O maior aliado do coronavírus: Para Lula, Bolsonaro segue sendo o maior aliado do coronavírus”
Bolsonaro também vem se manifestando contra outra medida que governos sérios têm adotado ao redor do mundo: a exigência do certificado de vacinação e de testes para os viajantes que chegarem ao país. Por isso, Lula criticou, também nesta sexta-feira, a insistência do ex-capitão em fazer de tudo para que a Covid-19 continue se espalhando pelo país.
“Bolsonaro segue sendo o maior aliado do coronavírus”, afirmou o ex-presidente no Twitter. “No começo da pandemia impediu o governo do Ceará de fechar fronteiras para se proteger da chegada da doença. Agora não quer exigir vacinação e testes de turistas estrangeiros, como o mundo inteiro tem feito”, completou.
Ex-ministro da Saúde, o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) também criticou a resistância de Bolsonaro ao chamado “passaporte da vacina”, que classificou como “um ataque à Saúde brasileira e ao esforço de todos os trabalhadores de Saúde que enfrentaram de frente a Covid-19″. Já a presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), afirmou a resistência de Bolsonaro e seus seguidores negacionistas é sinal de que ä vida pouco importa para eles”.
Possível resistência à vacina
A recomendação que a Anvisa emitiu nesta sexta-feira se deu por conta da identificação de uma nova variante, denominada por enquanto de B.1.1.529. Segundo especialistas, há risco de que as mutações presentes nessa cepa a tornem resistentes à vacina. Por isso, a agência recomendou restrição de entrada no país para pessoas que venham de África do Sul, país onde a variante foi identificada; Botsuana; Eswatini (ex-Suazilândia); Lesoto; Namíbia e Zimbábue.
Na nota, a Anvisa recomenda a suspensão de todos os voos e da entrada de estrangeiros vindos desses países e quarentena para brasileiros ou residentes legais que tiveram passagem por um desses países nos últimos 14 dias que antecedem a entrada no Brasil. Por não haver voos diretos desses países para o Brasil, a agência recomenda a restrição de entrada de viajantes dessas áreas também por qualquer outro meio de entrada, informou o UOL.
Mesmo assim, Bolsonaro, que já foi acusado de crimes contra a humanidade pela CPI da Covid, disse que não pretende fazer o que a Anvisa pede. Mais uma vez, caberá a outras autoridades do país lutar para adotar as medidas de proteção da população. O problema é que a resistência do atual presidente é um enorme obstáculo para a saúde pública brasileira. Estudo de Harvard já mostrou que a falta de uma ação coordenada nacionalmente facilita a disseminação do vírus no país.
O conteúdo desta matéria é de responsabilidade da equipe de Redação do PT Nacional. A imagem de capa é do site do PT.
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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.
Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.
Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.
Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.
Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.
Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.
Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.
Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.
Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.
Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.
Zezé Weiss
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