Súplica à Mãe Terra
No Dia Mundial da Terra, somos chamados a reencontrar o sentido do respeito sagrado pela Terra porque ela é nossa casa, mas também a casa de Deus. Deus ama e aprecia o magnífico dom da Terra, nossa casa comum e por cuidar de todos os seres vivos e membros da família humana…
Por João de Deus de Souza
Feliz é o filho da luz que ama sua mãe Terra
Que é doadora de sua vida e nossa casa comum.
Ele sabe que sua Mãe Terra está em ti e ele está nela
E na passagem por esta Terra,
Temos que redobrar os cuidados por nossa casa comum.
Ela é quem te gerou e te deu a vida e lhe doou este corpo que um dia a devolverás,
Pois, não somos apenas terrestres mas temos o sopro Vital de Deus.
O sangue que corre em tuas veias
Nasceu do sangue de tua mãe, a Terra.
O sangue dela escorre das nuvens, jorra do ventre dela,
Nasce dos riachos, corre abundantemente nos rios e mares.
O ar que você respira nasce do pulmão da Mãe Terra.
A força vital dela vem do azul celeste das alturas do céu
E dos sussurros das Folhas da Floresta.
A dureza dos teus ossos vem da força dos ossos da tua Mãe Terra.
A maciez da tua carne vem da carne de tua mãe, a Terra.
O brilho dos teus olhos, o alcance dos teus ouvidos,
Vem das cores e dos sons da tua mãe,
A Terra que te cerca feito as ondas do mar
Aconchegando os peixinhos como o ar sustenta o pássaro
Que voa seguro e feliz.
Tu és como tua mãe Terra: Ela está em ti e tu estás nela.
Dela tu nasceste, nela tu vives e para ela voltarás.
Obedeça as suas leis, pois , tudo que é teu vem dela.
Teu sangue é o sangue dela, teus ossos são os ossos dela,
Tua carne é a carne dela,
Teus olhos são os olhos dela e teus ouvidos também.
Somos os guardiões e administradores da terra, mas com sinceridade, destruímos nossa casa comum.
Falhamos nos cuidados e na preservação da Terra:
Nossa Casa Jardim.
Pecamos contra a Terra, contra o próximo e contra o criador que quer que vivamos juntos em comunhão.
E como reage a terra?
Há um ditado que diz: “Deus perdoa sempre; nós, homens, às vezes; a Terra, nunca.”
E Como restabelecer a relação harmoniosa com a terra e a humanidade?
Precisamos de uma nova forma de considerar a casa comum, pois ela não é um depósito de recursos para explorar.
Ela é o “Evangelho da criação e foi feita por Deus para sustentar a humanidade.
E a Bíblia afirma: Então Deus viu tudo quanto havia feito, e era muito bom” (Gênesis 1.31).
Nós humanos é que destruímos a obra do Criador.
No Dia Mundial da Terra, somos chamados a reencontrar o sentido do respeito sagrado pela Terra porque ela é nossa casa, mas também a casa de Deus. Deus ama e aprecia o magnífico dom da Terra, nossa casa comum e por cuidar de todos os seres vivos e membros da família humana.
O filho que ama sua Mãe Terra não morrerá jamais. Amém.
João de Deus de Souza – Filósofo e Psicólogo.
Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.
Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.
Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.
Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.
Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.
Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.
Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.
Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.
Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.
Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.
Zezé Weiss
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