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Padre Júlio denuncia exploração de pessoas em situação de rua na Virada Cultural de São Paulo

Padre Júlio denuncia exploração de pessoas em situação de rua na Virada Cultural de São Paulo

Padre Júlio denuncia exploração de pessoas em situação de rua na Virada Cultural de São Paulo P

Estruturas do evento estariam sendo montadas em situação precária; prefeitura nega irregularidades…

Por Brasil Popular

O padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua de São Paulo, denunciou a prefeitura de São Paulo nesta sexta-feira (27) por possível exploração de pessoas em situação de rua na montagem de estruturas para a Virada Cultural, que acontece entre sábado e domingo (28 e 29).
Em vídeo postado nas redes sociais, o padre está acompanhado de duas pessoas que tiveram as identidades preservadas e foram identificadas como pessoas em situação de rua. Eles afirmam que foram contratados para trabalhar na montagem de palcos e outras estruturas.
“Acontece que a gente trabalha 12 horas por dia, não é remunerado da forma que a gente tem que ser remunerado. A gente tá sendo humilhado aí, querendo só justiça e que paguem a gente da forma que tem que ser pago”, disse um dos homens.
Eles ainda disseram que recebem R$ 60 para esse turno de 12 horas de trabalho, além de uma marmita “fraquinha”. Segundo os dois homens, eles “fazem de tudo”, um trabalho “pesado e perigoso”, e se deslocam em vans com mais pessoas que a capacidade permitida. Além disso, segundo eles, quem se machuca “não recebe nada”.

 


 

Conhecido por seu trabalho junto à população em situação de rua na capital paulista, padre Júlio disse que não se opõe à contratação dessas pessoas para trabalhos como este, desde que “tenham EPIs, alimentação adequada, que tenham como recolher Previdência Social e se pague um valor justo”.
Após a denúncia, o Gabinete da Cidade, iniciativa recém-lançada e ligada ao Partido Socialista Brasileiro (PSB) se uniu ao padre para protocolar denúncia no Ministério Público do Trabalho em São Paulo. O grupo afirma que pretende fiscalizar e propor políticas públicas para a cidade de São Paulo.
“Expressamos nossa perplexidade com a situação destes trabalhadores. Caso confirmadas, as condições de trabalho a que pessoas em situação de rua foram submetidas configuram uma violação clara de direitos humanos e um ataque à dignidade humana”, disse nota da entidade.

Outro lado

Em nota enviada ao portal G1, a SPTuris, empresa oficial de turismo e eventos da capital paulista e responsável pela infraestrutura da Virada Cultural, afirmou que não interfere na remuneração oferecida pelas empresas terceirizadas que fazem os serviços.
A empresa informou ainda que o contrato assinado com as terceirizadas obriga o cumprimento das normas trabalhistas e de segurança de todas as pessoas envolvidas.
A SPTuris disse que fiscaliza o cumprimento do contrato e que não havia identificado nenhum desvio no processo até o momento do envio da nota.
 

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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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