Pesquisar
Close this search box.

Magnólio: Encantou-se o magnífico palhaço da floresta

Magnólio: Encantou-se o magnífico palhaço da floresta

Uma tristeza saber que o amigo Magnólio, o magnífico palhaço da floresta,  embarcou nas asas da quimera para seguir fazendo graça em algum barranco de rio de alguma floresta misteriosa de algum labirinto dos jardins do céu.

Às famílias biológica e da floresta, aos amigos e amigas do Saúde e Alegria e a todo mundo que teve o privilégio de ser tocado pela energia magnânima do amagzônico Magnólio de Oliveira, nosso abraço solidário.

Ao MAG, nossa carinhosa homenagem nos dizeres de tantos amigos e tantas amigas, de tantos companheiros e companheiras, da floresta e de fora dela,  deste ser humano iluminado que agora vira estrela em alguma eterna  constelação do infinito. Paz e Bem!

Caetano Scannavino: Magnólio se foi, mas como diz nossa querida Gorda,  ele continua vivo dentro de nós. Sempre. Tem aqueles que nos espelhamos e queremos ser iguais. E tem aqueles seres que são mais, além de humanos, que nem ousamos alcançar, de pura energia, vida, MAGia, dentro e fora da Terra, guerreiros da “Saúde, alegria do corpo; e da Alegria, saúde da alma”. Foi chamado por uma outra região do universo que estava precisando dele, em busca de evolução. Que tenha muita saúde e alegria nessa nova aventura, meu colega de batalha, amigo, irmão e mestre de todos os mestres! Mag vive, aqui, lá, em todos os lugares. Esse é o cara! Sim, seguiremos suas ordens, o show deve continuar! E com vcs, o Gran Circo Mocorongo!!! E o maior dos MocorOscars vai pra vc, Magão.

Eugenio Scannavino Netto: Querido amigo, mestre e irmão Mag, tá duro este momento, mas sabemos que agora você está com todos os Pajés, Lamas e Espíritos nobres, fazendo todo mundo rir por aí, como sempre fez com todos aqui na terra… Obrigado por ter existido em nossas vidas e vivido todos os dias tão pertinho de nós.. nem sei o que dizer, só que esta tua viagem para nós que ficamos, dói muito, muito.. Bjão meu querido!
 
Projeto Saúde e Alegria:  Magnólio, nosso amigo, parceiro, irmão.  Hoje parece que você foi até ali na beira do rio Tapajós pegar um barco pra viajar até uma comunidade educar os jovens, fazer os adultos voltarem a ser crianças e com o sorriso delas ensinar como a vida pode ser feita de alegria e uma eterna crença no futuro. Ensinar que a alegria não tira a seriedade das coisas importantes pelas quais devemos lutar, que o mundo espera o melhor de cada um de nós.  Pegamos todos passagem nesse mesmo barco chamado vida e tivemos a sorte de ter você como nosso companheiro e comandante. Muitas vezes você foi o próprio combustível que fez o motor deste barco, as vezes com dificuldades, conseguir navegar e ir mais longe, chegar a mais comunidades, a mais pessoas no mundo. Não importa! Sua frase para os momentos difíceis virou nosso lema pra enfrentar os desafios. Sua alegria, otimismo, energia transmitida naturalmente às pessoas que lhe conheciam moveu os sonhos de uma Amazônia viva e com cidadania para seus povos. Esta planta não morreu, está viva e será sempre regada com suas ideias.  Nosso amigo, cada cor da nossa cortina do Circo Mocorongo é uma maquiagem sua e estará sempre renovada todas as vezes que um novo palhaço fizer uma criança sorrir, um jovem acreditar no seu potencial, um adulto viver melhor e com sabedoria, e um velho voltar alegremente a ser criança.  Hoje você fez uma viagem mais longa. Maior que aquelas de vários dias fazendo circo e distribuindo alegria às margens dos rios da Amazônia. Mas você estará sempre ancorado no porto das nossas melhores lembranças e nos encontraremos em qualquer parte desse universo.  Acredite, cada um dos sorrisos que você promoveu, viraram sementes que alimentarão os sonhos de um mundo melhor.
 
