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Lucélia Santos: Uma atriz de águas profundas

Lucélia Santos: Uma atriz de águas profundas
Por Daniel Saraiva/História da Ditadura

A censura no Brasil remonta aos tempos do Império. Entretanto, no pós-golpe de 1964, ela foi ganhando uma nova dinâmica. Como destaca a bibliografia especializada no assunto, no início da ditadura militar, a censura era descentralizada, mas já incomodava dramaturgos, produtores e cineastas.

Entre os anos de 1967 e 1974, houve a centralização da censura teatral e a ascensão da censura política. Na primeira metade de 1967, o chefe de gabinete do Ministério da Justiça, do qual fazia parte o Serviço de Censura de Diversões Públicas (SCDP), anunciou a unificação nacional dos critérios de controle e a criação de um conselho superior para a questão.

No mesmo ano, a competência da União para censurar se ampliou para muito além de filmes e peças teatrais, incluindo também programas de rádio e televisão, letras de músicas e publicações periódicas. “Sem restrições constitucionais, o governo federal assumia então o controle nacional sobre as diversões públicas”. Até 1988, quando foi extinta, a censura proibiu e promoveu cortes em muitos espetáculos, filmes, programas de televisão e novelas. Os artistas tiveram de lutar contra o cerceamento dia a dia.

Nesse mesmo período em que a censura se centralizava, uma jovem de Santo André (SP) começou a despontar na vida artística. Nascida em 1957, Maria Lucélia dos Santos ficaria conhecida nacionalmente como Lucélia Santos. Hoje, a atriz e seus muitos personagens fazem parte do imaginário cultural brasileiro. Partindo de entrevistas concedidas em diversos momentos de sua carreira e de uma entrevista para esta coluna, traremos aqui parte da trajetória desta artista que, em 2022, completará 50 anos de carreira.

A estreia no teatro aconteceu em 1972, em São Paulo, na peça Dom Chicote Mula Manca e Seu Fiel Companheiro Zé Chupança. A protagonista da peça era a atriz Débora Duarte, que saiu da produção para fazer a novela Bicho do Mato, na Rede Globo. Lucélia, que tinha um papel menor, tornou-se a protagonista, dirigida por Paulo Lara. Com o espetáculo ganhou o Prêmio Governador do Estado de São Paulo e que ela lembra dizendo que “foi um belo cartão de visitas para mim como uma menina iniciante de carreira”.

Depois da peça, Lucélia foi estudar com Eugênio Kusnet, ator, diretor e professor de teatro nascido na Rússia e radicado no Brasil na década de 1920. Eugênio havia assistido à peça e a convidou para estudar. A atriz lembra que estudou por cerca de dois anos e meio e, com o diretor, fez “todo processo do método, do sistema Stanislavsky”. Nos anos subsequentes, Lucélia fez parte do elenco de peças como A Menina que viu o Brasil nascer, Godspell e Rock Horror Show.

Em 1976, Lucélia Santos protagonizou, ao lado de Rubens de Falco e Edwin Luisi, a novela que durante muito tempo foi a mais exportada da Rede Globo, Escrava Isaura, baseada no livro de Bernardo Guimarães, adaptado por Gilberto Braga. A novela da emissora carioca foi exibida em países como Rússia e China. Com cem capítulos exibidos no horário das 18 horas, alçou a então estreante na televisão à categoria de estrela nacional.

 
Cena da novela Escrava Isaura. Reprodução.

O sucesso da atriz em Escrava Isaura fez com que Arthur da Távola escrevesse em sua coluna do mês de janeiro de 1977 um texto intitulado “Lucélia Santos e Regina Duarte”. No texto, o colunista discutiu o fenômeno da popularidade e o quanto é difícil explicá-lo. Falou sobre a possibilidade de Lucélia Santos, com dezenove anos, transformar-se em uma estrela de televisão “e ocupar o terno lugar de sucessora de Regina Duarte”. Arthur elogiou a jovem intérprete de Isaura: “é uma boa atriz em formação e traz no rosto as marcas contraditórias necessárias à criação de um tipo de alta empatia”.

A coluna afirmava que a atriz tinha todas as chances de ser essa figura popular que as emissoras sempre procuram, já que ela estabelecia um “eixo emocional forte que faz o público aderir efetivamente sem se explicar o porquê”. E finaliza com a pergunta: “Quererá ela?”, lembrando que a idolatria popular é muito gratificante, mas pesada e onerosa, além de ser aprisionante (TAVOLA, 1977, 42).

