Lágrimas de Lama
Poesia sobre a tragédia (crime) de Brumadinho
Por: Marconi Burum
Quem é este ser que
Do Pó veio
E à Lama voltará
Dadas as novas circunstâncias
Em que vida é lixo
Para o luxo de alguns?
Quanto Vale a vida?
De tanto lucro que teve,
Poderá pagar pelo deboche
[ aos soterrados há tanto tempo
[ pela ganância?
O que Brumadinho, Mariana
[ e tantas camas de madeira
[ têm em comum?
O nosso esquecimento quanto ao essencial
Para trocar por tanto capital
A infinita beleza natural
E o ser humano d-existencial.
(Talvez!)
Pelo trocado de dor e morte desigual,
E por uma paisagem tão triste;
Intergeracional,
Vale desbarrar a barragem de sangue
E barrar o olhar de uma criança,
Que perdeu a família inteira
No rio de Lama.
No rio do rico que não para de rir.
Aquilo não foi um desastre.
Longe de ser um acidente.
Aquilo foi um crime.
Um assassinato frio de gente,
[ de bicho,
[ de árvore,
[ de água,
Somente por causa de quem mente
Para ter mais uns bilhões de tostões.
(E se?)
Deus já chora lágrimas.
Chora ao ver tanta devoção à grana.
Chora Lama transformada
[ pela decepção humana…
ANOTE:
Marconi M L Burum – Professor, Escritor e Sonhante!