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Um salve para Omolú

Um salve para Omolú

Um salve para Omolú, aquele que zela para a vida humana prosseguir. Omolú-Obaluaê é o senhor das doenças, é o orixá da renovação dos espíritos,  senhor dos mortos e regente dos cemitérios; considerado o campo santo entre o mundo material e o mundo espiritual…

Por Raízes Espirituais

Atotô, Obaluaiê!

Da terra tudo renasce.
Germinam as sementes, crescem os campos.
Mãe que ampara as águas da chuva para o ciclo incessante dos rios continuarem.
Terra que zela para a vida humana prosseguir.
Guardiã de nossos ancestrais, fonte de nossa ascendência.
Terra pura de vem a cura para tantos males físicos e espirituais.
Terra nova a cada estação: seca, úmida, molhada, fertilizada – Plataforma de meus pés, meu chão.
Solo verde de arvoreados que nos traz a madeira, as palhas…
Aquela que se doa totalmente, que nos devolve renovado tudo que foi utilizado.
Mas, não nos deixa ver seus olhos jamais!

Fonte: Luso-poemas

Omolú-Obaluaê é o senhor das doenças, é o orixá da renovação dos espíritos,  senhor dos mortos e regente dos cemitérios; considerado o campo santo entre o mundo material e o mundo espiritual.

O orixá é conhecido como Obaluaiê no Candomblé, como Obaluaê na Umbanda, como Xapanã no Batuque. Xapanã é um nome proibido tanto no Candomblé como na Umbanda, não devendo ser mencionado pois pode atrair a doença inesperadamente.

Omolú-Obaluaê é filho de Nanã e irmão de Oxumarê. Sua figura é cercada de mistérios, pois a ele é atribuído o controle sobre todas as doenças; especialmente as epidêmicas.

O poderoso orixá Omolú-Obaluaê tem o poder de causar a doença, assim como pode possibilitar a cura do mesmo mal que criou.

O Culto a Omolú-Obaluaê

Tem como emblema, ou ferramenta, o Xaxará (Sàsàrà); uma espécie de cetro de mão, feito de nervuras da palha do dendezeiro, enfeitado com búzios e contas. Através desse cetro, ele capta das casas e das pessoas as energias negativas, bem como “varre” as doenças, impurezas e males sobrenaturais. Esta representação nos mostra sua ligação com a terra.

As vestimentas de Omolú-Obaluaê

A vestimenta de Omolú-Obaluaê é feita de ìko, uma fibra de ráfia extraída do Igí-Ògòrò, também conhecida como palha da costa. É um elemento de grande significado ritualístico, principalmente em ritos ligados a morte e ao sobrenatural, pois sua presença indica que algo deve ficar oculto.

A vestimenta de Omolú-Obaluaê é composta de duas partes o “Filá” e o “Azé“, sendo que a parte de cima, que cobre a cabeça, é uma espécie de capuz trançado de palha-da-costa, acrescido de palhas em toda sua volta, que ultrapassam a cintura. Já o Azé, seu asó-ìko (roupa de palha) é uma saia de palha da costa que vai até os pés, em alguns casos, ou, em outros, termina acima dos joelhos. Por baixo desta saia, vai um Xokotô, espécie de calça, também chamado “cauçulú“, que oculta o mistério da morte e do renascimento.

Esta vestimenta é acompanhada de algumas cabaças penduradas, as quais, segundo as lendas, carregam os feitiços e remédios do Orixá. Vestindo-se com ìko e cauris, Omolú-Obaluaê revela, assim, sua importância e ligação com a morte.

 

CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE OMULÚ/OBALUA

Omulú/Obaluaê orixá da que pode provocar uma doença ou trazer a cura

Os filhos de Omulú/Obaluaê costumam sofrer com doenças crônicas, muitas vezes doenças graves e difíceis de tratar e, mas devem aprender a viver o melhor que puderem com isto.

Mesmo quando não é o caso, filhos de Omulú/Obaluaê acabam por ter uma tendência autodestrutiva e depressiva. Esta tendência é disfarçada de ceticismo e praticidade.