 
Adriana Ramos: Entre as melhores lembranças que guardo do trabalho na Amazônia estão aqueles momentos em que o Magnólio de Oliveira estava. Os processos mais chatos e difíceis ficavam leves e divertidos.  Era incrível como ele envolvia, divertia e dizia verdades para plateias tão distintas. Um dom e muito compromisso. Só posso crer que o Todo Poderoso quis o melhor e mais inteligente palhaço pra festa de aniversário do seu filho.  E nós aqui que nos viremos com a lacuna e a saudade. Força aí, companheirada do Projeto Saúde e Alegria, Caetano Scannavino, Eugenio Scannavino Netto, Paulo Lima, Fábio Pena, Marco Antônio Corrêa da Mota, Ieda Andrade Fernandes. Muito triste.
 
Fábio Pena: Viva o Mag!

Marco Antônio Corrêa Mota: Perdemos mais um amigo. Acabo de receber a notícia que meu amigo, Magnólio de Oliveira, o Magâo. Faleceu. Vá na paz, parceiro. NÃO IMPORTA!!!!!

Mauro Luiz Vianna: Meu querido, tenho certeza que virará uma estrela em uma constelação dos verdadeiros artistas do povo! Que tenha uma passagem iluminada como você.
 
Lygia Zamali Fernandes:  2016 continua intenso e será um ano marcadamente histórico.  Acabo de saber que Magnólio foi fazer graça em outros palcos. Caetano Scannavino e Eugenio Scannavino Netto, um abraço forte e carinhoso. Tibério Allogio meu amigo um abraço forte. Deixo aqui de forma singela minha gratidão ao Universo por ter tido a oportunidade de conviver com vocês.
 
Rubens Gomes: Querido irmão, que Deus o tenha!!
 
Monica BarrosoUma passagem que tocou muitas vidas, inclusive a minha, profundamente.
 
Ricardo Y. Silva:  Estou muito triste com a notícia. Perdemos uma parte da nossa criança interna e um pouco da capacidade de rir como se não houvesse o amanhã. Descanse e brinque agora com as estrelas, Magnólio. 
 
Socorro Carvalho:

Respeitável público!!!
Hoje não tem espetáculo…
Morreu o palhaço!!!
Santarém está de luto.
Grande mestre circense pereceu.
Égua!! 2016!!
O que aconteceu?
Ah, deixa pra lá…
Vai ver que tem festa no céu.
E Deus precisou dele para alegrar.
Fazer mágica, encantar etc…
Ensinar peripécias aos anjos, talvez!!!
Enfim, são tantas justificativas
Para tentar relevar essa ausência…
Prefiro guardar
As noites inesquecíveis de mágica
No palco do velho Relicário.
Mas tem muito MAIS que isso
Tem os ensinamentos que deixou,
Os frutos que semeou…
O amor que dedicou ao Tapajós.
Por isso, também, será lembrado.
Mas não irei ficar triste!
A tristeza não combina
Com as cores de toda aquela alegria.
Égua, Magnólio!!
Não posso mais dizer nada,
Antes que que eu chore,
Por favor, fechem as cortinas…
Aplausos!!!

 
 
Mauro Luiz Ruffino: Magnólio, sua luz agora vai brilhar em outras dimensões…..
Pra nós que ficamos compartilho essas imagens que deixarão saudades, mas que permanecerão em nossas mentes e corações!!!
 
Milena Andrade: Quando o mais mágico de todos deixa a gente com essa tristeza desmedida pela saudade que está por vir.
 
Paulo MartinsFoi embora, o palhaço, o circense, o advogado, o “curintia” time de coração, mas deixa a alegria, a felicidade e emoção em cada coração que conheceu ou não. Parabéns ao palhaço, que hoje alegra o picadeiro de “Deus”.
 
