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Lula: “É preciso que sejamos fortes…”

Lula: “É preciso que sejamos fortes na indústria e na ciência e tecnologia”

À Rádio Passos, Lula defende pacto nacional pela reconstrução do país, com desenvolvimento, geração de empregos dignos e inclusão digital: “Podemos crescer, temos grandeza e um povo inteligente”…
 
Por PT Nacional

O Brasil precisa urgentemente de um projeto de reconstrução nacional que envolva a união dos diversos segmentos da sociedade civil e dos governos federal, estaduais e municipais, com foco na reindustrialização e no investimento de setores estratégicos, como ciência e tecnologia. Só assim será possível promover uma recuperação da economia com geração de empregos, defende o ex-presidente Lula. Os desafios e os caminhos do país para a retomada de um caminho de pleno desenvolvimento, abandonado desde o golpe de 2016, estiveram no centro da entrevista de Lula à Rádio Passos (MG), nesta terça-feira (22).

“Commodities são importantes, o Brasil é importante e competente em produzir commodities”, opinou Lula. “Mas também é preciso que sejamos fortes na indústria, na ciência e tecnologia, e na indústria digital, que é o que manda no mundo hoje”, declarou o ex-presidente. Lula defendeu a construção de um amplo canal de diálogo entre gestores, trabalhadores e empresários para discutir um modelo econômico que possa ser socialmente justo e adequado às necessidades do país.

“Se eu ganhar as eleições, quero convocar uma reunião com os governadores eleitos”, assegurou Lula. “Para que me digam e apresentem projetos das principais obras que acham que são vitais ao desenvolvimento do estado. E assim faremos com os prefeitos, foi assim que construímos o PAC [Programa de Aceleração do Crescimento]. As cidades são peças importantes, é na cidade que o povo estuda e trabalha”, lembrou Lula.

“Se voltarmos, será com muito mais experiência e sabedoria, com vontade de fazer as coisas que não conseguimos fazer. E para isso, é preciso construir uma harmonia entre presidente, governadores e prefeitos para que as coisas possam funcionar”, ressaltou.

Reforma trabalhista destruiu direitos

O caminho da reconstrução também deverá passar por uma revisão da reforma trabalhista que, na avaliação do líder petista, apenas destruiu direitos. “Reforma tem um sentido de fazer as coisas melhorarem para o povo, o que fizeram foi uma destruição”, lamentou Lula.

“Não queremos ficar presos ao passado, mas queremos juntar empresários, sindicatos, governo, universidade, se for o caso, para discutir qual é a legislação trabalhista que precisamos para nos adequar ao momento político, econômico, cultural”, insistiu.

Lula citou o exemplo de Araraquara, que criou aplicativos pela prefeitura, tanto para transporte de passageiros como entrega de comida. “Edinho criou aplicativo onde 90% do que o trabalhador ganha fica para ele,  e 10% são para pagar os custos”, elogiou Lula. “Hoje, o cidadão trabalha, mais de 50% fica para os donos dos aplicativos e ele fica com uma parte menor. E ainda tentaram induzir as pessoas à ideia de que eles são empreendedores”.

“Esse é um desafio para o futuro: que tipo de emprego queremos criar? Intermitente, sem direito, vamos fazer a pessoa trabalhar em aplicativo sem nenhum direito?”, indagou o ex-presidente. “É preciso dar garantia, seguridade social para as pessoas, que precisam de descanso, férias e um salário digno para comer. É isso que vamos construir nesse país outra vez”, garantiu.

Inflação pressiona preço dos alimentos

Lula enfatizou ainda que será necessário medidas de urgência na economia para conter o ciclo inflacionário, hoje responsável por uma erosão no poder de compra dos trabalhadores, em especial dos mais vulneráveis. Precisamos debelar a inflação”, reconheceu Lula. “No nosso governo, estabelecemos uma meta de 4,5% e cumprimos. A economia crescia, a gente gerava emprego de verdade, com carteira assinada”.