Aparentemente muito bem resolvidos, estes filhos de Omulú/Obaluaê escondem seu sofrimento com atitudes diretas e se desapegam de tudo, evitando, dessa maneira, sofrer ou causar sofrimento a quem os ama. Muitas vezes os amores e parentes sofrem mais que os próprios filhos de Omulú/Obaluaê; pois eles aguardam pacientemente a cura para todos estes males.

A mensagem do orixá Omulú/Obaluaê é complexa, exige reflexão. Como dissemos: Saúde e doença são coisas que andam juntas. Temos a imagem de que um hospital é um local para se curar; mas nos esquecemos de que é lá onde estão, e também se pode pegar, as doenças mais graves. Às vezes o inverso.

Não é uma tendência os filhos de Obaluaê se atraírem pelas áreas da saúde na profissão. Mas quando escolhem este caminho conquistam o carinho de seus pacientes. Sabem cuidar de um enfermo como se cuidassem de si mesmos.

Talvez o ensinamento mais fácil dos filhos de Omulú/Obaluaê seja o cuidado com o próximo. Já que o Orixá é uma figura que lida com energias pesadas e difíceis de compreender para a maioria dos seres humanos.

Mas, se compreendermos bem o desapego que ele nos ensina e não o usarmos como pretexto para fugir do sofrimento desta vida; poderemos, assim, dar um grande passo rumo à real evolução espiritual.

 

Festa de Omolú-Obaluaê

O Olubajé é a festa anual em homenagem a Omolú-Obaluaê, onde as comidas são servidas na folha de mamona.

Nessa festividade, com exceção de Xangô, todos os orixás participam, principalmente Ossaim, Oxumarê e Nanã, visto que são de sua família.

Iansã tem papel importante neste festejo, pois é ela quem ajuda no ritual de limpeza e também quem traz para o barracão de festas a esteira, sobre a qual serão colocadas as comidas.

Olubajé é um ritual específico para o orixá Omolú-Obaluaê, por isso, é indispensável nos terreiros de candomblé, no sentido de prolongar a vida; e, assim, trazer saúde a todos os filhos e participantes do axé.

No encerramento deste rito, são ofertadas no mínimo nove iguarias da culinária afro-brasileira; comidas rituais pertinentes a vários orixás, simbolizando a Vida. Estas comidas são servidas sobre uma folha chamada “Ewe Ilará”, conhecida popularmente como mamona assassina, altamente venenosa, cujo uso visa simbolizar a Morte (iku).

Opanijé

O Opanijé no candomblé é um toque sagrado, entoado para o orixá Omolú-Obaluaê. Geralmente é tocado para a divisão da comida ritual chamada Olubajé, quando, todos em silêncio, recebem sua porção; e, assim, os participantes aproveitam este momento para pedir por saúde, proteção e longevidade.

Durante este rito, o orixá dança numa representação simbólica, mostrando sua ligação com os mortos (Ikú) e o seu domínio sobre a terra.

 Pipoca é a oferenda principal de Omolú-Obaluaê

Os devotos de Omolú-Obaluaê lhe atribuem curas milagrosas, realizando oferendas de pipocas, o deburu ou doburu, em sua homenagem ou jogando-as sobre os enfermos, promovendo, assim, um descarrego.

Doburu é a comida ritual mais apreciada pelos orixás Omolú-Obaluaê. É o milho de pipoca estourado em uma panela, em alguns lugares com óleo ou azeite, em outros com areia.

Neste último caso, é preciso peneirar a areia dessa pipoca depois de pronta. Ao final, a pipoca é colocada em um alguidar (vasilhame de barro) e enfeitada com pedacinhos de coco.

A origem da palavra “Obanijé” é a língua yorubá, e significa “aceitar comer” (opa – aceita), (nijé – comer). Durante o ritual, o orixá dança curvado para frente, como quem está atormentado por dores e desenvolve movimentos que lembram alguém que está sofrendo com coceiras e tremores de febre.

Omulú não é o diabo

O orixá Omulú não é o diabo como pregam alguns evangélicos, que representam o médico dos deuses da Umbanda de forma negativa quando ele é um curador do bem.