Ronaldo Weigand Jr.: Foi na Rio 92 que conheci do Magnólio! Passou todo um filme aqui na minha cabeça também. Aquela conferência definiu minha vida…
 
Angelo Bonelli:  QUERIDO MAGNÓLIO Te abraço com lágrimas mas com saúde e Alegria.. Magnolio non c’è più se n’è andato via questa notte tra le braccia dell’amabile figlia Cecilia. Magnolio ecoclown che ha dedicato tutta la sua vita alla difesa dei diritti dei popoli dell’Amazzonia contro i predatori della foresta. Un uomo eccezionale se n’è andato e perdo anche un mio grande amico . Tante lacrime… Magnólio não há mais saiu daqui esta noite nos braços da amável filha Cecilia. Magnolio Ecoclown que dedicou toda a sua vida à defesa dos direitos dos povos da Amazônia contra os predadores da floresta. Um grande homem se foi e também perco um grande amigo meu. Tantas lágrimas…
 
Joci Aguiar:  Nosso amigo Magnólio deixará saudades e na Amazônia ficará um vazio enorme da alegria e da luta pela floresta e seu povo!
 
Nelson Vinencci:  Mag, um cara que cuidou bem do povo mocorongo, sem ganhar nada, por que era a sua missão de vida…
 
Telma Cristina Rocha:  Sinto muito querid@s de Saúde e Alegria pela perda desse ícone, que agora estará alegrando desde uma outra dimensão.
 
 
 
Eli Manoel: Como disse Alceu Valença: “Um bom palhaço não chora vai embora sem explicar! – Palhaço Mocorongo que lutou com sua arte & com seu sorriso. Contra grileiros, pistotoleiros, madeireiros & latifundiários. Griô contador histórias, em teu rosto o tempo cavou rios artérias. Reuniste no Circo Mocorongo um exército de parteiras propagadoras de luz! Magnólio Pachamama te abraça Maternalmente como um filho que deu sangue, suor & propagou sorrisos nesses rincões Tupiniquins! “
 
Pri Allics: “O que você sabe que ninguém sabe que você sabe?” Acho que foi a primeira pergunta que você me fez, ao me conhecer, querido amigo… Magnólio de Oliveira, o magnânimo, magnético, magnífico, amagzônico Magnólio! Ele, amigo da mulher do homem que come raio laser, fez do nosso mundo um lugar melhor e mais feliz! Cumpriu lindamente a sua missão. Gratidão por todos os seus ensinamentos. Gratidão por ter feito parte da minha vida de uma maneira tão única e especial. Que a sua passagem, amado Mag, seja de luz e alegria!
 
Cristina Caetano: Ao amigo Artista Circense e parceiro no Movimento Arte e Cultura,  Magnólio de Oliveira, que nos deixou hoje e está sob a lona e os holofotes dos céus colorindo e iluminando com o seu sorriso e com a sua arte, deixamos os nossos agradecimentos. Você encampou com a gente a luta pela Cultura em nossa cidade, para que um dia possamos ter políticas públicas sérias, voltadas para a cultura.  Ainda não conseguimos a conclusão de nossos objetivos com o Sistema Municipal de Cultura e com a Lei de Patrimônio Histórico e Arquitetônico e Cultural em nossa cidade, mas a luta continua querido!!  Você estará em nossos corações e memória quando conseguirmos, pois és parte viva nessa luta! Sempre lembraremos de você por toda a sua dedicação a nossa sociedade. Os nossos mais sinceros sentimentos aos familiares de São Paulo e aos familiares de coração que são muitos e que ficaram em Santarém. Em especial aos seus irmãos parceiros do Projeto Saúde e Alegria,  Caetano Scannavino, Eugenio Scannavino Netto, Fábio Pena, Tiberio Allogio, Paulo Lima e todos os demais membros deste projeto no qual você atuou por quase 30 anos. Deus te guarde sempre! Obrigada querido!
 
Benki PiyakoOlá as estrela brilha o sol. Nos aquece o mundo nos leva como uma semente que voou  ante de germinar. 
 

