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Olimpíadas e Paralimpíadas: Momentos Marcantes

Olimpíadas e Paralimpíadas: Momentos Marcantes – 2016

Em um ano que termina triste para o esporte e para o jornalismo, com a morte dos atletas da Chapecoense e de jornalistas de vários veículos de comunicação brasileiros, em um acidente aéreo na Colômbia, nos Jogos Olímpicos, tanto nas Olimpíadas quanto nas  Paralimpíadas em casa, o Brasil fez a melhor campanha de sua história.

O povo e o esporte brasileiro têm muito para celebrar: Foram 19 pódios e, pela primeira vez na história, alcançamos  o 13º lugar no quadro de medalhas. O recorde de ouros para o país em Jogos Olímpicos foi quebrado com a conquista de sete medalhas de ouro, além de seis pratas e seis bronzes.

No entanto, a meta estabelecida pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) de ficar entre os 10 primeiros do ranking não foi atingida. Já nos Jogos Paralímpicos, que ocorreram entre os dias 7 e 18 de setembro, o Brasil ficou em oitavo lugar com 72 medalhas no total.

Foram 14 de ouro, 29 de prata e 29 de bronze. Mesmo sem atingir as metas previstas, tanto pelo Comitê Olímpico quanto pelo Paralímpico, os jogos ficaram marcados por histórias e disputas emocionantes que cativaram o mundo.

Relembremos e, uma vez mais, celebremos os  momentos que marcaram as Olimpíadas e Paralimpíadas no Brasil:

Público se encanta com abertura da Rio 2016

Cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos Rio 2016 no Estádio do Maracanã.
Cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos Rio 2016 no Estádio do Maracanã. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

A cerimônia de abertura das Olimpíadas, o maior evento esportivo do planeta, realizado pela primeira vez na América do Sul, rapidamente se tornou um dos assuntos mais comentados nas redes sociais. Brasileiros e estrangeiros elogiaram a beleza das apresentações de dança e das participações de cantores nacionais, como Paulinho da Viola, que tocou ao violão o Hino Nacional, bem como a presença da modelo brasileira Gisele Bündchen.

Projeções e luzes foram os principais recursos utilizados no espetáculo, dirigido por Daniela Thomas, Andrucha Waddington e Fernando Meirelles. O voo do 14 Bis sobre o Rio de Janeiro, a transformação da floresta em um país tomado por plantações e grandes cidades e os traços arquitetônicos de Oscar Niemeyer no caminho da “Garota de Ipanema” Gisele Bündchen foram muito aplaudidos. O momento da entrada das delegações também animou a plateia – dentro e fora do estádio.

Isaquias Queiroz : Primeiro brasileiro a ganhar três medalha na mesma edição dos Jogos Olímpicos

Isaquias Queiroz conquistou três medalhas na canoagem durante a Rio 2016
Isaquias Queiroz conquistou três medalhas na canoagem durante a Rio 2016. Foto: Roberto Castro/ Brasil2016

Ao conquistar três medalhas em uma mesma edição de Jogos Olímpicos, Isaquias Queiroz colocou o seu nome na história do esporte brasileiro e da canoagem. Ele tornou-se o primeiro atleta brasileiro a ganhar três medalhas em uma mesma edição dos Jogos Olímpicos. Isaquias Queiroz levou uma prata inédita na categoria C1 1000m, um bronze no C1 200m e mais uma prata no C2 1000m, ao lado de Erlon de Souza.

Phelps: Despedida  das piscinas com o quinto ouro nos Jogos do Rio

Rio de Janeiro - Equipe norte-americana, com Michael Phelps, ganha ouro no revezamento 4 por 200m, nos Jogos Rio 2016 (Fernando Frazão/Agência Brasil)
 Equipe norte-americana, com Michael Phelps, ganha ouro no revezamento 4 por 200m. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Na Rio 2016, o público pode ver de perto a performance de superatletas, como o nadador americano Michael Phelps. O astro das piscinas fechou com chave de ouro a participação em sua última Olimpíada: levou cinco ouros e uma prata nesta edição, totalizando 28 medalhas na carreira. Dos seus 31 anos de idade, 24 foram dedicados ao esporte.

