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Renato Freitas, preso por Racismo: "A gente incomoda"

Renato Freitas, preso por Racismo: “A gente incomoda”

Renato Freitas, cidadão e vereador negro preso por polícia racista  numa praça de Curitiba

Na tarde do dia 04 de junho, às quatro horas da tarde, um jovem negro foi preso enquanto jogava basquete com um amigo na Praça 29 de Março, no centro de Curitiba.

Por Zezé Weiss

Renato Freitas Júnior, advogado, mestre em Direito pela Universidade Federal do Paraná, vereador pelo Partido dos Trabalhadores, eleito com mais de cinco mil votos nas eleições de 2018, perdeu a liberdade por, segundo quem o prendeu, “perturbação do sossego” (conforme áudios gravados por populares no momento da prisão).

A perturbação do sossego? Uma caixa de som ligada para que Renato ouvisse música enquanto praticava esporte com o amigo David Willians. Imobilizado por três policiais, Renato foi levado para o 12º Batalhão da PM de Curitiba, para a assinatura de um termo circunstanciado. Antes, porém, quebram a caixa de som de Renato.

No camburão, já algemado, a caminho da prisão, Renato insiste em saber o motivo da prisão. Sem resposta, desabafa: “Por que estamos sendo presos? Por que não nos dizem a razão da nossa prisão? Um dos agentes responde: “Não sei”. Renato reage: “Vocês nos prendem sem motivo, só porque escureceremos a praça branca e elitista de vocês?” E, antes da porta da viatura fechar, completa: “Essa é a cara de Curitiba, a cara do racismo”.

Depois de quatro horas na Polícia, ao ser liberado, ante as vozes companheiras que, solidárias, gritavam “Abaixo o Racismo – Renato Livre”, Renato fez o seguinte desabafo*:

Lamento profundamente a abordagem da Guarda Municipal na tarde de hoje (04/06). Nós não estávamos fazendo absolutamente nada. A PM nos abordou em uma praça que estava aberta, com pessoas praticando esporte, fazendo caminhadas.

Até agora, saindo dessa delegacia, continuo sem saber por que fui preso.  Fomos tratados como inimigos, trataram a gente com racismo, como sub-cidadãos, não como cidadãos, não como pessoas. E essa não é a primeira vez que fui preso nesta praça. Esse mesmo Batalhão já me prendeu aqui, da outra também me prenderam, me algemaram sem razão nenhuma, só porque, depois de me revistar e não achar nada, me mandaram sair da praça e eu disse que não saía.

A gente tava sendo o que a gente é – só arremessando uma bola de basquete, só duas pessoas, a seis, oito metros de distância um do outro, e de máscaras. Começaram a querer esganar, a querer nos segurar, a querer dar golpe na gente quando a gente já estava preso. Até agora não sei a razão dessa violência, mas sei que o racismo tem cor e é crime.

O fato é que o que a gente é incomoda. Os olhares desses policiais não conseguiam nos enxergar, porque a visão deles estava turva. A nossa felicidade, ali, ouvindo música e praticando esporte, infelizmente, gera incômodo. A gente está na luta para combater isso. Eu digo não, e vou continuar dizendo não, custe o que custar, seja como for.  Ah, e eu falei do Rap. O Rap é tipo Galileu e a sua teoria, a sua poesia – provou que o mundo não é centro, e é também é periferia.

Infelizmente, a violência sofrida por Renato Freitas acontece, todos os dias, contra a juventude negra deste nosso Brasil dominado por um Estado Genocida. É nosso direito denunciar e resistir. Em Resistência, denunciemos!

[authorbox authorid=”” title=”Sobre a Autora”]


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