Pesquisar
Close this search box.

Dostoiévski: 200 anos

Dostoiévski: 200 anos
 
Por Gustavo Dourado
 
Eis Fiódor Dostoiévski
A dissecar a alma humana
Do funesto ao solitário
De uma realidade insana
Beleza e humanitismo
Com uma ação des.umana
 
Os Irmãos Karamazóv
Dostoiévski em ação
Dilemas da humanidade
Co’a a mente em ebulição
O dinheiro que avassala
Mundos em transformação
 
Smierdiákov, Raskolnikov 
Em estilo arrevesado
De compreensão difícil
Tempo desarticulado
Entre o tosco e o natural
Que soa multifacetado 
 
Tem tensão na narrativa
No diálogo cultural
Interação no romance
Dialógica crucial
Religioso-filosófico
Com o psico-social
 
Linguagem cheia de vida
Tem arte, engenhosidade
O movimento do tempo
Com pressa e agilidade
Drama da sobrevivência
Luta, universalidade
 
Urdidura inteligente
Temática universal
Do Socialismo Utópico
Domínio do capital
O sentimento de culpa
Com conflitos da moral
 
Rússia dos Karamazóv
Subversão, filosofia
O diabo que em pessoa
Na trama mal se anuncia
Justiça cega, incrimina
Tem bebedeira e orgia
 
Do evangélico ao satânico
Ecos da duplicidade
As contradições do ser
Constante dualidade
Da pureza à heresia
Conflitos da humanidade
 
Crítica ao capitalismo
Com desejos de utopia
Socialismo distante
Que o sonho já prenuncia
Contradições, paradoxos
Falam na polifonia
 
Foi Fiódor Dostoiévski
Romancista-Escritor
Retratou o povo pobre
Com seu gênio criador
Foi preso e perseguido
Pelo czar-ditador 
 
De “O Idiota”  e “Os Possessos”
Também de “O Jogador”
De “O Duplo”, “Crime e Castigo”
“Diário de um Escritor”
De Irmãos Karamazov
Dostoievski é grande autor 
 
“Memórias do Subterrâneo”
“Noites Brancas”, 
“Pobre Gente”
“Humilhados e Ofendidos”
Verve de “O Adolescente”
“Memórias, Casa dos Mortos”
Dostoievski ferve a mente 
 
Mestre russo do romance
Leu Vítor Hugo e Cervantes
Byron, Shakespeare, Homero 
Schiller-Balzac triunfantes
Leu teatro, mil romances
Foi de Édipo às Bacantes
 
Polifonia romanesca
A dor e prisão sexual 
Dicotomia na trama
Peleja de bem e mal 
Dialética presente
Romance fundamental
 
Gustavo Dourado – Cordelista. Escritor. Presidente da Academia Taguatinense de Letras. 
Capa: Reprodução Internet. 
 
Block

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

 
 
 
 
 
 
 
0 0 votos
Avaliação do artigo
Se inscrever
Notificar de
guest
0 Comentários
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários

Parcerias

Ads2_parceiros_CNTE
Ads2_parceiros_Bancários
Ads2_parceiros_Sertão_Cerratense
Ads2_parceiros_Brasil_Popular
Ads2_parceiros_Entorno_Sul
Ads2_parceiros_Sinpro
Ads2_parceiros_Fenae
Ads2_parceiros_Inst.Altair
Ads2_parceiros_Fetec
previous arrowprevious arrow
next arrownext arrow

REVISTA

REVISTA 113
REVISTA 112
REVISTA 111
REVISTA 110
REVISTA 109
REVISTA 108
REVISTA 107
previous arrowprevious arrow
next arrownext arrow

CONTATO

logo xapuri

posts recentes