Bolt:  Depois da conquista nona medalha olímpica de ouro na Rio 2016, o maior de todos se aposenta

Rio de Janeiro - Usain Bolt ganha terceiro ouro nos Jogos Rio 2016 ao vencer o revezamento 4 x 100m com Asafa Powell, Yohan Blake e Nickel Ashmeade no Estádio Olímpico (Fernando Frazão/Agência Brasil)
Usain Bolt ganha terceiro ouro nos Jogos Rio 2016 ao vencer o revezamento 4 x 100m no Estádio Olímpico. Foto:  Fernando Frazão/Agência Brasil

O atleta jamaicano Usain Bolt é o único tricampeão dos 100m, 200m e do revezamento 4 por 100m na história dos jogos olímpicos. Com a conquista das três medalhas de ouro nos Jogos do Rio 2016, o jamaicano igualou-se ao norte-americano Carl Lewis e ao finlandês Paavo Nurmi como recordista em número de vitórias no atletismo olímpico. Mesmo com o feito histórico, ele não conseguiu bater a própria marca nos 200 metros rasos: o recorde mundial de 19s e 19 centésimos, que foi conquistado no mundial de Berlim, em 2009. Bolt disse que esta foi sua última olimpíada e que está se aposentando das pistas.

Rafaela Silva:  Primeiro ouro brasileiro abre espaço também para a visibilidade da causa LGBT na Rio 2016 

Rafaela Silva, judoca medalhista nos Jogos Rio 2016
Rafaela Silva, judoca medalhista nos Jogos Rio 2016. Foto: Francisco Medeiros/ ME

Entre os episódios que marcaram a Rio 2016 e sua proximidade com as causas da comunidade LGBT estão desde pedidos de casamento, até homenagens e demonstrações de afeto entre os atletas de diferentes modalidades.

Ainda no revezamento da tocha, a transexual Laerte, cartunista e chargista, participou do evento. De bicicleta, a modelo transexual Lea T. esteve à frente da delegação brasileira durante a cerimônia de abertura no estádio do Maracanã.

Outro momento especial aconteceu quando Marjorie Enya, voluntária na Rio 2016, pediu em casamento a namorada, Izzy Cerullo, atleta da equipe brasileira de rugby. Primeira medalhista de ouro do Brasil na competição, a judoca Rafaela Silva, falou abertamente sobre a importância da namorada, Thamara Cezar, em sua trajetória.

Brasil vence Itália e conquista terceiro ouro olímpico no vôlei masculino

Rio de Janeiro - O Brasil venceu hoje, por 3 sets a 0, a Itália e conquistou a terceira medalha de ouro olímpica no vôlei de quadra masculino (Fernando Frazão/Agência Brasil)
O Brasil venceu a Itália e conquistou a terceira medalha de ouro olímpica no vôlei de quadra masculino. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O vôlei masculino conquistou em casa o tricampeonato olímpico, quando venceu a Itália na final por 3 x 0 no Maracanãzinho lotado de torcedores. Com o título, Serginho, aos 40 anos, conseguiu sua quarta medalha olímpica. O time de Bernardinho quase foi eliminado na primeira fase e sofreu com lesões ao longo da Olimpíada, mas se superou e fez história.

Brasil vence Alemanha e conquista primeiro ouro olímpico do futebol

A seleção brasileira conquista ouro olímpico com vitória sobre a Alemanha no Maracanã. Neymar abriu o placar com um gol de falta no primeiro tempo da partida
A seleção brasileira conquista ouro olímpico com vitória sobre a Alemanha no Maracanã. Foto: Divulgação/Confederação Brasileira de Futebol

Para amenizar a decepção dos brasileiros com a terrível memória dos 7 a 1 sofridos na partida contra a Alemanha na Copa do Mundo 2014, a seleção ganhou um ouro inédito nos Jogos Olímpicos. A seleção, liderada por Neymar, bateu a Alemanha nos pênaltis na final.

O título veio na quinta bola chutada por Neymar, após o goleiro Weverton ter defendido o pênalti cobrado pelo jogador alemão. A perseguição ao ouro olímpico, último grande título internacional que faltava ao Brasil no futebol, ganhou contornos de obsessão nas últimas décadas, sentimento que foi enterrado nestes Jogos Olímpicos, com o elenco jogando em casa.

Robson Conceição vence francês e ganha o primeiro ouro para o boxe do Brasil

Rio de Janeiro - Por decisão unânime dos juízes, o lutador brasileiro Robson Conceição derrotou o francês Sofiane Oumiha e garantiu o ouro na categoria peso ligeiro, até 60 quilos (Fernando Frazão/Agência Brasil)
O lutador brasileiro Robson Conceição derrotou o francês Sofiane Oumiha e garantiu o ouro na categoria peso ligeiro. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O brasileiro Robson Conceição fez história aos 27 anos e conquistou a primeira medalha de ouro do boxe brasileiro em olimpíadas e o terceiro ouro do Brasil na Rio 2016. Por decisão unânime dos juízes, o lutador baiano derrotou o francês Sofiane Oumiha na categoria peso ligeiro, até 60 quilos.

