Monarco nasceu em 17 de agosto de 1933 no Rio de Janeiro. Em agosto de 2021 completou 88 anos. No ano passado, ao chegar aos 87, brincou em uma entrevista dizendo que ainda não havia chegado a sua hora. Ele era filho de um marceneiro que nas horas vagas fazia as vias de poeta. José Felipe Diniz, o seu pai, chegou a publicar poemas no Jornal das Moças. Monarco foi criado no bairro de Oswaldo Cruz, onde desde muito pequeno frequentava as rodas de samba da Portela. O apelido Monarco chegou aos seis anos de idade.
Em 1950, aos 17 anos, Monarco ingressou na ala de compositores da azul e branca de Oswaldo Cruz e Madureira. Seu padrinho e incentivador foi Alcides Malandro Histórico, um dos maiores poetas da história da Portela. O baluarte portelense ingressou em meados dos anos 40 no Bloco Primavera e também chegou a atuar como diretor de harmonia da Portela. Monarco nunca teve um samba-enredo de sua autoria levado pela escola na avenida em um carnaval.
Em meados da década de 1960, deixou a Portela e entrou para a Unidos de Jacarezinho (para a qual compôs “História de Vila Rica do Pilar – a descoberta do ouro” para o carnaval de 1970 e ‘Homenagem a Geraldo Pereira’ para o carnaval de 1980), mas retornou à Portela em 1969, tornando-se responsável pelo grupo Velha-Guarda da Portela. Monarco alçou patamar de sambista respeitado ao gravar em 1970 o álbum “Portela, passado de glória”, produzido por Paulinho da Viola. Passou a liderar a Velha-Guarda da Portela após a morte de Manaceia.
Monarco possui um rosário seleto de composições que marcaram a história do samba em 60 anos de uma trajetória marcada pela fidalguia e a valorização do samba. Obras como “De Paulo a Paulinho”; “Lenço”; “Nunca vi você tão triste”; “Passado de glória”; “Portela desde criança”; “Proposta amorosa”; “Quitandeiro”; “Tudo menos amor” e “Vai vadiar”, são obrigatórias no embalo de qualquer roda de samba que se prese.
Presidente de honra da Portela desde 2013, quando o grupo político que hoje comanda a escola assumiu agremiação, Monarco deixa um legado imensurável para a cultura brasileira. Ainda jovem fez parte do grupo de sambistas que era perseguido pela polícia, pois samba era uma manifestação marginal, coisas do racismo estrutural que assola a sociedade brasileira há séculos. “Pandeiro era porte de arma”, disse várias vezes o sambista, morto aos 88 anos de idade.
Além de milhares de fãs, Monarco deixa uma família que certamente conduzirá para sempre o seu legado. Seu filho Mauro Diniz é arranjador e cavaquinista, além de compositor de sucessos gravados por boa parte de intérpretes da MPB. A neta, Juliana Diniz, filha de Mauro Diniz, é atriz e cantora com disco solo. Marcos Diniz, o outro filho, além de compositor de sucessos, faz parte do Trio Calafrio. Em 2004 casou-se com Olinda, sua companheira dos últimos anos.
Divulgação/Ana Branco