A novela narrou a trama da escrava branca e acabou em fevereiro de 1977. No mês seguinte, no horário as 19 horas, estreava a novela Locomotivas e Lucélia estava no elenco. Segundo o jornalista Nilson Xavier, o diretor Régis Cardoso havia escalado a atriz para fazer o papel da mocinha rica e infeliz, Patrícia, mas Lucélia teria pedido para interpretar a espevitada Fernanda, uma antagonista, surpreendendo o público e a crítica com a mudança de nuance das personagens.

Para o papel de Patrícia, a atriz Elizângela foi escalada. Cabe lembrar que, naquele momento, a TV Globo já possuía uma tradição de “criar” galãs e mocinhas para as novelas, artistas que ficavam, por vezes, presos aos estereótipos. A partir desse pedido, ficou evidente que Lucélia não se enquadraria no perfil de atriz engessada pelo modelo da “mocinha”.

No ano seguinte, a atriz se tornou uma das protagonistas do seriado Ciranda Cirandinha. Em entrevista sobre o lançamento da trama para Lea Penteada, no jornal O Globo, Lucélia, com vinte anos, respondeu questões sobre as consequências do sucesso na vida, afirmando que não foram muito duras. Apesar disso, disse a artista, “ninguém escapa impunemente às capas de revista. Tudo é uma grande ilusão, é muito frágil e passageiro”. Segundo a atriz, era preciso estar bem estruturada para resistir, tanto humana quanto profissionalmente. Mesmo com as oportunidades, ela ressalta que não havia se deslumbrado. Sobre o que esperava de sua carreira:

Sou uma possessa. Quero fazer coisas boas em teatro, 
grandes autores e principalmente os nacionais. 
Transar uma cultura nacional, brigar contra a censura. 
Queria fazer um bom teatro, uma boa televisão e um bom cinema 
(Lucélia Santos, O Globo, 1978).

Quanto às suas lembranças sobre a censura, a atriz cita a série que, segundo ela, teve quatro dos doze episódios totalmente cortados. Ao ser questionada sobre como via a novela como um veículo que ajuda na educação e formação dos brasileiros, Lucélia Santos responde:

A novela ocupou um espaço muito grande na cultura brasileira 
por conta da censura no teatro e no cinema. Grandes autores,
diretores que eram censurados no teatro e no cinema 
acabaram indo fazer novelas e a linguagem se desenvolveu imensamente.
E teve um momento da televisão brasileira glorioso, cheio de talento e muita vida.
Por isso a novela entrou tão fortemente no seio da população e do povo brasileiro
(Lucélia Santos, 2021).
No cinema, a atriz interpretou papeis de destaques, como na trilogia de filmes adaptados da obra de Nelson Rodrigues: Maria Cecília em Bonitinha, mas ordinária, Glória em Álbum de família, Uma história devassa e Engraçadinha em filme homônimo. Além disso, deu vida à Luz Del Fuego, uma vedete que agitou a conservadora sociedade brasileira nas décadas de 1940 e 1950.
 
 
 
 
Sobre a censura moral na obra de Nelson Rodrigues, Lucélia Santos destaca que a obra do autor sempre esteve acima do bem e do mal: “para a obra de Nelson Rodrigues e o voo que ele possui não importa se há censura ou se não há censura, ele está milhões de anos acima em termos de dramaturgia”. Sobre a influência dos personagens do dramaturgo carioca em sua carreira, Lucélia afirma que “interpretar Nelson Rodrigues para o ator que fala português é praticamente uma obrigação”, inclusive, lembra ela, “defendo que deveria ser prova final nas faculdades e nas escolas de formação de atores. O Nelson propõe um voo grandioso e há que ter muito fôlego para interpretar um personagem da sua obra, para mim não foi diferente”.
Sobre interpretar Luz Del Fuego:

