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Por fora bela viola, por dentro pão bolorento

“Em vez de tranquilizar a população, o radicalismo dos justiçamentos impiedosos inspirou um sentimento de ódio e revolta, contaminando a todos no crescer dramatúrgico de uma novela diária”, diz Hildegard Angel, do Jornalistas Pela Democracia

Assistindo à audiência de hoje no Senado, constatamos que homens públicos do país se tornaram reféns da Lava Jato, impedidos de dizer o que efetivamente pensam sobre ela, ao risco de serem identificados com a corrupção.Vimos senadores se desdobravam em mesuras ao ex-juiz Moro, tecendo loas à Força Tarefa, como um “divisor de águas”, desempenhando o papel de “cidadãos de bem, acima de qualquer suspeita”.

Ato contínuo aos salamaleques de Vossas Excelências, pipocavam nas redes sociais folhas corridas de alguns deles, em viagens pagas pelos cofres públicos para familiares e nomeações mal explicadas. Pior a emenda do que o soneto.  Com todos os seus propagados méritos, a Lava Jato pode ter feito mais mal do que bem ao Brasil.

A fachada isenta e nobre acobertava seu interesse político, talvez maior do que seu desejo de resgatar a moralidade do poder público. Parcial, agindo ao atropelo das leis e mesmo dos direitos humanos, tratando investigados e réus como inimigos pessoais de procuradores e juízes, a Lava Jato fez com que mais se temesse a Justiça do que se confiasse nela.

Em vez de tranquilizar a população, o radicalismo dos justiçamentos impiedosos inspirou um sentimento de ódio e revolta, contaminando a todos no crescer dramatúrgico de uma novela diária, transmitida pelos telejornais e repercutida nas revistas da semana.A Lava Jato corroeu o tecido do bom convívio da sociedade brasileira, das famílias, dos amigos, roubando a nossa alegria e dividindo o país em puros e impuros – estes últimos os que divergiam, minimamente que fosse, da condução da Força Tarefa.

Essa vestal inatacável – só que não – instituiu um inédito processo inquisitorial, levando o povo às ruas e praças – físicas e virtuais – para exorcizar seu ressentimento contra a política, os políticos, as pautas identitárias, tudo isso junto e misturado.

Nesse macartismo tropical, as liberdades democráticas foram satanizadas, queimadas nas fogueiras acesas por oportunistas nostálgicos do período ditatorial. Como se viver sob o jugo de botas, canhões, paus de arara e censores fosse o melhor dos mundos.

De fato um trabalho de mestre, que conduziu o Brasil ao atual estado fascistóide, onde a verdade é a mentira e vice-versa ao contrário, obrigando os cidadãos responsáveis a um estado de permanente alerta contra o desmonte do estado brasileiro e de suas conquistas sociais e contra decretos sem noção e determinações estapafúrdias, que podem destruir vidas e nosso meio ambiente.

A brava gente brasileira, que matava um leão por dia, agora tem que dar conta de dois!

 

Consolidou-se a ideia de que o fim justifica os meios e que, em nome do combate à corrupção, qualquer cidadão pode ser alvo de investigações tortas e julgamentos arbitrários.

Quando os defensores da Lava Jato enchem a boca para falar em “bilhões retornados aos cofres públicos” não apontam os outros tantos bilhões, em número bem superior, que deixaram de ser ganhos, dada a destruição de nossa indústria da construção civil e com o esfacelamento da Petrobras…

Esses paladinos da LJ também não se reportam aos milhões de desempregados, que crescem em progressão geométrica, enquanto o PIB diminui em velocidade vertiginosa.  Guardaremos mágoas eternas da mídia das fake News difusora de que a Petrobras estava arruinada – mentira.

O saldo foi o esquartejamento da empresa, a venda de seus poços e a celebração, por autoridades brasileiras, de acordos bilionários para beneficiar os EUA. Nos jornais, insinuações não confirmadas de mal feitos ganharam manchetes, como se fatos provados fossem, enquanto pequenos registros – quase imperceptíveis – ao pé das páginas, falavam em maus tratos, prisões geladas e injúrias lançadas contra indivíduos posteriormente inocentados.

Essa nova consciência sobre a Operação não seria possível sem a providencial empreitada do site The Intercept, que amplia a visão de todos para muito além do elenco de super-heróis num falso cenário de lápis de cor, que vinha nos sendo imposto. Benditos vazamentos!

Hildegard Angel Jornalista, ex-atriz, filha da estilista Zuzu Angel e irmã do ex-militante político Stuart Angel Jones

Fonte: Brasil 247 

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