Lula: “O Brasil nunca precisou tanto do PT como hoje”
“Pela primeira vez fizemos um governo para todos os brasileiros e brasileiras. Se fosse para governar a somente uma parte, o Brasil não precisaria do PT”, disse. Em seguida, listou uma série de problemas econômicos do País e algumas tragédias como as que ocorreram em Brumadinho, Mariana e o óleo que se espalha pelas praias do Nordeste. “O Brasil nunca precisou tanto do PT como hoje, e o PT tem que ser grande o bastante”, acrescentou.
O ex-presidente, contudo, ressaltou que não é possível “salvar o Brasil” com um único partido. Ele destacou que é preciso haver uma união das legendas de esquerda e centro-esquerda.
Lula está em liberdade, após ter ficado 580 dias preso na sede da Polícia Federal, em Curitiba. Ele foi condenado em duas instâncias por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá, mas foi solto há duas semanas após o Supremo Tribunal Federal (STF) votar a favor de entendimento de que condenados só poderão ser presos depois de esgotados todos os recursos.
Lula contou que recebeu conselhos para não polarizar o debate político no Brasil, mas indicou que rejeita a ideia, pois o PT precisa se posicionar como contrário ao governo do presidente Jair Bolsonaro. “Nos falam para não polarizar como se o Brasil não estivesse há séculos polarizado entre os poucos que têm muito e os muitos que não têm nada”, disse. “Temos que ter a coragem de dizer que somos, sim, o oposto do governo Bolsonaro, não dá para ficar em cima do muro ou no meio do caminho”, disse.
O ex-presidente afirmou também que lutará para que sua sentença seja anulada e ele tenha um julgamento justo. “Lutarei nos tribunais para que reconheçam que quem me condenou nem sequer poderia ter me julgado”, afirmou, em referência ao ex-juiz Sergio Moro, hoje ministro da Justiça. “Ele não tinha autoridade ética nem moral para me julgar”.
A cerimônia de abertura do congresso contou também com a presença da ex-presidente Dilma Rousseff e de Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo e candidato do PT à Presidência da República na eleição do ano passado, derrotado no segundo turno pelo presidente Jair Bolsonaro. Estão ainda a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e diversos parlamentares do partido e políticos de outras siglas de esquerda.
Dilma falou por alguns minutos e criticou o governo Bolsonaro. Segundo ela, a última medida econômica adotada pelo presidente, de cobrar tributos dos desempregados por meio do seguro-desemprego, mostra o quanto é necessário mudar o Brasil. “E será um caminho um pouco mais fácil porque temos a grande liderança do País ao nosso lado”, afirmou a ex-presidente, em referência a Lula.
Candidato do PSOL à Presidência em 2018 e líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, Guilherme Boulos defendeu a união da esquerda contra o governo Bolsonaro. “Aquilo que nos separa, aquilo que nos diferencia, é muito menor do que aquilo que nos une contra o governo Bolsonaro, contra a direita. Precisamos construir a unidade”, afirmou.
Haddad, em seu discurso, disse que a esquerda não pode subestimar as forças políticas que se aliam a Bolsonaro. No entanto, afirmou que, se foi um erro do PT subestimar um adversário como Bolsonaro e seus aliados, é um “erro maior ainda” subestimar a força da militância petista. “Temos a melhor militância do mundo no Brasil”, disse.
Também estiveram presentes os ex-tesoureiros do PT Delúbio Soares e João Vaccari Neto, o ex-ministro José Dirceu e o ex-deputado federal José Genoíno. Todos foram condenados por esquemas de corrupção, mas estão em liberdade. Em seu discurso, Gleisi chegou a exaltar os nomes deles. Dirceu preferiu não ficar no palco durante o evento e apareceu apenas quando teve seu nome chamado, para acenar ao público.
Fonte: Terra
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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.
Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.
Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.
Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.
Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.
Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.
Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.
Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.
Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.
Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.
Zezé Weiss
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