Naquele momento eu estava fazendo vários filmes, um após o outro,
e quando surgiu a possibilidade de fazer Luz Del Fuego eu quis muito o papel.
Por isso me empenhei junto aos produtores e ao diretor Davi Neves, e consegui.
Eu não conhecia a personagem antes do filme.
Fui pesquisar e adentrar o imaginário a partir do momento 
em que me comprometi com o personagem (Lucélia Santos, 2021).
Em entrevista concedida à época da exibição do filme, a atriz disse: “ninguém me escolheu, eu me escolhi, eu soube do papel e convencia todo mundo que era eu”. A intérprete disse que leu tudo sobre a vida dela e se apaixonou pelo roteiro (Lucélia Santos, O Globo, 1981). David Neves, ao falar sobre a película destacou:
 
Em primeiro lugar, o filme não é um documentário sobre Luz Del Fuego. Ele é uma ficção.
É certo que o tipo físico de Lucélia Santos é completamente diferente de Luz del Fuego.
Mas Lucélia foi um achado nesse filme.
É uma espécie de simbiose da mulher de hoje com a mulher daquela época.
E a Lucélia fez essa média perfeitamente (David Neves, O Globo, 1982).
Outro ponto de destaque na carreira da atriz foi a participação no elenco do espetáculo Rasga coração, fazendo a personagem Milena na peça de Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha, que foi concluída em 1974, às vésperas da morte do autor. José Renato, diretor e antigo companheiro de Teatro de Arena, foi o designado pelo autor para ser o diretor do espetáculo e conseguir a liberação da censura para exibição, que só veio em 1979.
 
O cerceamento pesado no teatro fez com que os dramaturgos e atores fossem atraídos pela televisão, primeiro como forma de sobrevivência e, em seguida, como uma maneira de difundir seus trabalhos. Vianinha fez esse caminho ao lado de outros autores como Gianfrancesco Guarnieri, Dias Gomes, Lauro César Muniz, Armando Costa. Vários atores também seguiram o percurso, como Paulo José, Dina Sfat e Milton Gonçalves (BETTI, 2013, p. 208-9).
 
Lucélia Santos lembra a expectativa em relação ao texto depois de tantos anos censurado e destaca as ótimas recordações de todo o processo e da turnê.
 
 
 
 

Lucélia Santos sempre trabalhou nas três frentes: teatro, televisão e cinema, buscando papeis que a desafiassem, interpretando textos clássicos e de jovens autores, buscando sempre se reinventar. A atriz não se acomodou, nem nas telas, nem nos palcos e, além disso, nunca se eximiu de se posicionar enquanto cidadã, como vimos em entrevista na década de 1970 para um jornal de grande circulação, no qual ela afirma que lutaria contra a censura.

Em 1984, Lucélia participou de um comício de caráter suprapartidário, em frente ao Congresso Nacional, em Brasília, com mais de quatro mil mulheres. O ato foi organizado pelo Movimento das Mulheres pelas Diretas Já. Um grupo reduzido de dezoito mulheres visitou, durante o dia, gabinetes de deputados com objetivo de pressionar esses políticos em relação à emenda Dante de Oliveira, para que votassem favoravelmente. No grupo estavam nomes como as atrizes Ruth Escobar, Lucélia Santos e Maitê Proença, a escritora Lygia Fagundes Telles e a teatróloga Leilah Assumpção (O Globo, 1984, p. 5).

No ano seguinte, Lucélia estava na peça Tupã, a vingança. Em entrevista de quase meia página concedida para o Segundo Caderno do jornal O Globo – cuja chamada era “Lucélia Santos: ecologia, feminismo, brasilidade” – ela falou da importância de se valorizar a cultura nacional. Segundo a atriz, a peça continha uma crítica “feroz à política cultural do momento”. Na mesma entrevista, ao ser questionada se sua atuação política poderia ser mais importante do que sua atuação como atriz, Lucélia afirma ser “louca por política, mas não me sinto preparada para uma atividade de boca de cena. Depois, representar é minha paixão mais alucinada”.

A artista menciona o que seria o princípio da criação do Partido Verde, fundado em 1986 e registrado em 1993, que seria um partido humanista, “que possa unir pessoas menos envolvidas com ranços políticos”. Por fim, a atriz responde sobre como ela via a mulher no Brasil: “Muito discriminada. Os homens não toleram mulher um pouquinho mais inteligente. Os intelectuais brasileiros ficam loucos para botar mulher que pensa num tanque lavando roupa”. Lucélia ressalta a importância de a mulher ser respeitada e valorizada na sociedade (O Globo, 1985).