Na sua terceira Olimpíada – ele foi 17° em Pequim e em Londres – Conceição superou a pobreza e as dificuldades vividas na infância para subir ao lugar mais alto do pódio na Rio 2016.

Torcedores lotam Parque Olímpico e apoiam Paralimpíadas

Rio de Janeiro - Público visita o Parque Olímpico durante os Jogos Paralímpicos Rio 2016, na Barra da Tijuca (Fernando Frazão/Agência Brasil)
Público visita o Parque Olímpico durante os Jogos Paralímpicos Rio 2016, na Barra da Tijuca. Foto:  Fernando Frazão/Agência Brasil

Segundo balanço da prefeitura do Rio de Janeiro, entre 5 e 21 de agosto, durante os Jogos Olímpicos, a capital carioca recebeu 1,170 milhão de turistas, sendo 410 mil estrangeiros. Se em um primeiro momento os ingressos das Paralimpíadas encalharam, durante o evento o público deu um show de apoio aos ateltas. No primeiro fim de semana dos jogos, cariocas aproveitaram o fim de semana para desfrutar do clima da Paralimpíada e torcer para o Brasil em várias modalidades. Compareceram 167 mil pessoas, segundo o comitê organizador dos Jogos.. Somando todas as praças esportivas, o público ultrapassou 250 mil pessoas. Nem na Olimpíada houve tanta movimentação em um só dia.

Torcida brasileira anima e causa polêmica

Brasília -Torcedores assistem ao jogo entre as seleções do Brasil e do Iraque pela primeira fase do futebol olímpico, no Estádio Mané Garrincha (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Torcedores assistem ao jogo entre as seleções do Brasil e do Iraque no Estádio Mané Garri. Foto:  Marcelo Camargo/Agência Brasil

A postura da torcida brasileira incomodou atletas estrangeiros durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Barulho excessivo durante algumas competições e, principalmente, vaias, foram queixas de atletas de modalidades como natação, tênis de mesa e basquete.

Por outro lado, a torcida também “adotou” alguns atletas estrangeiros e comoveu equipes. No jogo entre o tenista sérvio Novak Djokovic e o argentino Juan Martin Del Potro, os brasileiros támbém fizeram barulho, adotaram o sérvio como preferido e comoveram Djokovic, número 1 do ranking mundial, com o carinho.

Já no Mineirão, em Belo Horizonte, o público pegou no pé da goleira norte-americana Hope Solo, gritando “zika” toda vez que ela ia chutar a bola, em resposta à foto que Hope Solo postou nas redes sociais antes de vir ao Brasil, vestindo uma máscara de grandes proporções para se proteger do mosquito Aedes aegypti, transmissor da zika, dengue e febre chikungunya.

Seleção feminina de futebol conquista brasileiros

Rio de Janeiro - Brasil e China, futebol feminino, no Engenhão, jogo da Rio 2016 (Roberto Castro/Brasil2016)
Brasil e China, futebol feminino, no Engenhão. Foto: Roberto Castro/ Brasil2016

Com os tropeços da seleção masculina na primeira fase dos jogos, o público voltou os olhos para as meninas, que jogaram um bolão em todas as primeiras partidas, com direito a goleadas como a registada contra a Suíça (5 a 1). Após a derrota para o Canadá na disputa pelo bronze olímpico, a seleção feminina de futebol deixou o campo da Arena Corinthians, na zona leste paulistana, chorando.

A reação do público, no entanto, superou as expectativas do técnico do time, Vadão. “Fiquei assustado e impressionado, porque, embora a gente não tivesse conquistado a medalha de ouro, tínhamos conquistado o coração do povo brasileiro, sejam homens ou mulheres. Foi um ponto importantíssimo dessa Olimpíada”, considerou o treinador na ocasião.

Márcia Malsar carrega a tocha na abertura da Paralimpíada e emociona o público

Márcia Malsar carrega tocha na abertura da Paralimpíada
Márcia Malsar carrega tocha na abertura da ParalimpíadaArquivo Agência Brasil/ Reuters/Ueslei Marcelino/Direitos Reservados

O mundo todo se emocionou com a imagem da ex-atleta paralímpica Márcia Malsar carregando a tocha na abertura da Paralimpíada do Rio de Janeiro. Muitos ainda não conheciam a história de Márcia, que foi a primeira atleta brasileira a conquistar uma medalha de ouro em uma paralimpíada – em 1984, nos 200m rasos.