 Alguns membros da Igreja Evangélica e; especialmente das Igrejas Neopentecostais, preferem disseminar o ódio e a incompreensão e associar os orixás da Umbanda a entidades maléficas.

Isso é uma mentira que necessita ser esclarecida, pois Omulú não é o diabo, aliás; nem sequer existe a figura do diabo nas religiões de origem africana, como na Umbanda.

Talvez; a associação com o diabo aconteça devido ao fato de quem não conhece a origem do orixá, e estranhe seu modo de vestir, com uma espécie de véu que cobre todo o seu corpo.

Essa vestimenta que cobre Omulú foi feita por Ogum, e; tem o objetivo de cobrir as deformações no corpo desse orixá.

A associação com diabo, outras vezes; vem apenas por se tratar de um deus que difere dos costumes cristãos, e assim ele é associado ao abjeto diabo.

 O sincretismo de Omulú Obaluaê com São Roque e São Lázaro

O sincretismo de Omulú Obaluaê ocorre com dois santos distintos da Igreja Católica, São Lázaro e São Roque, e ambos representam o “Médico dos Orixás”.

 Sincretismo de Omulú Obaluaê com São Roque

São Roque tem sua biografia cercada de dados imprecisos, mas; sabe-se que nasceu e faleceu em Montpellier (França) onde viveu entre 1295 a 1327.

Roque era filho de um rico mercador e herdou sua fortuna, a qual; distribuiu aos pobres quando chegou a maioridade.

São Roque então deixou os estudos de medicina e passou a praticar o atendimento aos necessitados, realizando diversos milagres.

Teve grande atuação em diversas cidades que apresentavam foco da peste negra, para onde se dirigia a fim de curar os doentes.

Assim, São Roque contraiu também a peste, e para não contaminar outros isolou-se na floresta, onde teria sido salvo por um cão que levou pão, matando sua fome.

A São Roque são atribuídos diversos milagres na cura de doenças contagiosas, cura de animais, sendo patrono dos cirurgiões.

A razão do sincretismo com o orixá Omulú Obaluaê está nos feitos de cura milagrosos realizados pelo santo durante sua vida.

São Roque é homenageado na Igreja Católica em 16 de agosto quando Omulú Obaluaê é reverenciado nas Casas de Umbanda.

O sincretismo de Omulú Obaluaê com São Lázaro

Lázaro é um dos mais intrigantes personagens descritos na bíblia como irmão de Maria Madalena, e um grande amigo que Jesus ressuscitou.

Alguns teólogos acreditam que o milagre da ressureição de Lázaro dá início aos eventos que levarão a crucificação de Jesus.

Lázaro conhece a vida e a ressureição para falecer definitivamente muitos anos depois com idade avançada, segundo a bíblia.

Assim como Omulú Obaluaê; que assiste o último suspiro do ser vivente conduzindo sua alma aos processos evolutivos, São lázaro também atravessou os portais da vida e morte e retornou, o que os liga no sincretismo religioso.

São Lázaro é homenageado em 17 de dezembro quando Omulú Obaluaê é também reverenciado em algumas Casas de Umbanda.

Dia de Omolú-Obaluaê e características dos filhos

O dia da semana consagrado a Obaluaiê é segunda-feira e a saudação é ATOTÔ!

O dia da semana consagrado a Omolu/Obaluaê é segunda-feira; suas cores são o preto e o amarelo, ou marrom escuro e amarelo e o vermelho. Sua saudação é “Atotô!”.

Uma das características mais marcantes dos filhos de Omolú/Obaluaê é que seus eles parecem ter mais idade do que realmente têm por conta da entidade ser mais velha e agem como se tivessem uma idade bastante avançada.

Os filhos de Omolú-Obaluaê são doces, mas reclamões, rabugentos, um tanto mal-humorados.

Quando querem e veem merecimento, fazem de tudo a seu alcance e ajudam a todos, sem exceção.

Os filhos deste orixá sofrem com muitos problemas de saúde que se arrastam por anos, geralmente desde criança, ou mesmo desde o nascimento. por outro lado, geralmente possuem um dom de cura espiritual.