Em fevereiro de 1985, o nome da atriz foi citado na matéria “Polícia Federal impede a exibição de Je vous salue, Marie no Rio”. O filme, dirigido por Jean-Luc Godard, foi proibido no Brasil por decreto do presidente José Sarney. Antes da estreia, a Igreja Católica o havia o classificado como obsceno e herético. A matéria trazia a saga da tentativa de exibição do filme no Centro das Artes Laranjeiras. Fernando Gabeira, o deputado Liszt Vieira, Lucélia Santos e seu marido na época, o maestro John Neschiling, estavam cuidando dos preparativos para que o filme fosse exibido, enquanto o professor universitário e secretário geral do PSB, Roberto Amaral, e o escritor Alfredo Sirkis davam entrevistas e pediam calma aos presentes.

A Divisão de Censura da Polícia Federal no Rio de Janeiro impediu a exibição. Um delegado e diversos agentes invadiram o local com objetivo de apreender o filme e o equipamento. A noite terminou com Roberto Amaral preso e com a proibição da exibição do filme. Segundo consta na matéria, os presentes no local não foram surpreendidos com a invasão dos agentes, que foram recebidos com gritos de “abaixo a repressão” (O Globo, 1985, p.7).

Em entrevista para coluna, ao ser indagada sobre a importância dos artistas se posicionarem publicamente a respeito da política, a atriz respondeu:

Os artistas são influenciadores de opinião pública e,
em algumas circunstâncias, sinto que devem se posicionar politicamente,
como o que acontece no Brasil neste exato momento.
Em circunstâncias de normalidade,
acho que os artistas têm o direito de levar a vida na flauta 
e não se comprometerem com a vida da sociedade.
Não é o caso agora, e o Brasil passou 
por muitos momentos difíceis em que o posicionamento dos artistas 
foi e tem sido fundamental (Lucélia Santos, 2021).

Atualmente, a atriz continua se posicionando e usando sua visibilidade para clamar por mudanças no país. No próximo ano, Lucélia Santos comemorará cinquenta anos de carreira, com dezenas de trabalhos no teatro, cinema e televisão, além de ter dirigido documentários. A atriz construiu uma carreira plural, entendendo a dimensão política de ser uma pessoa pública. Ao fim da entrevista, a atriz falou sobre a maior dificuldade de se trabalhar com arte nos dias de hoje, e é com a resposta de Lucélia Santos que encerramos esta coluna:

Hoje em dia tudo é difícil pelo excesso de informação ligeira.
O mundo está classificado em quantificação e não qualificação;
a arte deve ser livre para poder ser de qualidade.
Não há liberdade possível num mundo 
que exige que as pessoas sejam e estejam 
criativas 24horas por dia no nível raso de navegação.
E isso não é arte, mas é o mundo hoje. Navegar é preciso...
Mas em águas profundas (Lucélia Santos, 2021).
Referências:

– As primeiras cenas de ‘Luz del Fuego’, Lucélia revive o sensual e o trágico da ilha do sol. Jornal O Globo, Rio de Janeiro, 31 mai. de 1981.

– BETTI, Maria Silvia. O Teatro de Resistência. In: História do teatro brasileiro. Volume 2: do modernismo às tendências contemporâneas. João Roberto Faria (dir.). São Paulo: Perspectiva: Edições SESCSP, 2013.

– GARCIA, Miliandre; SOUZA, Silvia Cristina Martins de. Um caso de polícia: a censura teatral no Brasil dos séculos XIX e XX. Londrina: Eduel, 2019.

– Lucélia Santos: ecologia, feminismo, brasilidade. O Globo. Rio de Janeiro, 27 out. de 1985.

– Mulheres não obtêm adesões às diretas. O Globo, Rio de Janeiro, 18 de abr. de 1984

– PENTEADO, Léa. Lucélia Santos está de volta em Ciranda, Cirandinha. O Globo. Rio de Janeiro, 26 abr. de 1978.

– Polícia Federal impede a exibição de ‘Je vous salue, Marie’ no Rio. O Globo. Rio de Janeiro, 25 de fev. de 1988.

– TÁVOLA, Artur de. Lucélia Santos e Regina Duarte. Jornal O Globo. Rio de Janeiro, 17 jan. de 1977.

– Universitários debatem ‘Luz del Fuego’ com cineastas. Jornal O Globo. Rio de Janeiro, 20 abr. de 1982.

Imagem de Capa: Heloisa Toliban. 

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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

 
 
 
 
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