Esperança – Substantivo Feminino
O que esperar da luta das mulheres em 2022 e a campanha por Lula presidente
Por Anne Moura/ PT Nacional
Mas, como dizem, brasileiras não desistem nunca. Não por se tratar de uma paráfrase marqueteira, e sim porque desistir, no caso das mulheres, significa perder a voz, a autonomia e a vida. Resistimos há séculos contra um sistema patriarcal que nos quer silenciadas, oprimidas e mortas. E ao longo dos últimos dois anos, fomos às redes e às ruas enfrentar o governo autoritário, fascista e genocida.
Em 2022, vamos reerguer esse país e reconstruir as esperanças que nos foram retiradas. Não vamos abrir mão de eleger um governo que defenda os interesses da classe trabalhadora, combata o racismo e promova a igualdade de gênero. Daremos cada passo dentro e fora de nossas organizações para reforçar a agenda feminista e resistir de todas as formas possíveis aos retrocessos impostos às mulheres, aos povos indígenas, ao povo negro, ao povo da periferia, à população LGBT, à classe trabalhadora, às crianças e adolescentes, à natureza.
Com a campanha por Lula Presidente, vamos adiante na eleição e reeleição de mulheres progressistas e feministas no senado, no parlamento e nas assembleias em todo país. Vamos denunciar e enfrentar a violência política de gênero e impedir que se levantem contra nosso direito de falar, disputar e ocupar espaços políticos.
Atuaremos para que as mulheres sejam protagonistas no Plano de Reconstrução do Brasil, um projeto feminista e antirracista. Vamos garantir a centralidade das mulheres na elaboração das políticas públicas e que a intersetorialidade não seja apenas uma formalidade, mas a prática cotidiana das decisões do governo – avançar no combate à violência doméstica, ao feminicídio, com investimento público e direcionamento de recursos em áreas fundamentais como saúde, educação, segurança alimentar, acesso à água e segurança pública.
Porque o Brasil é maior, muito maior que Bolsonaro. E a esperança é dona, é plena, é feminina.
Somos Mulheres com Lula 2022.
Anne Moura é Secretária Nacional de Mulheres do PT.
HORA DE VESTIR A CAMISA DO LULA
CONTRIBUA COM A REVISTA XAPURI
PIX: contato@xapuri.info
Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.
Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.
Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.
Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.
Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.
Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.
Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.
Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.
Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.
Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.
Zezé Weiss
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