visão de Heloisa, o presidente Jair Bolsonaro repete um conjunto de frases que teriam sido cunhadas por seu pai. “Quando o Bolsonaro fala que foi eleito devido ao Olavo de Carvalho, é verdade”, argumenta.
Ela rebate ainda a ideia divulgada por Olavo de que é católico desde criança. “Isso é mentira. Como ele é católico desde criancinha se ele não batizou nenhum dos quatro primeiros filhos. A gente não fez primeira comunhão, não fez nada. Eu fui fazer, depois de adulta, por opção minha”, contou.
De acordo com Heloisa, as “seitas” criadas por seu pai sempre seguem o discurso hegemônico e que o recente viés moralista de direita nunca foi predominante. Segundo ela, ele sempre teve a habilidade de angariar seguidores, quer seja nas redes sociais, quer seja na vida real. “Olavetes existem desde a década de 1980”, contou. “Ele adotou este discurso moralista agora porque é o discurso do momento”, afirmou.
“Na época do comunismo, o discurso era o do comunismo. Na época do islamismo, o discurso era o do islamismo. Depois veio o discurso da astrologia. E assim vai. Hoje, o discurso é qual? Político, moralista, católico, cristão. É a fala de que todo mundo é demoníaco e só eles prestam. É o discurso de que o Brasil tem que virar um país oficialmente cristão, porque também tem os evangélicos que são uma camada que também eles não desprezam”, explicou.
Para ela, a postura do pai não guarda coerência com outras fases de sua vida, na qual ele costumava frequentar, na companhia de uma amigo médico, o espaço underground paulistano Madame Satã, um clube de música instalado no distrito da Bela Vista, região central do município de São Paulo, Brasil. A casa fechou suas portas em 2009 e voltou a funcionar em 2012.
“Ele frequentava o Madame Satã e, pior, me levava junto. Eu tinha apenas 12 anos”, contou.
 Fonte: Blog da Cidadania via Metrópoles

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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

 

 

 

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