São amigos fiéis, dedicados e leais.

Os filhos de Omolú/Obaluaiê são muito intuitivos, por isso podem ter premonições. Seus filhos têm um comportamento de pessoas maduras, o que os ajuda a não agirem como crianças, ou serem irresponsáveis, mas que, por outro lado, os deixa um pouco ranzinzas.

Gostam da ordem, disciplina e sossego.

 Lenda ou Itan de Omolú-Obaluaê

Doente e com o corpo coberto de feridas, Omolú/Obaluaê retorna para aldeia onde nasceu e encontra todos os orixás em festa, mas, envergonhado de seu aspecto, não entra na festa e fica escondido observando os orixás.

Xangô recebia todos os orixás em uma grande festa em seu palácio, exceto Omulú-Obaluaiê, que não fora convidado devido a sua aparência que repugnava o vaidoso “Rei dos Trovões”.

Dessa forma; o pobre e desprezado Omulú podia apenas assistir a grande festa pelas frestas do terreiro do grande palácio de Xangô.

Ogum vendo aquela injustiça, dispôs-se logo a ajudar. Providenciou para Obaluaiê uma grande veste que cobria-o da cabeça aos pés, ofuscando assim as marcas da varíola que ele levava em seu corpo.

E Obaluaiê mesmo envergonhado, adentrou o palácio de Xangô, mas ninguém queria dançar com ele na festa.

Iansã recebe de Omulú-Obaluaiê o poder sobre os mortos

Iansã, que observava tudo atentamente, compadece da situação em que se encontrava Omulú naquela festa e tenta ajudar.

Neste momento, Iansã aproxima-se de Omulú, bem no centro do “Xirê dos Orixás” que dançavam alegremente, e com seu belo vestido começa a rodar ao lado do Omulú, produzindo assim grande ventania que faz levantar a palha que cobria Omulú, revelando suas feridas por debaixo daquelas vestes.

Nesse momento mágico, as feridas de Omulú-Obaluaiê pularam para fora de seu corpo, transformadas encantadoramente numa chuva de pipocas que cobriu todo o palácio de Xangô de branco, revelando por detrás de todas aquelas feridas, o jovem e belo Obaluaiê.

Em recompensa a sua grande e mágica ajuda, Omulú-Obaluaiê deu a Iansã o poder de domínio sobre seu reino, fazendo Iansã tornar-se “Iansã Balé”, a senhora que tem o domínio sobre os mortos e; com seu eruxim afastar os eguns para o mundo dos espíritos, dominando-os.

Principais folhas e ervas de Omolú/Obaluaê

Conheça as principais folhas e ervas de Omolú/Obaluaê para uso ritualístico, como em banhos, defumações, trabalhos, oferendas e obrigações.

As ervas de Omulú têm a função de invocar a força e as energias deste poderoso Orixá das saúde e da doença; para que, assim, atue nos rituais em que estejam sendo utilizadas, fortalecendo seus pedidos a este Orixá.

Omolú-Obaluaê é filho de Nanã, irmão deOxumarê e sua figura é cercada de mistérios. A ele é atribuído o controle sobre todas as doenças, especialmente as epidêmicas. O poderoso orixá tem o poder de causar a doença, assim como pode possibilitar a cura do mal que criou.

Para quais situações usar as folhas e ervas de Omolú/Obaluaê ?

Senhor do portal entre os mundos dos vivos e dos mortos, da terra e de suas riquezas; Omolú/Obaluaê é um poderoso Orixá para auxiliar nas mais diversas causas. Mas, principalmente, a quem necessita de melhorias e proteção na saúde; como, por exemplo, em cirurgias, quebra de demandas e feitiços e limpeza espiritual

Conheça, então, as principais ervas e plantas que podem reforçar o poder de suas orações e oferendas a Omulú durante o ano todo; mas principalmente no mês de Agosto, mês especialmente dedicado a este Orixá.

1 – Gervão: Também conhecida como gervão-roxo, gervão-azul, chá-do-brasil ou verônica, esta planta nativa do Brasil é encontrada em quase todos os estados. Pode ser usada no preparo do abô, além de diversos trabalhos para saúde. Pode, também, ser usada em banhos, emplastros com a folha a misturada a outra ervas e/ou azeite.