Lucimar EinsteinGrande Magnólio, sou da comunidade de Urucureá, onde atua até hoje saúde e alegria, alegria que pode ter, por muitas vezes, com aquele palhaço alegre divertido, e que muitas crianças de lá, viram pela primeira vez um palhaço…OBRIGADA grande Magnólio, vá fazer seu show e divertir os outros no andar de cima

Michela Figueira: Pessoas como Magnólio não nos deixam, viram estrela! Pra que nunca esqueçamos que a luta é permanente , e diária… Obrigada por fazer desse chão o seu chão e dessa gente , a sua gente!

Gilvan Capistrano: Hoje o planeta amazônia ficou sem MAG, o grande Palhaço, ativista, visionário e todos os adjetivos que existirem pra se designar uma pessoa do bem! Tive o privilégio de trabalhar juntos no Fórum Amazônia Sustentável em muitos eventos. Ele sempre com um fervor lúdico que nunca cessava, que envolvia a todos nós, que não deixava a gente e plateia nenhuma se aquietar. Magnólio já deve estar fazendo uma festa num arco-íris e fazendo o mundo místico se mexer. Seu projeto Saúde e Alegria no coração da floresta amazônica,  vai se manter firme e as crianças, seu público amado como bem definiu,  vão sempre sentir sua presença, seu carinho e amor será eterno, assim como as lembranças de tantos amigos que agora devem estar pensando em você!

Carlos Singer: Wow so sad amigo, só agora que me toquei. o cara era O CARA. meus sentimentos e meu pensamento com vocês .

Ana Maria WilheimEugenio e Caetano , abraço vcs com muita força pra superar esta partida que muita falta fará !!!! Ana

Antonio Adil Colares: Homem do bem q sempre amou esse torrão, como se fosse sua terra natal.
 
Pablito DiazGrande homem, deixando um vasto legado de saúde e alegria!!!
 

Patrícia ReginaEle adorava o meu suco d taperebá e tomava com farinha. Descansa em Paz amigo

Erik Jennings: Magnólio foi o maior educador ambiental que a Amazônia já teve. Usava o lúdico para ensinar sobre meio ambiente e organização social das comunidades. Ele era a verdadeira Alegria do “Saúde Alegria”! Mostrava que palhaçada era a coisa mais séria do mundo. Esteve presente nos movimentos sociais mais importantes de Santarém e região. Com você aprendi muito amigo. Foi uma honra tê-lo ao lado em grandes frentes de batalha, onde sua maior arma era um simples nariz de palhaço. OBRIGADO, MAG !!!

Silvia Franz MarcuzzoMeu abraço. Meus sentimentos. Por tudo que foi. Por tudo que terá que ser.

Daniel Gutierrez Govino:  Não importaaa!!! Eles começam todos os espetáculos assim. Uma frase simples, meio budista, totalmente mocoronga. E muito importante de lembrar – sempre – quando enfrentamos as situações que a vida traz. A vida é maior, o amor então…  Mag, um grande mestre guardião da Amazônia.  Ser fantástico que se vai para iluminar outras dimensões.
Não para de chover por aqui desde a madrugada de hoje até agora. Viva Mag Magnânimo!!! Não importaaaaaaaa!!!

Paulo Lima:  Mag, você  foi um gênio da graça, da criatividade, da generosidade e da vida. Te agradeço o tanto que nos ensinou, o tanto que vai inspirar gerações de educadores pelo Brasil. Você viveu intensamente e fez história. Está na melhor parte da memória de muita gente. Que Deus te receba com o amor que você dedicou à Amazônia.

Nélio Aguiar: Foi com enorme pesar que recebi a notícia do falecimento de Paulo Roberto Spósito, ocorrido em São Paulo. Magnólio, como era mais conhecido, levou sua gargalhada rouca, sua alegria espontânea e consciência social àqueles que mais precisavam. Foi na Organização Saúde e Alegria que Magnólio encarnou o seu maior papel: como cidadão e ser humano que revolucionou um pedacinho da Amazônia. Nesse momento de profunda reflexão sobre a vida e o quanto ela é frágil, confortamos nosso coração por saber que a história de Magnólio servirá de inspiração para esta geração e para as próximas que virão. Vá em paz, Magnólio.

