O sincretismo de Ewá e Santa Luzia
O sincretismo de Ewá e Santa Luzia se dá pelo domínio sobre a vidência e a homenagem a elas ocorre em 13 de dezembro, quando fiéis pedem proteção dos olhos.
Homenagem em 13 de dezembro
Segundo a tradição da igreja católica, Santa Luzia foi uma jovem siciliana, venerada pelos católicos como virgem e mártir; que, segundo conta-se, morreu por volta de 304 durante as perseguições de Diocleciano em Siracusa.
Na antiguidade cristã, juntamente com Santa Cecília, Santa Águeda e Santa Inês, a veneração à Santa Luzia foi das mais populares; e, como as primeiras, tinha ofício próprio.
Santa Luzia chegou a ter vinte templos em Roma dedicados ao seu culto.
Ewá e Santa Luzia – O sincretismo
Ewá domina a vidência, atributo que o deus de todos os oráculos lhe concedeu por esta razão é sincretizada com a Santa católica; a protetora dos olhos que é comemorada em 13 de dezembro.
Santa Luzia e Ewá são padroeiras dos oftamologistas e daqueles que têm problemas de visão.
Oração a Santa Luzia
Padroeira dos oftalmologistas e daqueles que tem problemas de visão
“Santa Luzia, consagrada a Deus com o voto de castidade, enfrentastes com fortaleza quem tentava violar este voto. Não aceitastes de forma alguma adorar falsos deuses e, por isso, fostes martirizada.
Alcançai-me de Deus a firmeza em meus bons propósitos . Protegei-me contra todo o mal dos olhos (peça com fervor sobre seus problemas nos olhos).
Fazei que eu use da minha vista somente para olhar o mundo e as pessoas com caridade e otimismo.
Pela vossa poderosa intercessão, alcançai-me aforça para superar qualquer contrariedade, principalmente a que estou passando agora (diga a Santa Luzia todos os seus problemas).
Mantenha viva a minha fé em Jesus Cristo, nosso único senhor, Ele que vive e reina com o Pai e o Espírito Santo, por todos os séculos e séculos… Amém!”
Oração a Ewá
Senhora do céu rosado, senhora das tardes enigmáticas; senhora das nuvens carregadas, esteira do arco-íris.
Senhora das possibilidades das vantagens e dos caminhos do encantamento e da beleza, da alegria e da felicidade.
Senhora das brumas dissipe as nuvens dos meus caminhos; ó poderosa princesa!
Invoque as forças dos ventos a meu favor, que a chuva me cubra de prosperidade, que sua coroa cubra meu destino; ó princesa-mãe do oculto!
Que eu seja o seu filho perdido e bendito e em suas graças; que a névoa que existe hoje em meus passos seja límpida no amanhã!
Que assim seja!”
Fonte: Raízes espirituais
Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.
Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.
Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.
Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.
Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.
Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.
Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.
Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.
Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.
Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.
Zezé Weiss
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