Macron recebe Lula com protocolo de chefe de Estado
O mandatário francês já teve desentendimento público com o atual presidente brasileiro, por questões relacionadas à Amazônia e políticas ambientais. Além disso, em 2019 Jair Bolsonaro fez comentário ofensivo à mulher do francês, que lamentou o pronunciamento “extremamente desrespeitoso”.
Macron recebe Lula com protocolo de chefe de Estado
Já Lula foi recebido com protocolo de chefe de Estado. Ao lado dos ex-ministros Celso Amorim e Aloizio Mercadante (foto acima), discutiu com Macron, segundo relatou, temas como urgência climática e combate a fome e pobreza. “Também conversamos sobre o futuro da União Europeia e a integração da América Latina”, acrescentou o petista.
Entre os vários contatos que manteve até agora, o ex-presidente reuniu-se em Berlim com Olaf Scholz, provável futuro chanceler alemão. De lá, foi para Bruxelas, onde discursou no Parlamento Europeu. Ontem (16), já em Paris, Lula almoçou com a prefeita, Anne Hidalgo, e fez palestra no Instituto de Estudos Políticos de Paris (Sciences Po). Antes do encontro com Macron, recebeu o prêmio Coragem Política, concedido pela revista Politique Internationale. Ele ainda deve passar pela Espanha.
“Acredito que os líderes mundiais precisam sentar à mesa para dialogar e enfrentar esses desafios com uma governança global”, afirmou Lula. “Dividimos preocupações como o avanço da extrema direita pelo mundo e as ameaças à democracia e aos direitos humanos.”
À tarde, Lula concluiu a agenda política em Paris em encontro com o ex-presidente da França, François Hollande. “Conversamos sobre o quadro político no país e a atuação do Partido Socialista francês”, tuitou.
Presidente da Espanha
A Espanha será o último dos quatro países visitados pelo ex-presidente esta semana. Nesta quinta (18), Lula reúne-se com o presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, no Palácio da Moncloa, em Madri, sede do governo e residência oficial do primeiro-ministro. Em seguida, participa de seminário sobre a recuperação do continente depois da pandemia, com a presença também do ex-primeiro-ministro José Luis Rodríguez Zapatero.
O ex-presidente terá ainda encontro com a secretária-geral da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), Rebeca Grynspan, tendo como assunto combate a pobreza e desigualdade. Por fim, Lula se reunirá com representantes das centrais Confederação Sindical de Comissões de Trabalhadores (CCOO, na sigla em espanhol) e União Geral dos Trabalhadores (UGT).
Fotos: Ricardo Stuckert
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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.
Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.
Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.
Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.
Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.
Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.
Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.
Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.
Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.
Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.
Zezé Weiss
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