 
UMA ENTREVISTA MEMORÁVEL
 
Em outubro de 2012, o educador Rodrigo Barchi, publicou essa memorável entrevista com Magnólio no blog depois da floresta: 
 
Arte e vida real se confundem quando se vive um sonho
 Paulo ou Magnólio? Qual nome chamar? “Você sabe que todo palhaço vive um personagem e também a própria vida, não é? Mas eu já não faço mais isso, o meu personagem e a minha vida se misturam e eu já não sei quem é quem.” Nem ele próprio sabe quem responde às perguntas. Dito isso, Magnólio caiu na gargalhada.
À primeira vista esse pensamento não seria tão engraçado, se ele mesmo não fizesse daquilo uma piada. A risada rouca de Magnólio provoca um riso involuntário no ouvinte e dá espaço para que mais assunto seja puxado. Essa conversa em específico tomava rumo no trajeto de vida desse homem que vive para provocar alegrias e consciência social àqueles com quem se relaciona.
 Paulo Roberto Sposito ganhou o apelido de Magnólio quando ainda era estudante. Por ter uma voz muito rouca, ele foi comparado a um personagem de novela com o mesmo timbre e, com o passar do tempo, o apelido virou hábito e absorveu variações. Magnólio virou artista de circo, um artista que vive encarnando seu papel a cada dia de trabalho na organização Saúde e Alegria, na amazônia do Pará.
A organização existe há 35 anos. O principal objetivo daqueles que dela participam é promover o desenvolvimento sustentável dos municípios Belterra, Aveiro e Santarém – que ficam em uma região chamada de Médio Amazonas, na confluência dos rios Amazonas e Tapajós.
Conheça a história inspiradora desse paraense que já conheceu todos os estados do país enquanto ensinava o modelo educativo utilizado na promoção da saúde dos cerca de 30 mil ribeirinhos do Pará.
 
EcoDesenvolvimento.org: Quando você começou a realizar trabalhos sociais?
 Magnólio: Eu realizo ações de cunho social desde os tempos de escola, quando participava de movimentos e associações juvenis, mas o interesse de fazer disso o meu trabalho surgiu quando eu trabalhei no escritório de advocacia trabalhista da minha família. Eu, meus sete irmãos e meus pais cuidávamos de ações de operários contra patrões e eu percebi que esse poderia ser o caminho da vida. Mais tarde eu fui para São Paulo fazer aulas de técnicas circenses na Academia Piolim de Artes Circenses, fui da primeira turma que formou na escola, e daí fiz um curso de serviços sociais. Essa minha formação maluca permitiu que eu agregasse conhecimento de várias partes e pudesse aplicar na Saúde e Alegria
 
Quais são as suas atividades dentro da ONG?
 Quando eu conheci o pessoal da ONG eu recebi uma proposta de trabalho comunitário, por meio da educação e o desenvolvimento da comunidade com o uso do lúdico. Como eu tenho formação no circo, o meu trabalho é deixar o conhecimento mais simples e dinâmico possível para que as pessoas realizem as ações de forma mais prática. Eu acredito no poder das pessoas de simplificarem as coisas e é com isso que eu conto quando dou uma palestra.
 
Você ainda visita hospitais e escolas?
Sim, mas somente para treinar e disseminar a metodologia que faça as pessoas entenderem que falar de saúde não é falar de doença. Normalmente, as pessoas têm o péssimo hábito de encarar a saúde como estar doente ou não, quando te perguntam “E aí, Fulano, como você está?” e você responde “Estou saudável, então está tudo certo…”. Saúde é mais do que isso. A saúde é vida. O corpo é um mecanismo orgânico inteiro de saúde mental e do corpo interligadas. Não há várias ciências de estudos do corpo e da mente, a ciência é uma só que se reparte para facilitar a pesquisa. Hoje eu posso somar cerca de 2.000 palestras por ano, para diversos públicos: professores, pescadores, empresários, agentes pastorais… A gente trabalha com o desenvolvimento integrado entre vários setores da sociedade, tratando de abordagem holística da saúde, motivação e, sobretudo, ALEGRIA.
 