Com paralisia cerebral, Márcia Malsar recebeu a tocha do atleta Antônio Delfino de Souza, medalhista do atletismo em Atenas (2004). Ela percorreu alguns metros com a tocha na mão, amparada por uma bengala. Como chovia muito naquela noite, Márcia se desequilibrou e caiu no chão, mas rapidamente levantou-se, sob aplausos do público.

Brasileiros bateram 11 recordes na Paralimpíada 2016

Petrucio Ferreira nos 100m T47 levou o ouro e ainda marcou dois recordes mundiais
Petrucio Ferreira nos 100m T47 levou o ouro e ainda marcou dois recordes mundiais. Foto: ©Fernando Maia/MPIX/CPB

O atletismo brasileiro conquistou quebras de recordes mundiais e paralímpicos durante os Jogos da Rio 2016. Das 11 marcas estabelecidas por brasileiros, todas são de modalidades do esporte. No revezamento 4x100m T11-T13, Diogo Ualisson, Gustavo Araújo, Daniel Mendes e Felipe Gomes lideraram a prova de ponta a ponta e bateram o recorde paralímpico do revezamento com o tempo de 42 segundos e 37 centésimos, levando o ouro. Claudiney Batista conquistou o ouro no lançamento de disco classe F56, no Estádio Olímpico (Engenhão), no Rio de Janeiro. Com a distância de 45,33m, o brasileiro bateu também o recorde paralímpico.

No arremesso de disco F11, Alessandro Silva foi medalha de ouro com o recorde paralímpico de 43,06m. Rodrigo Parreira estabeleceu o recorde paralímpico no salto em distância. Outro que voou na pista foi Daniel Martins nos 400m T20: ele garantiu o ouro e marcou o recorde mundial com o tempo de 47segundo e 22 centésimos.

Na classe T53 dos 100 metros, o recorde paralímpico foi estabelecido por Ariosvaldo Silva, o Parré, que marcou 14 segundos e 69 centésimos. Apesar do tempo estabelecido, o atleta ficou em quarto na final e foi desclassificado nos 400m T53 por ter invadido a raia ao seu lado na pista. Petrucio Ferreira nos 100m T47, levou o ouro e ainda marcou dois recordes mundiais de 10 segundos e 57 centésimos e 10 segundo e 67 centésimos. Verônica Hipólito levou a prata nos 100m T38 e marcou o recorde paralímpico com 12 segundos e 84 centésimos.

Iraniano bate recorde mundial três vezes e levanta 310kg

Siamand Rahman bateu recorde mundial três vezes
Siamand Rahman bateu recorde mundial três vezesGabriel Heusi/Brasil2016

O halterofilista iraniano Siamand Rahman prometia romper a mítica barreira dos 300kg muito antes de começarem os Jogos. Chegou o dia e Siamand não decepcionou e ainda foi além. Em 14 de setembro, ele bateu seu próprio recorde mundial (296kg) três vezes e estabeleceu uma nova marca- 310kg – que os amantes do esporte acreditam que vai durar muitos anos.

Brasil salta do 26º para 23º em quadro de medalhas histórico das Paralimpíadas

Rio de Janeiro - Brasileiro Daniel Dias leva medalha de ouro nos 50m nado livre S5 nos Jogos Paralímpicos Rio 2016, no Estádio Aquático. (Fernando Frazão/Agência Brasil)
Brasileiro Daniel Dias leva medalha de ouro nos 50m nado livre S5 nos Jogos Paralímpicos Rio 2016. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Se o oitavo lugar alcançado pelo Brasil no quadro geral de medalhas dos Jogos Paralímpicos deste ano não satisfez a meta proposta pelo Comitê Paralímpico Brasileiro, pelo menos fez com que o país melhorasse de posição no quadro histórico de medalhas nas Paralimpíadas. As 14 medalhas de ouro conquistadas no Rio fez o Brasil saltar do 26º para o 23º lugar. Ao todo, o país soma 87 medalhas de ouro em toda a história das Paralimpíadas. A marca fez o país ultrapassar Suíça, Bélgica e Finlândia. A liderança geral continua com os Estados Unidos. Apesar de ter ficado em 4º lugar no Rio de Janeiro, os norte-americanos têm, agora, 771 medalhas de ouro.

Fonte originária dos conteúdos desta matéria: Agência Brasil.

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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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