“Temos de brigar contra a inflação, uma desgraça na vida do trabalhador. Controlar a inflação é obrigação para garantir ao povo trabalhador o seu poder de compra”, avaliou.

De volta ao Mapa da Fome

Lula afirmou que é inaceitável a situação do país, hoje de volta ao Mapa da Fome das Nações Unidas. “Que [injusto] mundo é esse, em um país que é o terceiro produtor de alimentos do mundo, onde a agricultura familiar já deu demonstração de competência?”, espantou-se. “70% do alimento que vai para a mesa do brasileiro é produzido por pequenos e médios agricultores. No nosso governo, garantíamos que o alimento chegasse barato na mesa do povo”.

“Se as pessoas estão reclamando dos preços dos alimentos na classe média, imagina na classe pobre”, apontou Lula. “Quando vemos que está diminuindo a área de plantio de feijão… A Conab tinha de ter um estoque regulador, isso acabou. No nosso tempo, tínhamos um estoque regulador para impedir que o preço oscilasse muito para cima. Agora está caro o arroz, o feijão, a mandioca, o leite”, elencou. Hoje, o desgoverno de Bolsonaro deixou a população à própria sorte. “Por isso que hoje temos 19 milhões de pessoas passado fome, 116  milhões de pessoas com algum tipo de insegurança alimentar”.

Ainda há tempo de impedir a entrega da Eletrobras

Lula voltou a convocar a sociedade civil a se manifestar contra a entrega da Eletrobras ao capital privado. “É importante que os trabalhadores do setor se manifestem, que façam protesto, que mandem cartas aos deputados. [Isso] deveria ao menos passar por uma discussão dentro do Congresso Nacional. Ainda há tempo de fazermos pressão para que a Eletrobras não seja privatizada”. alertou.

“Sou contra, o PT é contra e o meu governo sempre foi  contra privatização das empresas estatais, que tanto serviço prestaram ao povo brasileiro”, reforçou. “Não há nenhuma necessidade de você vender um patrimônio que foi construído pelo povo brasileiro, com dinheiro do povo. Uma empresa que pode servir para ser a reguladora do sistema elétrico, não permitindo os aumentos abusivos da energia que estamos vendo no país”.

“É importante que todos nós tenhamos consciência: vender a Eletobras a preço de banana é se desfazer do patrimônio público para enriquecer ainda mais os mais ricos. O resultado disso será mais desemprego, redução de salário, mais trabalho intermitente e mais trabalhadores fazendo bico porque não terão emprego seguro”.

“Colocamos 8 milhões de estudantes na universidade”

“Fui o primeiro presidente sem diploma e vamos passar para a história como o governo que mais fez universidades, que mais colocou jovens na universidade”, desafiou Lula. “Seja através do Prouni, do Fies, do Reuni. Saímos de 3,5 milhões de para 8 milhões de estudantes na universidade. Agora estão destruindo, cortando o orçamento da educação, das universidades, não escolhem reitor que os alunos querem… Não há democracia, é algo sem precedentes”.

Para o ex-presidente, “todas as crianças, independentemente de serem pobres ou ricas, têm de ter a mesma oportunidade, que é dada em um banco de escola. Esse país pode, tem grandeza e um povo inteligente, que precisa apenas de acesso às oportunidades. Quem deve garantir as oportunidades é o Estado brasileiro”.

Elite contra o povo

Lula aproveitou o gancho do tema da educação para criticar a elite brasileira, sempre atuando em proveito próprio e deixando a maioria do povo com as migalhas. “Cada vez que a gente começa a produzir riqueza e o país começa a crescer, vem alguém e dá um golpe. E com o apoio da elite brasileira, que sempre quer tirar direitos do povo trabalhador”, argumentou Lula.

“A elite brasileira fez, em 100 anos, 140 escolas técnicas.  Nos governos do PT, entre Lula Dilma, fizemos quase 550 novas escolas técnicas, que ajudam no desenvolvimento regional”, disse. ”

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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

 
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