Como surgiu a Saúde e Alegria?
 Eu entrei na ONG em 1989, mas ela já existia desde 1985. O fundador, Eugênio Scannavino Netto, já era médico quando veio de São Paulo para atender às comunidades ribeirinhas da amazônia paraense distribuindo cloro para o combate à diarreia e desenvolvendo ações para diminuir o alto índice de mortalidade infantil. Nesse mesmo ano, ele e a educadora Márcia Silveira Gama fizeram um trabalho piloto em parceria com a prefeitura de Santarém e então me chamaram para o CEAPS – Centro de Estudos Avançados de Promoção Social e Ambiental, mais conhecido como Saúde e Alegria.
 
De lá para cá o projeto se desenvolveu e atende a diversas demandas da comunidade ribeirinha da região de Santarém. Quais são as ações?
 O projeto foca nas ações relacionadas à organização e gestão comunitária, com educação para a cidadania, apoio à gestão e o desenvolvimento territorial, associativismo e cooperativismo, e assessoria aos movimentos sociais. Também realizamos ações relacionadas à economia da floresta, ligadas às questões de segurança alimentar dos ribeirinhos, agroecologia, energias renováveis, ecoturismo de base comunitária e artesanato sustentável.
 Uma área que eu trabalho diretamente é a ligada às questões de saúde comunitária, sobretudo na educação e prevenção em saúde, higiene e saneamento. Além da questão educativa, nós realizamos ações para a saúde da família e o monitoramento epidemiológico. Mas a ONG também realiza ações para a comunicação, educação e cultura da comunidade: nós promovemos a educação ambiental, a escola comunitária, a inclusão digital dos jovens e a rede de comunicação comunitária, chamada Rede Mocoronga.
 
Além da Saúde e Alegria, você possui outras ocupações?
 Toco com minhas filhas o Acampamento Experimental Sítio do Sobrado, em São Paulo. Ele é experimental porque mudamos a metodologia das atividades de educação ambiental e social a cada temporada. É um trabalho de resgate da natureza com jovens paulistanos que vivem enfurnados no computador.
 
Qual a sua motivação para continuar na ONG?
 Eu continuo na ONG porque, primeiro, o meu trabalho na Saúde e Alegria ainda não terminou. Além disso, é muito gratificante e divertido participar disso tudo porque envolve pessoas transformando estruturas sociais vigentes por puro amor à espécie humana. Eu trabalho naquilo que eu gosto e com aquilo que eu sonho.
 Em minhas palestras eu costumo citar Pablo Neruda com a frase “para fazer um jardim você não precisa ser um botânico, basta gostar das flores”. É mais ou menos assim: para fazer um trabalho comunitário você não precisa ser especializado em serviços sociais, basta gostar de gente. Mas a minha motivação maior são as minhas filhas. Eu quero ser para elas um exemplo de altruísmo, de promoção ao bem-estar social e de alegria.
 
 
 UM SER FANTÁSTICO DA AMAZÔNIA
Em 2015, a página Seres Fantásticos da Amazônia publicou  o seguinte texto sobre Magnólio:
 
Senhoras e senhores, com vocês a primeira história do magnânimo, do magnético, do magnífico, do amazônico Magnólio! Ele, amigo da mulher do homem que come raio laser, estava em Tauarí com seu fabuloso Gran Circo Mocorongo. Antes do espetáculo, passou a manhã conversando com os moradores para descobrir conhecimentos tradicionais e tentar fazer, com eles, um diagnóstico comunitário da situação da vila. Perguntava: “O que você sabe que ninguém sabe que você sabe?”