2 – Cássia: Também conhecida como Cássia-do-nordeste, Cássia-macranta, Cássia-macrantera, Fedegoso, Fedegoso do Rio, Macrantera, Habú. Pode ser usada fresca na ornamentação das oferendas; ou seca na defumação de pessoas e ambientes.

3 – Agapanto: Essa planta ornamental pode apresentar-se na cor branca, sendo, assim, usada para Oxalá; ou na cor lilás, sendo, então, usada tanto para Omulú quanto para Nanã. Nos rituais de Umbanda é aplicado como ornamento em pejis, e em banhos dos filhos destes orixás.4 – Agoniada: Erva essencial em quase todas as obrigações e rituais ligados a Omulú na Umbanda; como o bori, as lavagens de contas e a iniciação na religião. Esta erva purifica os filhos-de-santo, deixando-os livres de fluidos negativos.
5 – Alamanda: Esta planta não costuma ser usada em obrigações, mas é largamente empregada em banhos de descarrego. Também é bastante usado o banho de folhas maceradas (não fervidas); ou as folhas cozidas em vapor quente e colocadas sobre as feridas; para tratar doenças da pele como sarna, eczema, furúnculos, psoríase, etc.
6 – Alfavaca-roxa: Empregada na composição do abô e em todas as obrigações de cabeça dos filhos deste orixá. Muito usada em banhos de limpeza ou descarrego, podendo ser misturada a outras ervas ou a leite; ou ainda a azeite de Oliva a depender do caso.
7 – Babosa:  Hoje mundialmente famosa como Aloe Vera por suas ricas propriedades; a babosa é uma das mais poderosas ervas de Omulú; para ser usada em defumações de limpeza de ambientes e pessoas que estejam carregados; principalmente se vítimas de demandas e feitiços que visem atingir a saúde. No entanto, seu uso em defumações exige um certo trabalho; para que se consiga a secagem de suas folhas tão espessas e cheias de sumo. A defumação deve ser sempre feita após um banho de descarrego. Para a medicina caseira, sua seu gela é de grande eficácia nos abcessos ou tumores; além de muitas outras aplicações. Podem ser usadas também, com grande eficácia para queimaduras leves ou irritações na pele; as folhas frescas, cortadas ao meio, no sentido do cumprimento para emplastro local.
8 – Araticum-de-areia: Também conhecido como articum ou malolô, esse fruto e suas folhas são usados nos rituais de umbanda para banhos descarrego; normalmente misturados com outras ervas. Os filhos de Omulú devem evitar ao máximo comer este fruto; pois é grande a chance de dar quizila na pessoa.
9 – Panaceia: Esta erva é uma das principais de Omulú. É indispensável na composição do abô, amaci e também nas obrigações de ori e banhos de descarrego e limpeza. Pode ser usada em defumações de pessoas e ambientes; e pode também ser usada em emplastros sobre partes do corpo adoecidas por reumatismo, artrite ou artrose.
10 – Assa-peixe: Esta erva é bastante usada em banhos de limpeza e no ritual do bori. Na medicina popular, ela é aplicada nas afecções do aparelho respiratório em forma de xarope.11 – Mamona Branca:  Usada principalmente em rituais de sacudimento e limpeza espiritual, sendo usada in natura, passando pelo corpo da pessoa; ou seca em defumações de pessoas ou ambientes.

fonte: Raízes espirituais

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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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Astria Ferrão

Li em outra matéria que a planta pinhão-roxo também era erva de Omulu. Não vi na lista das ervas listadas aqui. Pode me confirmar essa informação?
Muito bacana o texto, bastante esclarecedor.

Alexsandro Sgobin

O fundamentalismo evangélico não deve ser ouvido, mas sim denunciado e tratado com as devidas penas legais previstas na Carta. Há inúmeros bons evangélicos, mas os agitadores descerebrados que estão a surgir nesse meio nos últimos tempos no Brasil têm de ser postos ao rigor da lei. Salve Umbanda e o pluralismo religioso!

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