Zoroastrismo: a religião persa que influenciou o ocidente
Talvez você conheça um pouco do zoroastrismo e não saiba. Isto porque esta religião persa estendeu alguma influência para produtos culturais conhecidos, como Star Wars e Game of Thrones…
Por Maura Martins/via Mega Curioso
O zoroastrismo é uma religião monoteísta estabelecida pelo profeta persa Zoroastro (também chamado de Zaratustra), que viveu em algum momento entre 1500 e 1000 a.C. Esta fé se sustenta no culto de uma divindade suprema, chamado Ahura Mazda (o Senhor da Sabedoria), que seria o criador de todas as coisas.
Antes da existência de Zoroastro, os antigos persas adoravam várias divindades. O profeta então, condenou essa prática e pregou que somente Ahura Mazda deveria ser adorado. Entende-se que essa tenha sido a primeira religião monoteísta da história da humanidade.
A influência do zorosatrismo em outras religiões
Esta religião, que também é chamada de Mazdaysna (ou mazdaísmo, que quer dizer “devoção a Mazda”), prega como princípios o culto dos bons pensamentos, boas palavras e boas ações. Sua lógica monoteísta abriria caminho para outras religiões que se tornaram grandes: o judaísmo, o cristianismo e o islamismo.
Além disso, Zoroastro já apresentava em seus ensinamentos algumas ideias que depois seriam aproveitadas em outras fés, especialmente a cristã. Ele propunha os conceitos de céu e inferno, do dia de julgamento e da revelação final do mundo, bem como uma ideia de Satanás: toda a base do zorastrismo se sustentava em uma luta das forças do bem e da luz com as forças das trevas (cuja autoridade se chamava Ahriman ou Angra Mainyu, e simbolizava o rei da destruição — e, curiosamente, seria o irmão gêmeo de Ahura Mazda).
O zoroastrismo na cultura popular
As ideias provenientes do zoroastrismo também foram recuperadas em outros produtos da cultura popular. A antiga religião persa já apareceu também na música, na literatura e até no cinema.
A ópera A Flauta Mágica, de Mozart, é cheia de referências ao zoroastrismo, como a contraposição entre luz e escuridão, as provações de fogo e água (os fiéis da religião acreditam que as duas são entidades irmãs purificadoras) e a busca da bondade acima de tudo. O cantor Freddie Mercury, vocalista da banda Queen, também se orgulhava em entrevistas de sua herança familiar zoroastrista.
Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.
Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.
Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.
Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.
Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.
Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.
Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.
Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.
Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.
Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.
Zezé Weiss
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