Papo vai, papo vem, descobriram entre eles um astrólogo, um mágico que sabia fritar ovos na casca e um homem que sabia de cabeça o alfabeto militar. Depois contaram que o espírito comunitário estava doente desde que “um lá” (sujeito voador não identificado) havia decidido cortar e queimar o tauarizeiro na entrada da gruta da mãe de todos os tucunarés, submersa dentro do igarapé. Nesse momento, um morador disse: “E se alguém fosse atrás de uma muda de taurí para replantar o nosso pé?”
A grande missão foi destinada para o nosso magno palhaço, que desde o momento em que chegou não estava sozinho, totalmente cercado de carapanas. Para não se perder na mata, seria acompanhado pelo velho gnomo Sargento, um profundo conhecedor daqueles caminhos e, entre os moradores, o mais recomendado para tão especial ocasião. “O que você sabe que ninguém sabe que você sabe?”Sargento conhecia todos os atalhos, cheiros e o canto de cada passarinho daquela região, famosa também pela centopéia gigante que morava por lá. Os dois foram conversando, enquanto Magnólio procurava o tal tauarizinho. Andaram pra lá e pra cá, devagar e rápido, cheios de esperança. Magnólio estava confiante, Sargento parecia saber aquele caminho do avesso, fazendo peripécias como pular antigos troncos caídos pelo caminho mesmo com a cabeça virada para o outro lado. Caminharam, caminharam e nada. Magnólio, grande devoto de São Longuinho, não ousou pedir essa ajuda ao santo e preferiu confiar no destino. Andaram até à noite, sem sucesso. Sargento já fazia o caminho de volta, meio quieto diante da tristeza do palhaço. “O que você sabe que ninguém sabe que você sabe?”Magnólio disse: vamos sentar aqui um pouco, merecemos.
Sargento respondeu: só se você me ajudar.
Magnólio perguntou: claro, mas por quê?
Sargento virou seu rosto para o palhaço e respondeu: porque sou cego. Histórias reais do amagzônico Magnólio
 

OAB – NOTA DE FALECIMENTO E DE SOLIDARIEDADE

É com muita tristeza que a Ordem dos Advogados do Brasil – Subseção de Santarém, comunica o falecimento do Advogado, Assistente Social, grande Artista Circence, Ator da Alegria, militante das Causas Sociais, dos Direitos Humanos e da Cultura, Dr. PAULO ROBERTO SPOSITO DE OLIVEIRA, o queridíssimo MAGNÓLIO, em São Paulo, ao lado dos seus familiares. O Dr. PAULO ROBERTO SPOSITO DE OLIVEIRA presidiu a Comissão de Cultura da Ordem santarena no período de 2013 a 2015. Nesse momento de muita dor, a OAB Subseção de Santarém agradece por sua presença sempre cheia de sorrisos e luz, Magnólio, e se solidariza com os seus familiares e sua legião de amigos!

CRÉDITOS: As fotos utilizadas nesta homenagem estão nas páginas do Magnólio, do Caetano, e nas notas dos amigos e das amigas que o homenagearam. Impossível identificar a autoria de cada uma. Pedimos desculpas aos autores e às autoras.


Block

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

0 0 votos
Avaliação do artigo
Se inscrever
Notificar de
guest
0 Comentários
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários

Parcerias

Ads2_parceiros_CNTE
Ads2_parceiros_Bancários
Ads2_parceiros_Sertão_Cerratense
Ads2_parceiros_Brasil_Popular
Ads2_parceiros_Entorno_Sul
Ads2_parceiros_Sinpro
Ads2_parceiros_Fenae
Ads2_parceiros_Inst.Altair
Ads2_parceiros_Fetec
previous arrowprevious arrow
next arrownext arrow

REVISTA

REVISTA 113
REVISTA 112
REVISTA 111
REVISTA 110
REVISTA 109
REVISTA 108
REVISTA 107
previous arrowprevious arrow
next arrownext arrow

CONTATO

logo xapuri

posts recentes