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A lenda da gralha-azul, a plantadora de araucárias

A lenda da gralha-azul, a plantadora de araucárias 

Conta a lenda que houve um tempo em que a gralha-azul era apenas uma gralha comum, também muito bonita, mas só uma gralha parda que queria ser útil para a humanidade, mas não sabia bem como…

Por Só História

Um dia, enquanto dormia num majestoso galho de um pinheiro-do-Paraná, a gralha acordou com os golpes de um machado derrubando sua morada. Assustada, voou para as nuvens, para esquecer a tristeza de ver a sua árvore tombada. Entristecida, a gralha pensou em não mais voltar.

Lá no céu, uma voz divina a fez lembrar do que fazia na floresta: enquanto se alimentava do fruto do pinheiro, ela sempre enterrava no chão um naco dele, a parte mais suculenta, onde fi cava a semente, para comer mais tarde. Mas como sempre se esquecia do local onde deixou seu lanche, sem querer sempre plantava muitos pés de araucária.

A voz lhe disse que, dali pra frente, o que era apenas um esquecimento seria a sua grande missão humanitária. Antes de voltar à terra, suas penas foram pintadas de azul, para que ela pudesse se destacar das demais aves enquanto fosse espalhando as sementes de pinhões para preservar a Mata de Araucárias.

Desde então, por onde passa, a gralha-azul vai plantando os pinheiros-do-paraná com seu método peculiar: depois de comer a parte mais fi na do pinhão, com o bico ela pressiona a outra parte, a da semente, até enterrá-la no chão. E, para completar seu trabalho, cobre o local com folhas, pedras, ou galhos, para que a semente possa germinar e dela possa nascer um novo pé de araucária.

Fontes: Só História/ Sua Pesquisa  

 

 

 

 


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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

 

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