Lula: É preciso recuperar o atraso escolar das crianças na pandemia
“Vamos ter de fazer um esforço enorme, chamar os educadores, fazer um mutirão, utilizar o que tiver de instrumentos para que a gente possa recuperar essa falha”, diz Lula…
Por PT Nacional
“Vamos ter de fazer um esforço enorme, chamar os educadores, fazer um mutirão, utilizar o que tiver de instrumentos para que a gente possa recuperar essa falha e colocar as crianças no mesmo padrão educacional. Temos que garantir que tenham a mesma qualidade de educação, que aprendam as mesmas coisas, essa é uma das preocupações que eu tenho”, afirmou.
O ex-presidente lembrou que é a educação que permite que as pessoas progridam na vida. Nos governos do PT, o investimento público em educação passou de 4,7% do PIB em 2002 para 6% do PIB em 2014. Além disso, em 2014 a então presidenta Dilma Rousseff sancionou o Plano Nacional de Educação, que previa o aumento progressivo da destinação de orçamento para a educação, até chegar a 10% em 2024.
Lula sempre conta que sua mãe, Dona Lindu era analfabeta, e que ele mesmo estudou muito pouco quando era jovem, por falta de oportunidade. Por isso, o acesso à educação foi um dos pilares de seu governo, assim como da presidenta Dilma.
Pobre no orçamento
Lula defendeu também a inclusão do pobre no orçamento e dos ricos no imposto de renda, como medida de estimulo ao consumo, à geração e emprego e ao crescimento. “Se colocarmos o pobre no orçamento e o rico no Imposto de Renda, se tivermos uma política de inclusão social que faça com que o pobre tenha dinheiro para ir ao mercado, para comprar um short, um vestido, um sapato, um caderno, a economia vai crescendo por si só. Não tem outra mágica. Não tem essa de plano emergencial para gerar emprego”.
Conversa com a sociedade
De acordo com o ex-presidente, para consertar o país, será preciso muita responsabilidade, muita seriedade, muito juízo e muita conversa com a sociedade. “Você tem que ouvir os trabalhadores, os artistas, o povo que está querendo casa, que está querendo terra, que está querendo emprego. Por isso, fiz 74 conferências nacionais para discutir políticas públicas e para ter certeza de que a sociedade estava participando”.
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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.
Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.
Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.
Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.
Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.
Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.
Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.
Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.
Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.
Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.
Zezé Weiss
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